Apicultura

Pesquisa reforça uso de flores na produção de mel

Intenção da Embrapa é mapear a flor apícola nos estados do Piauí e Maranhão para incrementar a produção e ajudar na manutenção da mata nativa

Reprodução

Pesquisadores da Embrapa estão fazendo o mapeamento da flora apícola nos biomas da região Meio-Norte, que compreende os estados do Piauí e do Maranhão, para que os apicultores tenham informações mais precisas sobre espécies que favorecem a produção e épocas de florescimento, e possam então escolher os locais adequados à instalação de apiários. O trabalho científico vai contribuir para que produtos importantes como mel, própolis e pólen apícola cheguem mais facilmente e com menor preço ao consumidor.

Os trabalhos estão concentrados atualmente nos biomas Matas de Cocais, em Teresina (PI), em áreas de Cerrado do Piauí e do Maranhão e nas Vegetações Litorâneas, no Delta do Rio Parnaíba. O estudo será concluído em dois anos, segundo previsão da pesquisadora Fábia de Mello Pereira, da Embrapa Meio-Norte (PI).

As informações chegarão aos apicultores por meio de um livro, com fotos e todo o detalhamento da flora apícola da região. Um artigo também será disponibilizado à comunidade científica.

Cada bioma é estudado por, no mínimo, um ano, período em que os pesquisadores percorrem, quinzenalmente, uma trilha de três quilômetros, em zigue-zague, no início da manhã e no final da tarde, coletando galhos com flor e folhas, que são prensados e secos em estufa para, em seguida, serem armazenados em herbário. A última fase de identificação ocorre em laboratório.

No bioma de transição Caatinga-Cerrado, no Município de Castelo do Piauí, a 184 quilômetros ao norte de Teresina, foram identificadas 138 espécies botânicas, distribuídas em 98 gêneros e 39 famílias. Nessa etapa, coordenada pela pesquisadora da Embrapa Meio-Norte Maria Teresa do Rêgo Lopes, foram observados também os períodos de florescimento de cada espécie, as abelhas visitantes e qual o recurso coletado – néctar, pólen ou resina.

Já no bioma Cerrado, no Município de São João dos Patos, a 540 quilômetros de São Luís, no leste maranhense, os pesquisadores identificaram 127 espécies, 93 gêneros e 40 famílias. No Município de Guadalupe, no sudoeste do Piauí, a 206 quilômetros da capital, os números saltaram: 167 espécies, 54 gêneros e 130 famílias, com 44% de potencial melífera.

A pesquisa avançou um pouco mais e identificou, de 2012 a 2013, no período de seca rigorosa, no bioma Caatinga, no município de São João do Piauí, 516 quilômetros a sudeste de Teresina, 67 espécies em floração, 47 gêneros e 21 famílias. “Esse estudo está permitindo identificar os vegetais que fornecem alimento às abelhas no período seco, quando poucas espécies estão florescendo e as colônias ficam fracas”, ressalta Fábia.

A pesquisa envolve ainda a coleta de abelhas para a identificação das espécies que estão utilizando as plantas no bioma. “Escolhemos as áreas mais representativas de cada região e bioma, e evitamos locais que são desmatados e que tenham criações de animais e plantio agrícola”, explica.

Maria Teresa destaca, no entanto, que o conhecimento das plantas visitadas pelas abelhas, seus períodos de florescimento e os recursos ofertados são informações importantes para que os apicultores entendam o relacionamento entre a flora apícola e suas colônias.

A pesquisa contribuirá também para a conservação e incremento das plantas apícolas e das espécies de abelhas nativas nos biomas estudados, como Cerrado, Caatinga, regiões de transição e de manguezais.

O estudo, que começou em 2004, vai possibilitar ainda a adoção de estratégias de manejo das colônias conforme os períodos de floração das plantas. O resultado dará segurança e eficiência ao apicultor.

No Nordeste brasileiro, seis espécies da flora apícola se destacam: marmeleiro (Croton sonderianus), angico-de-bezerro (Pityrocarpa moniliformis), Mofumbo (Combretum leprosum), sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), jetirana (Ipomoea bahiensis), bamburral (Mesosphaerum suaveolens) e unha-de-gato preta (Albízia viridiflora).

Entre os pontos fortes do projeto, a bióloga e técnica de laboratório da Universidade Federal do Piauí Leudimar Aires Pereira destaca o equilíbrio ecológico que o estudo vai proporcionar aos biomas. Ela é responsável pela coleta e identificação das plantas, preparação das lâminas de pólen e de mel, para análises. Para a técnica, o maior desafio no trabalho é agregar o conhecimento teórico com a aplicação no campo.

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