ENTREVISTA

Sérgio Frota fala dos desafios do Sampaio Corrêa

Apesar do orçamento que poderá atingir, no primeiro semestre de 2018, cerca de R$ 9 milhões, Sérgio Frota pretende faturar ainda mais para que seja capaz de administrar o clube “com os pés no chão” na próxima temporada

Foto: Reprodução

Campeão maranhense de 2017, Sampaio Corrêa de volta à Série B do Brasileiro e terceiro colocado na Série C são motivos que deixam o presidente Sérgio Frota tranquilo neste fim de temporada. Com um orçamento que poderá atingir, no primeiro semestre, cerca de R$ 9 milhões, Frota, ainda assim, não se dá por satisfeito e quer faturar mais para que possa administrar o clube “com os pés no chão” no ano que vem. O primeiro passo já foi dado: encaminhar todas as certidões negativas exigidas pela Caixa Econômica Federal, e ficar bem próximo de conseguir este que é um dos grandes patrocinadores dos clubes da primeira e segunda divisões do Campeonato Brasileiro. Em entrevista exclusiva a O Imparcial, Frota fala deste e de outros assuntos.

O IMPARCIAL – Presidente, o ano de 2017 foi bom para o Sampaio, mas o senhor não acha que ficou faltando ainda alguma coisa para coroar com chave de ouro sua administração?
SÉRGIO – Sim, faltou a conquista do título da Série C do Brasileiro, que estava no nosso projeto, mas infelizmente deixamos escapar, apesar de jogarmos um futebol de boa qualidade. Mas estou satisfeito, porque conseguimos dar a volta por cima, pois começamos a temporada ruim ao ponto de ficarmos em 6º lugar no primeiro turno, e lutamos, conseguimos ser campeão estadual dentro e fora de campo, inclusive no STJD, e nos classificamos para a Série B do Brasileiro com três rodadas de antecipação.

Houve quem afirmasse que o Sampaio teria ficado no lucro ao não continuar até a final da competição, em função das despesas que aumentariam com o elenco. O que há de verdadeiro nisso?
Isso não faz sentido algum. Claro que teríamos mais dois jogos e, numa final em São Luís, pelo menos arrecadaríamos o suficiente para quitar parte das gratificações que prometemos aos jogadores pela classificação. Sem jogarmos a final, ficou ainda uma parte a ser arrecadada para cumprimento do que foi acertado.

O Sampaio, então, encerrou a temporada com prejuízo financeiro?
Sim, projetamos um orçamento da ordem de R$ 1,4 milhão, mas faltou dinheiro, as arrecadações foram fracas e aí tivemos que fazer um empréstimo de R$ 700 mil. Tudo porque não conseguimos patrocinadores. As empresas, alegando a crise, não nos apoiaram, e o poder público nos repassou um valor bem inferior ao do ano passado.

Como anda a situação das dívidas do clube?
Quando assumi o Sampaio Corrêa, havia 122 processos na Justiça do Trabalho. Hoje ainda têm 46. Eram cerca de R$ 5 milhões, hoje esses valores são insignificantes em relação ao que encontrei. Mas tudo está sob controle e nós não vamos deixar de cumprir com os compromissos do clube, se já assumimos a responsabilidade.

Para 2018, pelo que se sabe, a situação vai melhorar, pois logo no primeiro semestre vêm recursos por participação na Copa do Nordeste, Copa do Brasil e logo depois a Segundona. O Sampaio sonha em montar um time para subir para a Série A?
Olha, seria uma boa para o nosso estado ter um time na divisão de elite do futebol brasileiro, mas veja bem, a verdade é que nossos clubes não têm estrutura para funcionar em condições de igualdade nem com a maioria dos que disputam a Série B. O futebol só funciona com dinheiro e nós infelizmente não temos essa oportunidade de conseguir parceiros à altura daquilo que necessitamos para administrar nossos clubes. O Ceará tem 25 mil sócios-torcedores. Sabe quantos o Sampaio tem? Apenas 1.200. Remo e Paysandu também estão muito na nossa frente.

Mas o senhor não acha que é bem melhor cair de uma série A para a B do que voltar para a Série C?
É óbvio, mas essa subida tem que acontecer no momento certo. Para o Sampaio disputar uma Série A, é preciso que haja um grande apoio da iniciativa privada para montagem de uma equipe à altura de suas tradições e não acabe piorando a situação.

Como andam as negociações com a Caixa Econômica Federal?
Bem adiantadas, acredito que 90% com chances de sucesso. É bom que se diga que contamos com a ajuda de políticos como o senador João Alberto, que nos apresentou à diretoria da Caixa, onde pleiteamos o patrocínio, ouvimos as exigências, mas de imediato nos preparamos e estamos prontos para atender os requisitos de regularidade fiscal e darmos entrada da documentação.

De quanto será o valor desse patrocínio da Caixa?
Não chega a ser muita coisa, mas ajuda. Acredito que seja algo em torno de R$ 1,5 milhão até o fim da temporada. Não acredito que seja inferior a R$ 1 milhão. Estamos reivindicando valores iguais aos que eram pagos, por exemplo, ao ABC, que deve cair para a Série C.

Já sabemos que o Sampaio vai manter a base do time deste ano para começar a temporada 2018, mas ainda faltam algumas peças. Quais as posições a serem preenchidas?
Nós já temos a situação definida com 14 jogadores. O mais recente foi o meia Marlon, mas precisamos contratar ainda quatro laterais, sendo dois para a direita e a mesma quantidade para a esquerda; um volante; um atacante de área e outro que jogue pelos lados. O técnico Francisco Diá e o Moroni estão chegando a São Paulo onde ficarão dez dias para observar jogadores que estão disputando a Copa Paulista.

Mas, esse grupo não será mais reforçado para as disputas da Série B?
Claro que sim. Tão logo terminem os estaduais vamos nos preparar para contratar algumas peças que forem necessárias, mas dentro das nossas possibilidades financeiras. O grupo atual não é caro e foi bem diferente do de 2016. Enquanto este mostrou comprometimento e subiu, o outro foi o inverso, por isso a equipe caiu, mas, felizmente, demos a volta por cima e estamos prontos para novos desafios.

Um dos mais sérios problemas do futebol maranhense é o enorme número de jogadores importados todos os anos, com pouca qualidade. Temos vários exemplos. O próprio Sampaio sofreu em 2016. É difícil investir no jogador maranhense, a partir das divisões de base?
Custa caro, mas estamos atentos. Agora mesmo, o Sampaio acaba de se sagrar campeão Sub-17. Vamos continuar esse trabalho, inclusive, temos olheiros no Maranhão todo e até fora do estado. Aqui temos revelado bons jogadores. Você viu o Fernandinho jogando pelos aspirantes do Internacional? O que falta aqui é calendário para a gente manter esses garotos em atividade. Mas breve vamos ter que conversar com a federação para ver essa situação.

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