SÃO LUÍS

Lojas de CDs são raridade devido a pirataria

Com o aumento do acesso à internet e a pouca fiscalização contra pirataria, as lojas especializadas em CDs e DVDs têm desaparecido

A era digital fez com que o interesse do público mudasse, indo dos CDs para o download. A possibilidade de ter uma quantidade quase infinita de música em um iPod ou HD externo fez com que as pilhas de CDs que decoravam salas de estar no passado passassem a parecer cada vez mais ultrapassadas. Os poucos que ainda compram CDs acabam ripando-os assim que chegam em casa, jogando-os em algum canto sem jamais usá-los novamente.
Mas existem os persistentes, que conseguem segurar o público fiel que gosta dos famosos CDs. Jofran Silva, proprietário da Music Play, no Centro da capital, explicou como consegue manter a loja em plena era digital.
“A nossa loja é bem antiga, nós chegamos a ter de quatro a cinco lojas na cidade, mas, com o advento da internet e, principalmente, da pirataria, as vendas caíram e tivemos que fechar várias lojas e resolvemos montar somente esta, voltada para um só segmento, justamente com o crescimento da procura pelo vinil. Existe a internet, existe a pirataria, mas existe um público que preza por isso, que quer comprar o CD e o vinil original. Nós temos muitas parcerias. O público do reggae tem nos ajudado bastante e, assim, vamos nos mantendo”, analisou.
Além do aumento das vendas de vinis, Jofran também tenta diversificar seus produtos, investindo em outros materiais que possam ajudar no aumento de receita. Uma estratégia muito utilizada pela loja é a parceria com programas de reggae e DJs.
“Hoje, nossa loja é muito procurada pelos colecionadores de vinis e CDs, principalmente do público regueiro. Temos parcerias com programas e disponibilizamos camisetas e acessórios como chaveiros, bolsas, fones de ouvido, e muitos outros produtos para chamar a atenção e assim conseguir uma renda melhor. Ainda de acordo com Jofran, a procura pelos vinis cresceu cerca de 50% em relação ao ano passado, justamente por essa pareceria com o público do reggae”, explica.
Jofran acrescenta que a sua loja não atende apenas ao público da capital maranhense, mas também avança pelo interior, onde teoricamente o acesso à internet é menor.
“Na verdade, os DJs nunca deixaram de colecionar. A procura pelo vinil tem sido muito maior do que pelo CD, e vendemos não só aqui na capital, como para o interior e ainda para todo o Brasil”, comenta.
O principal motivo das vendas desse produto terem desmoronado foi a pirataria que até hoje toma conta do mercado de CDs e DVDs. Em todo canto da cidade, é possível ter acesso a esse tipo de mercadoria ilegal. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos, do atacado ao varejo, o faturamento das principais empresas do setor fonográfico caiu para R$ 360 milhões em 2009, sendo que, em 1997, o lucro era de R$ 1,1 bilhão. Quando se fala no audiovisual, quase 59% dos DVDs comercializados no Brasil não são originais, uma perda de 6,1 bilhões de dólares para o grande mercado do cinema mundial.
Não bastasse competir com a pirataria, os downloads legais e ilegais, a disputa por consumidores ainda é travada com as grandes lojas de departamento, que se encarregam de ser a referência massiva em venda desses produtos. Uma loja que não é específica desse segmento de CDs, mas que alavanca a venda até hoje, são as Lojas Americanas. Muitos ainda se deslocam de suas casas para ir à procura do produto na loja. Os supermercados Bom Preço também têm algumas prateleiras disponibilizando CDs e DVDs pra quem ainda corre atrás para colecionar.
Com uma margem de lucro menor e todo poder aquisitivo de seus grupos de departamentos, os preços de CDs e DVDs nessas grandes lojas é menor, além do atrativo dos outros produtos oferecidos por eles. Por isso, a concorrência chega a ser desleal com as lojas especializadas.
A maioria dos consumidores prefere a comodidade de baixar pela internet os CDs de suas bandas preferidas. O fato de ser de graça é um dos maiores atrativos, além da possibilidade de armazenar um número grande de músicas sem ocupar muito espaço.
Mesmo assim, a paixão pelos CDs ainda atinge uma parcela do público e algumas pessoas, como o professor Antônio dos Santos, ainda fazem questão de ir até a loja para adquirir o disco físico e, quando não encontram o que procuram, fazem a compra pela internet.
“Eu prefiro 100% os CDs, faço questão de sair da minha casa e ir comprar. Quando não acho na loja compro pela internet, que ainda é mais barato. Eu raramente baixo”, comenta.
Há também o meio termo, onde pessoas compram CDs apenas de bandas específicas, por motivo de afinidade ou mesmo de coleção. Um dos grandes motivos alegados para deixar de comprar é o preço. Por isso, mesmo alguns que gostam do disco físico preferem comprar piratas ou baixar da internet.
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