EDITORIAL

Casa Ninar: a ostentação muda de dono e o bom senso recomenda aplausos

A doença não define classe social, muito menos local para ser tratada, independentemente de ser à beira-mar, local “nobre” de ostentação do poder e deslumbramentos

Pai segura o filho com microcefalia

O Brasil foi o país com maior número de casos da doença, entre 2015 e 2016.(Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters)

Como não poderia ser de outro jeito, o grupo Sarney, que faz oposição raivosa ao governo Flávio Dino, esperneou até cansar sobre a transformação da Casa de Veraneio, das festanças e farras homéricas, pagas pelo contribuinte, na Casa de Apoio Ninar – centro de tratamento de crianças com doenças neurológicas, tipo as que nasceram com microcefalia.

Mesmo reconhecendo a grandeza da iniciativa, ainda assim os opositores do governo na Assembleia Legislativa e fora do parlamento levantaram questionamento que só a eles convencem. Por exemplo, a localização da casa à beira da Praia de São Marcos, o metro quadrado mais caro de São Luís. Ou ainda, a falta de acesso de transporte público para quem precisar chegar ali. Um exagero de extravagância inócua.

É de lamentar, quando o grupo político que mandou tantas décadas no Maranhão ainda tenha cegueira incurável sobre problemas graves que afetam a população, principalmente aqueles que não escolhem a quem se manifestar, como a microcefalia. A doença não define classe social, muito menos local para ser tratada, independentemente de ser à beira-mar, local “nobre” de ostentação do poder e deslumbramentos, ou na periferia, onde exibição se dá pelos vergonhosos índices de miséria.

Flávio Dino tem adotado outras posturas que “escandalizam” seus antecessores e críticos. Como a de desativar a cozinha do Palácio dos Leões e comprar comida em restaurante. Lá nunca ninguém sabia o que era economizar, desde a comilança, os gastos com funcionários, iguarias extravagantes, bebidas fartas e caríssimas. Tudo isso mostra outra forma de encarar o poder, por um governador que sofre acusação e ouve aleivosias apenas pelo fato de ser do PCdoB, como se pertencer a uma legenda “comunista” fosse crime de lesa-pátria.

Pois a Casa Ninar foi uma excelente ideia. Melhor do que vendê-la para construir um hospital do Câncer, como foi prometido na campanha eleitoral. Na especulação imobiliária, o preço apurado não seria suficiente para um projeto de tamanha envergadura. O governo estadual mudou de plano. Já anunciou que o tratamento de câncer passará a alçada do Hospital Tarquínio Lopes, antigo Hospital Geral – pronto para ser equipado e entrar em funcionamento.

A Casa de Veraneio do governo foi construída na década de 50 quando a região em que está situada nem habitação havia. Época de pouca atenção e cobrança sobre o usufruto do poder. Era área ocupada por comunidade de pescadores, que, ao longo dos anos, desapareceram.

Cederam lugar à especulação imobiliária, que transformou aquela parte da capital maranhense no eixo disputado a tapa pelos ricos, que tomaram conta até das dunas que orlam as praias. Agora, não adianta reclamar da Casa de Ninar. O bom senso recomenda aplausos.

O governador “comunista” radicalizou e acertou em cheio no projeto. Desprezou a ostentação inadequada e abusiva e optou pelo bem estar daqueles que mais precisam de assistência à saúde logo ao nascer e no tempo que for necessário. Agora sim, a Casa de Veraneio recebeu uma utilização nobilíssima, permanecendo como patrimônio do povo maranhense e com valor incalculável em sua destinação. Os políticos que quiserem visitá-la, as portas estão abertas, principalmente, se for para ajudar. As festas ficam por conta de quem consegue ali tratamento e cura.

Casa de Apoio Ninar, antiga Casa de Veraneio, foi inaugurada na última terça-feira (4) com a presença do governador Flávio Dino. (Foto: Karlos Geromy)
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