"O Brasil adoeceu"

Protagonista de ‘Sob Pressão’ critica serviços públicos do Brasil

Além da dificuldade de dar vida ao cirurgião em uma série para a TV aberta, Julio conta que acompanhou a rotina de médicos de um hospital público para compor o personagem que não admite perder um paciente em seu plantão

O ator conta que os meses que passou gravando em um centro cirúrgico, para ele, tiveram o efeito de verdadeiras aulas de primeiros socorros.

O ator conta que os meses que passou gravando em um centro cirúrgico, para ele, tiveram o efeito de verdadeiras aulas de primeiros socorros.

Acostumado com o cinema, Julio Andrade diz que pisa em ovos quando o assunto é trabalhar para a TV. A falta de afinidade com a telinha, porém, não atrapalha. Os números, inclusive, mostram que esse é o lugar dele. A estreia de “Sob Pressão”, em que o ator interpreta o protagonista Evandro, por exemplo, garantiu à Globo a maior audiência de uma série às terças em quatro anos.

“Esse desafio de encarar um lugar que para mim é difícil, me seduziu”, conta o artista, que já havia interpretado o personagem no cinema, mas agora o encarou de um jeito novo. “Essa série é metade novela, metade cinema. Tem a urgência da novela e o cuidado do cinema. Esse lugar me interessou bastante”, diz.

Além da dificuldade de dar vida ao cirurgião em uma série para a TV aberta, Julio conta que, assim como Marjorie Estiano, acompanhou a rotina de médicos de um hospital público para compor o personagem que não admite perder um paciente em seu plantão.

O resultado do laboratório, ele nem precisa dizer, pois o olhar de revolta já demonstra. “Depois dessa experiência, estou muito indignado. O Brasil está doente e essa questão dos hospitais é só uma parcela de tudo o que está acontecendo”, dispara o artista, que emenda: “As pessoas estão doentes porque elas não têm trabalho, não têm saúde, não têm nada. A gente precisa cuidar dessa ferida aberta que é o Brasil.”

Embora não seja um médico, de feridas Julio entende. Os meses que passou gravando em um centro cirúrgico, para ele, tiveram o efeito de verdadeiras aulas de primeiros socorros. “Eu nunca gostei de sangue, tinha até pavor de olhar, mas vestido de um personagem eu consegui lidar com as situações que eu não conseguiria na vida normal”, conta, sem medo de precisar mostrar o que aprendeu.“Se alguém cair aqui, eu corro para socorrer (risos)”, brinca ele, levando a sério a rotina de seu personagem, que não se permite parar para comer enquanto olha para os corredores do hospital e encontra pacientes em estado grave, implorando por um simples atendimento. “Tivemos pouco tempo para gravar e a pressão não ficou só no nome da série (risos). Eu não tinha tempo nem pra tomar café. Eu emagreci e ia pouco ao banheiro. Não tem jeito, você acaba levando a história do personagem para a sua vida, né?”, revela.

Em relação aos médicos, Julio conta que mudou a sua visão. Agora, o artista que já provou que dá para trabalhar no cinema e na TV, os considera heróis sem capa. “Eu já os admirava por seguirem uma profissão que trabalha entre a vida morte, mas quando você vivencia, ainda que seja na ficção, pelo menos um pouquinho da rotina desses caras, você fica sem palavras. E é assim que me sinto agora.”

Audiência

O primeiro episódio de “Sob Pressão” garantiu à emissora líder em audiência 28 pontos com 45% de participação do público, em São Paulo. na capital carioca, a série atingiu 31 pontos com 51% de participação.

Personagem conquistou

No twitter, Marjorie Estiano, que faz a médica Carolina, ficou oito vezes entre os assuntos mais comentados do mundo e 51 vezes entre os mais comentados do Brasil.

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