INVESTIMENTO

Porto de Itaqui recebe pesquisador internacional para discutir infraestrutura da região

Professor Paul Lee apresentou dados sobre os principais projetos de infraestrutura que compõem o BRI e a Nova Rota da Seda da China.

Paul Lee e Ted Lago no Centro de Operações do Porto do Itaqui. (Foto: Divulgação)

Com foco nos principais projetos de infraestrutura para a construção de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos dos países que hoje fazem parte do projeto Belt & Road Initiative (BRI), o governo do Maranhão abriu ontem o segundo dia do simpósio “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: oportunidades de negócio e de desenvolvimento para o Brasil”.

Com mais uma palestra do professor Paul Lee, da Universidade Zhejiang, na China, e um dos idealizadores do estudo Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road, estudo que aponta a capital maranhense como um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China.

O evento é promovido pela Fundação Sousândrade em parceria com a SEDEPE/Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos do Governo do Maranhão, com patrocínio da FIEMA – Federação das Indústrias do Maranhão, GPM-Grão Pará Multimodal, além de Suzano, Equatorial Energia e Universidade Ceuma, com apoio da Gasmar – Companhia Maranhense de Gás e do Porto do Itaqui.

Além de destacar a importância que o projeto pode oferecer para a ampliação da conectividade marítima, diminuição de distâncias e maior retorno de investimentos para o Porto de Itaqui e para São Luís, Lee apresentou dados relacionados aos projetos de infraestrutura de alguns países do BRI, especialmente na Ásia e na África.

Sec Jose Reinaldo Tavares entre Peter Mitrow ( Grupo DB ) e Paulo Salvador sócio do Terminal Portuário de Alcântara ( GPM). (Foto: Divulgação)

De modo geral, o pesquisador falou sobre a revisão do planejamento de investimentos que vem sendo estudado pelo governo da China, para aumentar a taxa de capital de baixo risco e tornar o retorno de investimentos, que costuma ser de longo prazo, mais rápido.

De acordo com Lee, hoje, em um cenário pós-covid-19 e com alta de juros primários em todo o mundo, o número total de projetos BRI chega a 700, em 180 países.

“Desse total, 142 projetos já foram finalizados e outros 250 ainda estão sob contrato, em fase de intenções, e outros 265 em construção”, afirmou.

Ele disse, ainda, que dos 700 projetos BRI, cerca de 600 abrangem infraestrutura em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias.

Durante sua palestra, Lee chamou a atenção sobre a importância da conectividade marítima para o Brasil e para São Luís, no Maranhão, cuja infraestrutura logística para as cadeias de suprimento da Nova Rota da Seda da China compreende o transporte ferroviário e sua ligação ao Porto de Itaqui, com três rotas marítimas conectando o Brasil a outros países.

Lee lembrou da importância da Cosco Shipping Lines para a integração marítima da China. A Cosco é um dos principais provedores mundiais de serviço de transporte integrado de containers, e possui navios de containers com alta capacidade em mais de 192 portos, em 64 países, e em cinco continentes.

Ele ainda destacou a importância de temas como coordenação, inovação e economia verde para o projeto BRI. “Na China, todas as empresas participantes e as universidades precisam mostrar para o governo central projetos relacionados ao BRI e a economia verde”, aponta.

Segundo Lee, é preciso diminuir o tempo de viagem e os custos e taxas logísticos e o investimento portuário é uma saída para diversos países.

“Este é o caso de vários países no continente africano, onde a infraestrutura portuária é sobrecarregada e muitos países da região subsaariana precisam criar saídas para o mar”, avalia.

“Dos 110 projetos de investimentos de infraestrutura e transportes desenhados para a África, 29 já foram terminados”, completou.

Por fim, o pesquisador falou sobre alguns dos principais players chineses, como a indústria da construção e navegação e portos e modelos de investimentos (aquisições, PPPs e concessões).

Ainda sobre a Cosco, Lee disse que desde 2013 a companhia já investiu em nove portos do projeto BRI, sendo que o primeiro deles foi concluído em 2017.

Ele refletiu sobre o modelo que chamou de Porto Inteligente, onde a ideia “cidade/parque/porto” é contemplada nos investimentos de infraestrutura para o desenvolvimento de projetos na região portuária, com edifícios, parques e shopping centers.

Ele também chamou a atenção para a importância de se considerar os vários atores envolvidos no projeto, como comunidades e trabalhadores.

Ted Lago, presidente do Porto de Itaqui, destacou a importância do estudo elaborado por Paul Lee para a América do Sul e, particularmente, para o Porto do Itaqui como um hub estratégico para a expansão da Rota da Seda.

“O Brasil hoje já é um exportador importante de grãos e celulose para o mercado chinês. Com a inclusão do Maranhão na rota da seda, um canal de duas vias será possível: tanto a saída de commodities e, esperamos, produtos industrializados, quanto a entrada de produtos que possam atender nossa ‘hinterlândia’”, disse Lago.

Ou seja, segundo ele são mais de sete estados brasileiros, com mais de 50 milhões de habitantes. “O governo do Maranhão está tomando a iniciativa de aproximação cada vez maior com o mercado asiático”, esclareceu.

Outros destaques do evento

Domingos Reis, Gerente do Porto da Alumar, apresentou o porto privado pertencente ao consórcio formado pelas empresas Alcoa, Rio Tinto e South32, voltado para o escoamento da alumina produzida pela Alumar para os mercados internos e externos; com movimentação média de 15.300.000 ton/ano.

