Dama do Cacuriá

Dona Teté completaria 93 anos neste 27 de junho

Dona Teté deixou como legado grandes hinos da cultura popular Maranhense e a certeza de que o cacuriá ganhou título de uma das principais manifestações do estado

“O toque seco da caixa rasga o silêncio, a voz acridoce enche o espaço, a emoção é precisa, numa cena dramática, densa, numa brincadeira de muita vibração e alegria, num palco, numa festa do Divino ou na rua, o público se emociona: é Dona Teté em cena”. Assim o jornalista, ator e ex-diretor do Laborarte, Nelson Brito – que faleceu em 2009 -, descreve Almerice dos Santos, a Primeira Dama do Cacuriá maranhense, em reportagem de O Imparcial no ano de 1989.

Dona Teté completaria neste 27 de junho seus 93 anos. Faleceu no dia 10 de dezembro de 2011, aos 87 anos, vítima de um AVC, mas deixou como legado grandes hinos da cultura popular Maranhense e a certeza de que o cacuriá é dono do título de uma das principais manifestações do estado.

De Almerice à Teté

Almerice dos Santos nascia neste mesmo dia, em 1924, pelas mãos de uma parteira no Sítio da Conceição, em São Luís. Foi chamada de Teté após pedidos do padre que a batizou, já que “Almerice era muito grande para uma menina não pequenina”. Sem estudo formal, trabalhou praticamente a vida toda como empregada doméstica, e só largou o ofício para cantar cacuriá, aos 58 anos, após décadas dançando na brincadeira de Seu Lauro. Aprendeu a tocar a caixa do divino ainda aos oito anos, espiando uma vizinha, e passou a frequentar assiduamente as alvoradas e ladainhas. Teté teve apenas uma filha com o companheiro, Seu Manoel, que apesar de não gostar da participação da esposa no cacuriá, não reclamava e nunca tentou impedi-la.

Foi em 1980 que Dona Teté recebeu convite do Laborarte para ensinar o toque da Caixa do Divino para uma peça teatral. Em 1986, foi montado o Cacuriá de Dona Teté, hoje uma das principais manifestações culturais maranhenses que permanece viva mesmo após sua morte: o cacuriá segue as apresentações liderado por Rosa Reis, coordenadora do Laborarte. “Pra mim é super importante estar levando à frente um dos símbolos mais fortes do estado e da cultura do Maranhão, que são as Caixeiras. Estar ali tocando caixa do Divino Espírito Santo, cantando, e levando essa alegria e irreverência que Dona Teté passou pra gente é magnífico”, ressaltou a cantora a O Imparcial.

Legado

Dona Teté é responsável por algumas das principais canções que dão tom ao São João do Maranhão: quem acompanha o São João maranhense vibra, de certo, com o “Choro da Lera”, “Jabuti/Jacaré Poiô”, “Ladeira”, “Mariquinha”, entre tantas outras músicas. Relembre a voz icônica de Dona Teté!

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