ENEM 2017

Estudantes ainda não sabem que profissão seguir

O Exame Nacional do Ensino Médio começou e muitos candidatos ainda não fazem ideia sobre o curso que vão escolher

Reprodução

O fim do 3° ano do ensino médio é um marco que tem representatividade não apenas de encerramento do ciclo escolar, perdurado por vários anos, mas do inicio do ciclo universitário, onde experiências totalmente novas serão vividas e os conhecimentos adquiridos serão essenciais para o resto da vida.

Mas quando você está na porta de entrada deste tão esperado futuro e ainda nem sabe o que vai fazer? Pois é, essa é a realidade de muitos estudantes que estão no fim do ensino médio e precisam tomar decisões que podem ser cruciais para o futuro.
Ter uma carreira de sucesso é o desejo de todas as pessoas que buscam capacitação, mas conseguir acertar de primeira não é para todos.

Uma pesquisa realizada pelo Guia da Carreira revela que, apesar das mudanças, homens ainda têm predileção por Ciências Exatas, enquanto mulheres focam em áreas como Educação e Saúde. Porém outra pesquisa divulgada no Guia do Estudante aponta uma evasão no ensino superior de cerca de 900 mil estudantes, que trancam cursos, ou mudam de área ao longo da formação. Isso ocorre por diversos fatores, como dificuldades de identificação com a carreira, escolha influenciada por pais ou parentes e ainda o abandono relacionado a vínculos empregatícios.

Dados do Portal Educacional apontam que em apenas 10% das escolas existe um trabalho específico de orientação vocacional. O mais comum é os colégios oferecerem ações consideradas pouco efetivas pelos especialistas. Com esse cenário dá para ter uma noção do quanto é difícil.

Responsabilidades demais

As responsabilidades dos jovens parecem ter evoluído conforme as exigências da sociedade. O ensino básico já não é suficiente para a formação, e é unificado a cursos de línguas, profissionalizantes entre outros.

O estudante Luan Talison Ribeiro, 18 anos acredita que o excesso de responsabilidades, aliado a toda a pressão que o Enem impõe são fatores que influenciam nas incertezas quanto ao curso superior. “Eu acho que são vários fatores. Você tem que cumprir os compromissos da escola, ao mesmo tempo muitos alunos sofrem bullying, tem pressão psicológica dos pais, tudo isso influencia e mexe com a cabeça das pessoas”.

Luan observa também na falta de estrutura em algumas escolas uma brecha para a desinformação. “Muitas escolas não tem estrutura para o aluno do 3° ano que vai fazer o Enem. Às vezes falta um orientador, uma assistência psicológica e acho que isso é necessário para o aluno que vai fazer vestibular. Falta às vezes explicar, porque tem muito jovem que diz que vai fazer um curso, mas não sabe nem o que é, não conhece”.

Quanto ao que deseja fazer, o estudante parece seguro. “Eu acho que sei, eu até pouco tempo queria fazer nutrição, mas agora quero fazer jornalismo. Eu mudei de ideia por conhecer realmente a profissão, pois tinha duvidas por não saber o que o profissional fazia. Eu já havia conhecido nutricionistas, mas não recebi explicações sobre o que o profissional faz ou como é a profissão. E esta oportunidade tive no jornalismo, de conhecer um profissional e ele explicar tudo o que abrange a profissão, e aquilo criou em mim uma expectativa”.

Deixa a vida me levar

A estudante Carla Neiva tem apenas 16 anos e já está concluindo o ensino médio. A pouca idade não a intimida quanto ao desejo de fazer faculdade, ter uma profissão e seguir o curso normal das coisas. Mas por enquanto, ela diz que não quer se sentir pressionada e prefere aproveitar outras experiências. “Eu ate vou fazer o Enem, se eu tiver pontuação para passar em um curso como medicina ou direito até posso começar a fazer. Se não eu vou viajar, fazer outras coisas antes de entrar na faculdade. Acho que ainda está cedo para me preocupara tanto com o que vou ser para o resto da vida.

Na opinião da estudante os jovens estão queimando etapas pela pressa em se formar logo e conseguir um emprego. “Eu conheço gente que nem terminou direito a escola e já quer arranjar um emprego, ou fazer faculdade e estagiar ao mesmo tempo para ganhar dinheiro. Eu acho que tudo na vida tem seu tempo, e mesmo para quem sabe o que já quer fazer, deveria aproveitar outras experiências”, conta Carla.

Pense bem

A falta de pesquisa sobre a área de atuação escolhida, ou análise do mercado de trabalho, é um erro cometido por muitos estudantes que estão às vésperas do Enem. Para especialistas não se imaginar na futura profissão é ter um cardápio na mão sem saber o que quer comer.

“É importante fazer uma escolha consciente antes de decidir que faculdade cursar. Conversar com profissionais da área, por exemplo, é sempre uma boa alternativa para conhecer melhor o mercado de trabalho. Eles são as pessoas mais indicadas para desenvolver um mentoring com foco na orientação de sua carreira”, afirma Fabiane Cardoso, coordenadora Nacional de Qualidade da Adecco Brasil.

Para o psicólogo e orientador educacional Ivo Carraro a escolha de carreira é muito pessoal e é discernida de maneira diferente em cada pessoa por isso a autonomia do estudante deve ser trabalhada desde a base. “O aluno tem que ter disciplina para assimilar o que a escola apresenta e construir autonomia para que ele consiga tomar a decisão da profissão. Ele tem que encontrar sentido em sair de casa e dirigir-se à sua escola”, salienta.

O grande número de profissões, algumas derivadas da mesma área, com conteúdos afins, influencia nas incertezas dos estudantes, por isso o especialista destaca a necessidade da individualidade em cada escolha. “Há aqueles que já sabem o que querem e tem uma dúvida ou outra, aqueles que têm bastante dúvidas, ou, ainda, aqueles que não tem a menor ideia do que pretendem fazer no futuro. O grande desafio é escutar as pessoas e tomar a decisão por conta própria. É preciso saber onde quer chegar, ter um projeto de vida, pois quem não tem destino acaba se perdendo”, diz.

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