Mudança

Projeto esportivo muda a realidade de crianças e jovens de São Luís

Criada há um ano, a Escolinha de Karatê Pacto pela Paz da Acadepol foi pensada em utilizar a filosofia do karatê para formar verdadeiros cidadãos

Foto: Karlos Geromy

“Oss!”. É com esta tradicional saudação que começa a convivência entre professor e alunos. Foi a partir desta oportunidade que crianças e jovens de São Luís decidiram usufruir dos princípios do karatê. E é por meio deste esporte que as vidas de cerca de 60 meninos e meninas foram transformadas. O projeto social – desenvolvido pela Academia de Polícia Civil (Acadepol) na comunidade do barro São Raimundo e adjacências – é uma espécie de um novo caminho para a juventude da região. Por meio da arte marcial, crianças e jovens conseguem evoluir como ser humano.

Criada há um ano, a Escolinha de Karatê Pacto pela Paz da Acadepol foi pensada em utilizar a filosofia do karatê para formar verdadeiros cidadãos. Os treinos, que ocorrem duas vezes por semana, são concorridos. Ausências dos alunos praticamente não existem. E o motivo para tamanha assiduidade é o prazer em estar ao lado de pessoas que querem proporcionar o bem.

“Estou aprendendo as coisas. Antes eu não fazia nada em casa e brincava muito. Agora, eu estou feliz porque eu posso me agitar mais. Antes eu ficava só em casa brincando. O mais legal é praticar e quero fazer o karatê até ficar velho”, disse o pequeno Victor Gabriel, de 8 anos.

A mãe do menino, a professora Maria Ieda, faz questão de ir aos treinos sempre que possível. Ela reconhece os benefícios trazidos pelo karatê à vida do filho. A melhora no comportamento do menino dentro de casa é apenas uma das coisas boas da arte marcial pode proporcionar. Para uma mãe, é gratificante ver a evolução de um filho.

“É muito gratificante porque hoje, do jeito que o mundo está, uma mãe ver um filho inserido neste meio que ele está, aqui do karatê, é muito bom. Estou muito feliz em ver meu filho participando do projeto. Só tenho agradecer os professores que têm ajudado ele no desenvolvimento, na educação em casa. O esporte está agregando, incluindo mudanças em casa. Acho que vai ser uma das maiores riquezas que ele vai ter. Mesmo que ele siga outros caminhos fora do esporte, o que ele aprender aqui já vai estar entranhado para vida dele”, destacou Maria Ieda.

Família

Um dos aspectos importantes deste projeto é a participação familiar. Os próprio pais fazem questão de ir ao treinos com os filhos para ver, de perto, como acontece a transformação das crianças por meio do karatê.

“Um projeto desse faz muito bem para a criança. O Davi, por exemplo, era um menino muito tímido. Aí ,depois que ele começou, ele gostou demais, cresceu muito. Está muito bom na escola.Eu fico muito feliz porque até eu gosto de vim com o meu filho. Quando é dia de treino, a gente acorda cedo para vim. Estou muito orgulhosa, muito feliz mesmo”, disse Dona Maria Raimunda, mãe de um dos alunos.

Para a dona de casa Iracema Cunha é visível a melhora da filha Juliana, de 8 anos, nos estudos”O karatê melhorou a concentração nos estudos. A disciplina dela melhorou bastante. É só orgulho. É muito orgulho que eu tenho. Já foi medalhista e até a timidez ela venceu”.

“A presença da família é fundamental na formação da criança. A gente sabe que as escolas formam com educação formal, mas a educação vem da família. A família tem que estar participando de todos os momentos da formação e educação dos seus filhos. É uma atividade esportiva que ensina princípios de formação do caráter do ser humano, o sentimento de cidadão, de disciplina. Isso forma para a vida. Não há nada no mundo que pague”, destacou o delegado Aurélio Queiroz Filho, diretor-geral da Acadepol.

Orgulho

Um dos responsáveis pela transformação da garotada do projeto social é o sensei Marcos Mota. Formado em Educação Física e multicampeão de karatê, ele é o responsável por ministrar as aulas. Ao sair de sua casa no Centro da cidade para encontrar os alunos no dojo no São Raimundo, o sorriso estampa o rosto do sensei. O orgulho do mestre em fazer parte da vida de jovens caratecas é simples de explicar em uma única palavra: felicidade.

Quando começou a praticar a arte marcial, aos 15 anos, Marcos não imaginava que poderia se conquistar títulos estaduais, nacionais e até internacional. Apesar das medalhas obtidas nas competições, a maior felicidade do sensei é poder ver seus alunos evoluindo.

“Sempre que venho e dou aula para essas crianças é uma felicidade muito grande, independentemente de qualquer coisa. É uma felicidade ver as crianças tendo oportunidade. Aqui na comunidade não existem tantas atividades para elas. Aqui, elas começam a conhecer outro caminho”, explicou Marcos.

Idealizador do projeto, o delegado Cristiano Fontenele destaca a satisfação em ver o sucesso da iniciativa da Acadepol. “É extremamente gratificante. As famílias apoiam, estão aqui. Os garotos não faltam aos treinamentos. Eles estão evoluindo, mudando de faixa. Isso, pra gente que trabalha no combate da criminalidade, é muito gratificante porque você vê que está tirando essa criança de outro caminho que não é nada bom”, afirmou.

Karatê e educação

Um dos requisitos principais para a participação no projeto é o aluno estar matriculado na escola e obter boas notas. O esporte e a educação devem sempre caminhar juntos. “É uma satisfação grande em vê-los participando deste projeto porque acaba tirando elas das ruas. O esporte é qualidade de vida, trabalha com a disciplina e é concomitante com a escola porque a criança que vai bem na escola pode participar do projeto”, comentou Kelly Rêgo, técnica de referência do Centro de Referência e Assistência Social do bairro do São Raimundo (Cras), que é parceira da escolinha.

Princípios básicos do Karatê Shotokan

Esforçar-se para formação do caráter;
Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão;
Criar o intuito de esforço;
Respeitar acima de tudo;
Conter o espírito de agressão.

Significado do “OSS”

“OSS” (cuja transcrição exata do japonês é OSU) é uma expressão fonética formada por dois caracteres. O primeiro caractere “osu” significa literalmente “pressionar”, e determina a pronúncia de todo o termo. O segundo caractere “shinobu” significa literalmente “suportar”.

A expressão “OSS” foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia adia como “sim”,“por favor”, “obrigado”, “entendi”, “desculpe-me”, para cumprimentar alguém, etc., bem como no mundo do karatê para quase qualquer situação onde uma resposta seja requerida. Para um carateca, “OSS” é a palavra mais importante e implica em pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade e suportar. “OSS” significa, de uma maneira mais simples, “perseverança sob pressão”. É uma palavra que, por si só, resume a filosofia do karatê. Um bom praticante de karatê é aquele que cultiva o “espírito de OSS”.

Pronunciado durante o cumprimento, “OSS” expressa respeito, simpatia e confiança no colega. “OSS” também diz ao sensei que as instruções foram compreendidas e que o estudante irá fazer o melhor para segui-las.

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