Saída da Recessão

Consultor da CNI aposta em mercado externo

Em visita ao Maranhão para ministrar curso sobre exportação, Guilherme Bergmann, especialista em comércio internacional, aponta como ampliar o potencial do estador no setor

Reprodução

O professor Guilherme Bergmann Borges Vieira, da Aduaneiras – referência nacional em consultorias sobre comércio exterior e consultor da CNI -, esteve em São Luís, esta semana, para ministrar o curso “Formação de Preço de Exportação” promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), na sede da Federação.
O curso integra o Programa de Capacitação Empresarial em Comércio Exterior, uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Rede CIN e parceria com o Sebrae, e foi voltado para empresários maranhenses. O objetivo do curso foi capacitar empresários e profissionais da área a conhecerem a realidade do mercado internacional, com foco na composição do preço da mercadoria para que seja competitiva para a exportação, além de apresentar os incentivos fiscais existentes e a forma como devem ser considerados na formação dos preços de exportação, avaliando a sua competitividade nesses mercados.
Guilherme Bergmann, em entrevista, aponta alguns dos critérios para composição de preço da mercadoria para exportação, potencial do estado no setor, assim como o estímulo à exportação no momento de recessão econômica.
Consultor de logística e comércio internacional Guilherme Bergmann Borges Vieira é autor de diversos artigos e livros na área de comércio exterior e logística internacional. Pós-doutor, possui graduação em Administração – Habilitação em Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), mestrado em Gestión Portuaria y Transporte Intermodal pela Universidad Pontificia Comillas de Madrid, doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PPGEP/UFRGS e pós-doutorado pela mesma Universidade. Atualmente, é professor-adjunto da Universidade de Caxias do Sul.

Quatro perguntas para Guilherme Bergmann

Que critérios são levados em conta na hora da composição do preço da mercadoria para o mercado externo?
Inicialmente, devem ser levados em conta os custos de produção ou o preço praticado no mercado interno. A partir de um desses elementos, e considerando uma determinada margem de contribuição, é formado o preço de exportação em determinada condição de vende (Incoterm). Posteriormente, partindo do preço de exportação anteriormente mencionado, é calculado o custo internado (landed cost) por meio de uma simulação do preço DDP. Esse custo internado, então, é comparado com os preços praticados no mercado externo para avaliar a potencial competitividade da empresa exportadora. Obviamente, devem também ser levados em conta outros critérios competitivos, tais como a qualidade, a flexibilidade e o desempenho logístico (velocidade e confiabilidade das entregas).

Estamos vivendo um cenário de recessão econômica. Pode-se perceber que é um bom momento para exportação?
A exportação independe do cenário no mercado interno. Pelo contrário, o cenário recessivo verificado no Brasil pode ser um estímulo à exportação, dado que gera maior nível de ociosidade nas empresas.

O que mais dificulta a internacionalização dos produtos das nossas indústrias?
Vários aspectos, tais como elevada burocracia necessária para exportar, infraestrutura logística deficiente, taxa de juros elevada, carga tributária complexa e elevada, e inexistência de uma cultura exportadora bem desenvolvida. É no aprimoramento desse último aspecto que o curso pretende contribuir.

O Maranhão é o segundo maior exportador do Nordeste, entretanto, possui sua balança comercial altamente concentrada em poucas empresas exportadoras e pouco diversificada na sua pauta de exportação. Qual seriam as sugestões para alterar este cenário?
Todos os aspectos anteriormente citados deveriam ser trabalhados. Mas, como a resolução da maior parte dos problemas independe das empresas, um bom ponto de partida seria apostar no desenvolvimento de uma cultura exportadora. Para tanto, a palavra-chave é conhecimento: da própria empresa (diagnóstico interno) do mercado comprador (diagnóstico externo) e do processo de exportador.

Na sua opinião, o que é necessário para implantar no Brasil, definitivamente, uma cultura exportadora?
O desenvolvimento da cultura exportadora é fundamental, mas isso depende, no que se refere aos órgãos de fomento ao setor, de ações contínuas e orientadas a longo prazo, parte delas já em desenvolvimento. E, no que se refere às empresas, é necessário maior engajamento nessas ações, bem como uma boa dose de planejamento e paciência, pois os resultados das exportações não costumam aparecer no curto prazo.

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