Literatura Mútua

Projeto estimula trocas literárias em equipamentos culturais da cidade

Projeto ‘Literatura Mútua’ foi realizado na Galeria Trapiche Santo Ângelo e na Biblioteca Municipal José Sarney

Reprodução

A leitura como experiência de mundo e estímulo para a produção literária norteou as duas edições do projeto “Literatura Mútua” realizadas na Galeria Trapiche Santo Ângelo e na Biblioteca Municipal José Sarney, equipamentos culturais da Prefeitura de São Luís. Os eventos foram realizados nos dia 15 e 17. Os dois escritores convidados, Elizeu Cardoso e Laísa Couto, têm em comum o universo da literatura fantástica como referência na produção literária de suas obras.

Para a diretora da Biblioteca Municipal e coordenadora da Feira do Livro de São Luís, Rita Oliveira, o projeto dialoga diretamente com as metas da Prefeitura em promover o fomento à Literatura. A cada edição, novos escritores respondem perguntas sobre a motivação pela escrita, as experiências pessoais de leitura e referências literárias. A partir dai o público vai desmistificando a aura artística que impera sobre a arte de escrever tornando a prática um hábito mais próximo de todos.

Rita Oliveira destacou que a iniciativa de ocupação do espaço é muito louvável e um exemplo de como a sociedade civil pode desenvolver projetos de interesse público e alinhados com as metas do poder público para o segmento da cultura. “Nós apoiamos e colaboramos não somente com o uso do espaço, mas também com a inserção do projeto na pauta tanto das ações da biblioteca quanto na programação da Feira do Livro de São Luís e o resultado tem sido maravilhoso, inclusive com o estímulo à formação de novos escritores”, comentou Rita.

A edição foi dedicada à professora Elaine Araújo, mestre de Língua Portuguesa e Literatura. No momento a professora está internada na área de Oncologia do Hospital São Domingos. Ela está recebendo doação de sangue e plaquetas para recuperação de sua saúde.

Literatura Fantástica

Em sua conversa Elizeu Cardoso citou o bairro onde cresceu na cidade de Pinheiro como lugar de estímulo das primeiras narrativas orais que posteriormente ele encontrou eco na literatura do colombiano Gabriel Garcia Márquez. Laísa teve na memória visual dos quadrinhos e ilustrações o estímulo para escrever livros do universo fantástico.

Para Elizeu, colocar em texto escrito a experiência da oralidade é um grande estímulo e também uma vocação. “Não conseguiria escrever nada do urbano, o rural é mais fácil para mim. Quando escrevo, busco um sentido existencial de eternizar essas pessoas da minha cidade e só consigo ser universal a partir do local”, ponderou.

De uma família de quinze irmãos, Elizeu Cardoso conviveu em ambiente favorável às narrativas fantásticas e percebeu que podia levar a voz dos visitantes que passavam por sua casa para dentro dos livros, celebrando suas histórias com o registro que as eternizariam. Além de Garcia Márquez, Elizeu citou como referência os escritores Mia Couto, Eduardo Galeano e José Louzeiro. “Gabriel me ensinou a ter mais liberdade na escrita e Mia a buscar a concisão. Cada frase é uma possibilidade. A palavra é sempre real. Eu não sei qual a dimensão do que é e não é real”, disse.

O resultado são os romances “Dias Amarelos” (2013) e “A Dança dos Ventos” (2016), sobre os moradores de um povoado encantado na baixada maranhense. O novo livro do escritor descreverá, em forma de 15 contos, narrativas ambientadas na Ilha dos Lençóis e terá duas velhas como protagonistas que conversam sob um pé de Cajueiro a história dos barcos.

Já Laísa Couto escreve desde os 18 anos, influenciada pela formação visual das ilustrações, e que, antes de aprender a ler, decifrava as narrativas visuais dos livros ilustrados. A inspiração das narrativas fantásticas de sua produção dialoga profundamente com a perspectiva humana de lidar com desafios, provações e escolhas. Os personagens de Lagoena representam as buscas por identidade, respeito e reconstrucão das formas de conviver. Entre os autores marcantes, ela citou Lewis Carroll, Tolkien e C.S. Lewis.

Laísa é autora da trilogia de ficcão fantástica “Lagoena”, dos contos “Clair de Lune” e “O inverno das Rosas” e da coletânea de poemas “Estrela Morta ao Amanhecer”.

As próximas edições na Biblioteca Municipal acontecerão nos dias 17 de março, com a escritora Sabryna Mendes e no dia 28 de abril, com a escritora Déa Alhadeff, sempre às 15h30. A escritora Laísa Couto participa novamente do projeto no dia 10 de março, às 15h, no Centro de Ensino São Cristóvão.

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