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Conheça a história de Chagas, um dos gigantes do Bumba meu Boi

Da infância e adolescência como pescador em Icatu ao êxito como um dos maiores cantadores do Bumba Meu Boi Maranhense

Reprodução

Chagas é um gigante do Bumba Meu Boi maranhense. Fez seu nome no Boi da Maioba, e, após atritos – envolvendo a suspeita de pedofilia, nunca confirmada –, firma hoje morada no Boi da Pindoba, depois de ter feito ainda uma breve passagem pelo Boi de São José de Ribamar. Conhecido pela toada “Se Não Existisse o Sol”, um dos grandes hinos do São João do Maranhão, o cantador revela a O Imparcial traços de sua trajetória e das polêmicas por ele vividas.

O cantador atualmente vive da profissão e passa ano inteiro compondo, preparando-se para a temporada junina. “São João pra mim é tudo. Eu vivo do meu trabalho, mas vejo muito pouco do que os governantes fazem pelo Bumba Meu Boi. Minha arma é minha voz”, conta Chagas.

DE PESCADOR À CANTADOR

Quem vê Chagas fora dos trajes de cantador, de óculos escuros, relógio no pulso e smartphone na mão, pode não imaginar sua trajetória árdua. Francisco de Sousa Correa é natural de Icatu, norte do Maranhão, onde nasceu em 16 de junho de 1969. No final dos anos 1980, aos 19 anos de idade, o então pescador foi convidado para cantar uma ou duas toadas no Boi do Sítio do Apicum. Na ocasião, foi prontamente chamado pela diretoria do Boi da Maioba para participar de um dos ensaios do grupo.

É assim, de convite em convite (e depois da autorização da avó), que surge Chagas. “Eu sempre fui fã de Chiador [Maioba], de Humberto [Maracanã]. Fui pegando inspiração”, conta. Ele lembra ainda a insegurança de ter cantado pela primeira vez com o cantador da Maioba – sentimento que logo foi embora com a aclamação dos brincantes: “quando eu vi, já amanheci ‘vadiando’ com Chiador”.

“…E SE NÃO EXISTISSE O SOL?”

Foi esta a questão que surgiu na mente de Chagas numa noite de morte do Boi da Maioba, em 2009. Ele relata que a toada surgiu numa mesa de bar, inspirada em Humberto, que “sempre cantou pro Sol e pra Lua”, explica. Chagas, que tem todas as composições registradas em seu nome, comenta ainda que ficou surpreso com o êxito que a toada alcançou. “Eu nunca imaginei que essa toada fosse pegar esse sucesso todo”, revela o cantador.

POLÊMICAS

Não é segredo para quem acompanha o desenrolar da cultura popular maranhense a situação delicada que o Boi da Maioba enfrentou em 2016, quando Chagas foi acusado de pedofilia por ter supostamente trocado mensagens de teor sexual com uma índia do boi, que tinha na época 13 anos. As circunstâncias ocasionaram o afastamento do cantador.

Chagas nega as acusações, afirmando que não existe registro algum de denúncia contra ele, e lamenta: “o que mais me doeu foi trabalhar numa entidade por 26 anos e pessoas próximas não confiarem no Chagas. Não tem nada registrado contra o Chagas. Armaram pra mim”.

Hoje, após todos os atritos protagonizados por Chagas, o cantador firmou-se na Pindoba. Ele conta que antes o boi nunca havia ensaiado em outros lugares fora da comunidade. “A agenda da Pindoba tá super lotada. Fazer sucesso é importante, manter o sucesso é mais importante ainda”, finaliza.

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