MADRE DEUS

Moradores do centro aproveitam período de Carnaval para faturar

Quem mora no centro de um dos bairros mais festivos da folia de momo, aproveita o período para ganhar dinheiro

Foto: Reprodução

Que pessoa nunca ouviu a expressão que diz: “Quem está na chuva é para se molhar”? Pois é, essa afirmativa cai muito bem quando falamos de pessoas que moram em um bairro tradicionalmente conhecido por ser o berço de manifestações artísticas de todo o tipo, e que no período carnavalesco parece pulsar ao som de marchinhas, blocos tradicionais, sambas-enredo, entre outras folias. Esta é a Madre Deus.

Então, é difícil pensar que alguém nascido e criado nesta comunidade não participe de toda a festa e alegria que já começou a acontecer logo ao resplandecer de 2018. Mais espertas ainda são as pessoas que aproveitam a movimentação intensa de foliões para faturar uma “grana” que pode ajudar bastante nas contas do fim de mês.

É nesse espírito que alguns moradores vestem o abadá de empreendedores e oferecem os mais variados produtos para alegrar ainda mais a festa.

Festejando e faturando

Morador há mais de vinte anos do bairro, Jorge Reis já brincou o carnaval durante muito tempo e, aliado à folia, percebeu também que poderia ter lucro com a venda de alimentos. “Eu já moro há muito tempo aqui, cresci no berço da folia e sempre participei das festas de carnaval. Nós tínhamos até um bloco chamado RTA, que saía todos os anos e levava muita gente junto. Também percebi que era uma oportunidade de ganhar dinheiro e comecei com a venda de churrasquinho”.

Há mais ou menos uns quinze anos, ele foi estruturando seu negócio, que só tem um período de funcionamento, o carnaval, e que já tem clientes fiéis que o procuram para se reabastecer durante a festa. “Já trabalho com isso há quinze anos, hoje vendo vários lanches, churrasco, batata frita, hambúrguer e várias coisas. Tem os clientes que já conhecem aqui e já vêm direto lanchar. Sempre está bastante movimentado, até porque nesse período o fluxo de pessoas é muito grande aqui”.

Mesmo ainda sendo brincante, Jorge diz que hoje em dia está na posição de espectador das festas, até porque precisa ser mais moderado com os gastos, e o dinheiro que ganham já ajuda em outro propósito. “A gente, quando fica mais velho, tem que ser mais contido, não pode ficar gastando atoa. Hoje o dinheiro que ganho aqui é bom, mas já ajuda em algumas contas”.

Para Jhonatan Ribeiro, que afirma que vai participar de todas as festas carnavalescas, ter a opção de um lanche caseiro, vendido por um morador local, é bom pela confiança em adquirir algo de alguém de confiança. “É melhor você comer em um lugar onde você sabe que a pessoa vai fazer tudo certinho, do que em quem você não conhece. Quem está brincando o carnaval anda bastante, bebe e pula. Uma hora precisa parar e recarregar as baterias, e os melhores lugares são esses assim”.

Negócio de família

Iraceli Martins, moradora da Madre Deus. (Foto: Karlos Geromy)

A dona de casa Iraceli Martins começou com uma barraquinha de vendas auxiliando a mãe, dona Raimunda, que a partir de outra festa tradicional do estado, o São João, resolveu investir no comércio informal. Vendo que o negócio tinha rentabilidade, elas resolveram estender até o carnaval com venda de bebidas, salgados, doces e jantar. E lá se foram cinco anos fazendo isso, o que, segundo ela, colabora bastante para a renda familiar. “No domingo, quando o movimento da Madre Deus é muito grande, as vendas também são muitas. Esse dinheiro ajuda muito nas contas, e o pessoal procura também bastante, principalmente os salgados e as bebidas, porque aqui é passagem dos blocos, então eles compram para continuarem o percurso do bloco até o fim”.

A dona de casa diz que a intenção é continuar durante todo o ano, e tornar o negócio fixo, mas por enquanto o mais importante é fazer a alegria dos foliões que passaram por lá, não com marchinhas, mas com comida boa. “Aqui pode vir que vai encontrar comida boa, e um atendimento melhor ainda. Todo mundo alegre e curtindo o carnaval”.

Sair em tempo de se esconder

Por conta da violência crescente que o estado vem enfrentando, muitas pessoas deixaram de ir a festas, principalmente em espaços abertos onde a segurança fica muita mais fragilizada, mesmo com policiamento.
Ainda sim, acreditar que a motivação da maioria das pessoas que invadem a Madre Deus com fantasias e cantando as músicas mais conhecidas é de apenas se divertir faz com que o morador Jorge Reis continue mantendo a tradição de montar sua barraquinha de lanches do carnaval. “A comunidade é tranquila, apesar da insegurança de hoje em dia. Além do mais, eu não tenho problemas, nunca tive”.

A única lembrança de um acontecimento inusitado, que fica até hoje na lembrança de Jorge, ele comenta rindo. “Há muitos anos, quando eu ainda morava próximo ao Ceprama e já vendia churrasco, tinha duas churrasqueiras e o movimento era muito grande, vinha gente de todo lado e quase sempre acabava a carne muito rápido. Um dia, acabou a carne e eu fui tirar uma das churrasqueiras para guardar na garagem de casa, no que eu virei dois minutos, olhei para trás e tinham levado a outra churrasqueira, sendo que ela estava muito quente. Fiquei surpreso e achei graça da situação”.

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