Dicas de especialistas

Especialistas dão dicas de como diminuir riscos na aquisição de imóvel

Com o aumento do número de inadimplentes no setor imobiliário, especialistas falam sobre como evitar uma possível perda do bem

Os consumidores já sabem que adquirir um imóvel nem sempre envolve um processo simples. Financiar um, menos ainda. Os bancos e as empresas de crédito tendem a cobrar altas taxas de juros em casos de atraso e a falta de pagamento pode levar a um processo judicial que culmina na tomada do bem. Por isso, antes de entrar com um pedido de financiamento, é importante entender alguns dos principais motivos que resultam em inadimplência.

O professor Marcos Athayde Canella, 53 anos, é um exemplo de consumidor que enfrentou dificuldades com o pagamento de parcelas. Ele perdeu o imóvel para o banco. “Fiz um financiamento de R$ 300 mil para um imóvel de R$ 1 milhão. Por conta da crise, tive que fechar minha empresa, perdi uma das minhas fontes de renda e o banco levou o imóvel a leilão”, relata.

Marcos conta que enfrentou uma situação difícil pelo valor das prestações e que não teve como conseguir a quantia correspondente à antiga renda. “O principal problema foi que o banco não abriu mão para negociações, mesmo por via judicial. Quando se é empresário, você tem renda, mas ela não é eterna. Então, se o país entra em crise e a empresa, também, seu faturamento cai, você perde dinheiro e pode perder tudo o que pagava”, ressalta.

O imóvel de Marcos foi leiloado por menos da metade do valor pago originalmente. Ele conta que o banco lhe informou que não devolveria o dinheiro pago no leilão e que a dívida já foi quitada. Agora, Marcos tenta, por meio da Justiça, cancelar o processo, ser indenizado pelo valor gasto ou renegociar com o banco as parcelas em atraso.

Falta de planejamento

Assessor jurídico do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), Felipe Mendes explica que a maior parte dos casos acontece por falta de planejamento do próprio consumidor. “Muitas vezes os compradores olham apenas o valor da parcela e esquecem que, além delas, há as intermediárias. Sem contar que, como se trata de financiamentos, há ainda a correção tarifária, que varia de acordo com o tipo de prestação que o consumidor escolhe”, oberva.

De acordo com a pesquisa mensal elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento causado pelo financiamento de imóveis aumentou pelo terceiro mês consecutivo. No ano passado, o valor referente a abril era 0,6% menor.

Para evitar essa dor de cabeça, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin, explica que é necessário ter atenção antes de assinar o contrato de financiamento imobiliário. “É fundamental que a pessoa tenha sempre um advogado ao lado para fazer a leitura do contrato, só assinar se as parcelas couberem no orçamento e, principalmente, nunca informar uma renda simulada”, aconselha. Geraldo também orienta que as parcelas nunca sejam acima de 20% do valor da renda total. Se não houver alternativa, o ideal é que a pessoa junte dinheiro até conseguir pagar pelo imóvel.

Para quem já está enrolado e precisa quitar as dívidas, o planejador financeiro Rogério Olegário dá algumas dicas de como se desafogar. “A primeira coisa a ser feita é baixar as aplicações financeiras. Ou seja, tirar o dinheiro guardado em poupança, ou em qualquer outro lugar, e pagar as parcelas atrasadas”, sugere. Ele dá outros quatro conselhos: vender o máximo de bens possíveis, inclusive o próprio imóvel; trocar dívidas ruins por dívidas com prazos maiores e menos juros; renegociar débitos por meio de uma alteração no contrato; ou ainda, no pior dos casos, fazer um distrato e desistir do imóvel.

Chance de renegociação

A grande inadimplência do consumidor também afeta as construtoras. Algumas delas tentam, inclusive, ajudar o consumidor a quitar as dívidas e realizar o sonho da casa própria. “Quando um comprador nos fala que não está mais conseguindo pagar as parcelas, nós mudamos o financiamento de um apartamento mais caro para um mais barato. Por exemplo, passamos de um de três quartos para um de dois e, assim, diminuímos o valor das parcelas”, conta o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais do Distrito Federal (Secovi-DF), Ovídio Maia.

O Procon também aponta que a causa da inadimplência nem sempre recai sobre o comprador. Dados do órgão mostram que, no ano passado, o Procon registrou 409 atendimentos de consumidores contra construtoras. Algumas das principais queixas são relativas ao não cumprimento do contrato e à cobrança indevida de taxas. Para não cair nessa, as dicas do assessor Felipe Mendes são evitar compras por impulso e estudar o contrato com especialistas antes de realizar financiamentos mais longos.

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