“Trata-se de um Porto pequeno, mas extremamente moderno, produtivo e eficiente. Chegamos ao Maranhão em 1983 a partir da construção desse Porto, antecedendo todo o projeto da Alumar, que entrou em operação em 1984”, ressaltou Reis.

Esse terminal privado está localizado ao sul da Emap Porto do Itaqui e opera com dois berços de atracação, sendo um deles exclusivo para receber bauxita e outro berço voltado para a exportação de alumina.

Também foram apresentados dois projetos de portos privados em implantação – Porto São Luís da Ligga e Terminal Portuário de Alcântara da empresa GPM.

Projetos estão em fase de licenciamento, e que vêm reforçar a forte vocação portuária do Maranhão, ainda mais necessária para fortalecer a entrada e a competitividade do estado na Nova Rota da Seda proposta pelo Prof. Paul Lee.

Thomaz Baker, Gerente Geral de Obras da Ligga – Projeto Porto São Luís elogiou a iniciativa da SEDEPE na promoção do Simpósio, e falou sobre o empreendimento a ser realizado em diversas fases e que deve ser concluído em sua totalidade em um prazo de 20 anos.

Thomáz Baker da Ligga – Projeto Porto São Luís apresentando o projeto que tem como diferencial a moderna visão com valores da agenda ESG. (Foto: Divulgação)

Esse será um porto de granéis sólidos e carga geral; com a diferença competitiva de já possuir uma carga âncora oriunda do Pará, de outros projetos da Ligga na área de mineração.

Baker reforçou que a Ligga é uma empresa que está se formando e que nasce com a visão moderna de gerar valor para a sociedade, criando um novo pólo de desenvolvimento através da geração de milhares de empregos nos Estados do Pará e Maranhão.

“A Ligga é uma empresa que conecta o presente ao futuro, com inovação e sustentabilidade. Nossa gestão é moderna, e com valores alinhados aos melhores conceitos de ESG (sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança)”, enfatizou Baker.

O gerente ainda elencou os diversos projetos sociais realizados pela empresa e que vão muito além das contrapartidas sociais previstas em contrato.

O executivo lembrou, por exemplo, do curso de capacitação básica em empreendedorismo, voltado para o empoderamento de mulheres das comunidades do Cajueiro e Mãe Chica, que possuíam negócios informais ou desejavam empreender.

De acordo com Baker, a Ligga também tem atuado em parceria com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde na oferta de diversas ações sociais nas comunidades vizinhas, incluindo consultas médicas e exames gratuitos, além da emissão de documentos para centenas de pessoas.

“Além de todas essas ações sociais voltadas para a qualidade de vida e bem estar da comunidade, com a qual mantemos um diálogo profícuo e permanente através de reuniões com lideranças, também priorizamos um projeto de qualificação e formação de mão de obra em parceria com a FIEMA, SENAI-MA e SINDUSCON-MA”, comentou.

Paulo Salvador, sócio da Grão Pará Multimodal – GPM, apresentou o projeto conjunto em fase de implantação da Estrada de Ferro (EF-317) e do terminal para uso privado TUP Terminal Porto de Alcântara/TPA, que serão construídos em regiões estratégicas de escoamento.

A Ferrovia EF-317 com 520 km de extensão vai ligar o TPA à cidade de Açailândia, no sul do Estado.

O projeto é uma alternativa ao crescimento acelerado do agronegócio brasileiro previsto até 2030 e oferece condições privilegiadas para o escoamento da produção do agronegócio no Arco Norte.

Paulo Salvador destacou os diversos benefícios de competitividade desse projeto de logística integrada.

“A grande possibilidade que será criada com a EF-317 é de que o transporte ferroviário para o Itaqui possa subir dos atuais 35% para 80%; e de que o Porto do Itaqui possa duplicar rapidamente a sua carga anual dos 31 milhões de toneladas em 2021, para 60 milhões de toneladas ano” enfatizou o sócio da GPM.

Sobre o Porto de Itaqui: o Porto do Arco Norte do Brasil

Estrategicamente localizado – próximo aos principais mercados mundiais -, o Porto do Itaqui possui moderna infraestrutura para movimentar granéis sólidos vegetais e minerais, líquidos, cargas gerais e contêineres.

Líder no escoamento de grãos no Arco Norte do país, importante hub de combustíveis e um dos principais portos públicos brasileiros, o Porto do Itaqui movimentou em 2021, 31 milhões de toneladas de cargas.

Somente de janeiro a junho de 2022 já foram registrados 15,2 milhões de toneladas.

O porto público do Maranhão está conectado ao restante do país pela Estrada de Ferro Carajás e pela Transnordestina, além de uma conexão indireta com a Ferrovia Norte-Sul, que se liga à Estrada de Ferro Carajás em Açailândia (MA).

Pelo modal rodoviário a rota é pelas BRs 135 e 222. O Porto do Itaqui alcançou recentemente o primeiro lugar no Prêmio Portos + Brasil, do Ministério da Infraestrutura.

Com quádrupla certificação – ISO 27001 (Segurança da Informação), ISO 9001 (Qualidade) e ISO 14001 (Meio Ambiente) e ISO 45.001 (saúde e segurança do trabalho), a EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária), gestora do Itaqui, está comprometida com a confidencialidade, a integridade e disponibilidade das informações, qualidade das entregas e responsabilidade socioambiental.

Responsável por cerca de 35% de todo o ICMS arrecadado no Maranhão, o Itaqui gera 16 mil empregos diretos e indiretos, alcançando grande relevância socioeconômica em toda a sua área de influência, que abrange 9 estados (MA, TO, PI, BA, MT, MS, PA, GO, DF).

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