ÁRBITRAS EM CAMPO

Mulheres no futebol: Elas estão no comando do jogo

À frente do trabalho de capacitação das mulheres na arbitragem de futebol, o presidente da Ceaf/MA, Marcelo Filho

Reprodução

A cada dia as  mulheres estão conquistando mais espaço em todas as atividades. No futebol, é  notável o crescimento da arbitragem feminina. Esse trabalho que vem sendo mostrado com muita competência e coragem por um grupo comandado pela Ceaf-MA,  passa por um período de aperfeiçoamento técnico. A finalidade é a ampliação de conhecimentos e preparação para as competições locais e da CBF.

Hoje, o Maranhão tem três mulheres  no quadro nacional: Wivian Silva Pereira (árbitra), Edna Cristina Santos Ferreira e Adriana Oliveira Carvalho (assistentes). No quadro da Federação Maranhense de Futebol (FMF) são mais três: Carla Carolina dos Reis Anceles, Hannah Gabriely Viegas Costa e Flávia da Assunção Coimbra Abrantes. Todas trabalham nos jogos do Campeonato Brasileiro Feminino, Série D e Campeonato Maranhense de Futebol Profissional série A, e têm curso superior de Educação Física, informou o presidente da Ceaf, Marcelo Filho.

Para chegarem a essa corajosa função, que até então  só era desempenhada pelos homens, as mulheres tiveram que passar por um bom período de preparação que inclui conhecimentos técnicos e dedicada preparação física, elementos necessários ao bom desenvolvimento da árdua tarefa. O trabalho, com o passar dos tempos, tornou-se muito mais respeitado e,  mesmo já tendo enfrentado alguns problemas, a maioria das entrevistadas por O Imparcial disseram que hoje são tratadas com igualdade pelos atletas profissionais e dirigentes. Embora reconheçam serem os torcedores brasileiros os mais inconvenientes.

Árbitra assistente do quadro nacional, com excelente desempenho nos campeonatos Brasileiro feminino e Maranhense masculino, Edna Cristina Santos Ferreira, 32 anos, começou no futebol amador e depois ingressou no curso da Ceaf, onde foi bem aproveitada. Desde 2017 está no quadro da CBF. Trabalhou mais recentemente no jogo Moto x São Raimundo, pela Série D do Brasileiro. “Sempre gostei do futebol. Meu pai tinha um time na região do Itaqui-Bacanga. Fui atleta de futsal, depois campo. Mais tarde comecei a apitar no amador, viram meu potencial,  fui em frente e me tornei árbitra da FMF após  um curso de seis meses. Me adaptei muito bem, já fui sabendo alguma coisa”. Ela conta que  já ouviu agressões verbais apenas de um jogador, em São Mateus: “Num jogo com o Juventude,  o cara ficou me xingando o tempo todo, falei para o árbitro e ele teve que ser excluído”.  Com os colegas árbitros, até hoje ela não percebeu nenhum clima de concorrência. “Tenho amigos na arbitragem que me tratam muito bem e isso só é um motivo  a mais para me incentivar”.

Fui atleta de futsal, depois campo. Mais tarde comecei a apitar no amador, viram meu potencial,  fui em frente e me tornei árbitra da FMF após um curso de seis meses.

Wivian Silva Pereira, 32 anos, é a árbitra mais experiente do futebol maranhense. Mora em Açailândia e pertence ao quadro nacional. Ela conta que sua paixão por esse trabalho começou cedo e após concluir o curso de arbitragem da FMF  foi aproveitada e até hoje nunca pensou em desistir. Estreou num jogo entre Imperatriz e Pinheiro em 2014. “A primeira vez, como é natural, a gente sente um friozinho na barriga, mas sempre fui muito confiante no meu trabalho e tive boa nota”.

Wivian não tem queixa dos jogadores até o momento. “Eles respeitam bastante. No futebol profissional,  eles falam alguns palavrões entre si, mas comigo têm respeito sim. Mesmo assim, mantenho a autoridade e quando houve necessidade, expulsei dois. O xingamento só vem mesmo da torcida”. Ex-atleta de futebol de campo e futsal, ela diz que foi fácil se adaptar à arbitragem. Por fim,  elogia a boa fase que a arbitragem feminina vive neste momento. “O futebol nunca viveu a arbitragem feminina como agora. As mulheres têm aproveitado muito bem as oportunidades”.  E deixa um recado para aquelas que desejam ser árbitras: “ A mulher não tem que se limitar. Quem entra para a arbitragem se apaixona. Não consigo me ver fora da arbitragem.”

O futebol nunca viveu a arbitragem feminina como agora. As mulheres têm aproveitado muito bem as oportunidades.

Árbitra assistente, Adriana Oliveira Carvalho, 26 anos, mora em Imperatriz. Também é do quadro da CBF  e tem se destacado pelo bom desempenho nas competições nacionais e Campeonato Maranhense de Futebol (masculino). A intenção de ser árbitra ocorreu muito cedo, aos 14 anos. “Fui assistir a um treinamento e  mais tarde decidi fazer o curso,  ainda com 17 anos, para em seguida ingressar no quadro de árbitros da federação”.

O fato de ser jovem, à época que começou, fez com que Adriana ouvisse ofensas dirigidas por torcedores, tanto no amador como no profissional. “Um atleta, após a partida, afirmou que desse jeito eu não iria mesmo subir, principalmente, sendo mulher. Depois desceu para o vestiário, sem camisa, para não ser identificado. Ainda bem que  isso não me fez desistir, embora repudie esse tipo de comportamento. De certos torcedores, o que mais ouvia era de que o lugar de mulher é na cozinha”. Em 2019 ela chegou a trabalhar no Superclássico Sampaio x Moto, no Castelão, com boa aceitação.

Para as mulheres que sejam ingressar na arbitragem, Adriana incentiva: “A gente nunca deve desistir dos sonhos. Venha participar desse trabalho maravilhoso, que também é bom para o físico e o psicológico. Basta ter determinação, foco nos estudos e coragem para passar por cima de uma barreira. Nunca desista, seja qual for a modalidade esportiva”.

Flávia da Assunção Coimbra Abrantes, árbitra assistente, mora em São Luís. Revelação do curso de arbitragem de 2020, bandeirou a final da segunda divisão do Campeonato Maranhense, categoria masculino. É uma promessa na arbitragem. Sua paixão pelo futebol também começou cedo, ainda no amador, onde a paixão parece não ter limite e as ofensas são bem maiores. “No amador, tanto torcedores como dirigentes são mais afoitos, mas no profissional a gente vê a diferença. Eles não nos xingam, porque sabem que são postos pra fora. Aqueles que tentam perturbar são advertidos e se persistirem recebem  cartão vermelho”.

Flávia incentiva as mulheres que têm vocação para serem árbitras de futebol a lutarem por isso: “As mulheres que pretendem ser árbitras de futebol não devem desistir, não deixem de fazer aquilo que gostam. A mulher deve ir onde quiser. Somos apenas seis no estado, não chegamos ainda nem a dez por cento”.

Sobre o tão polêmico VAR,  Flávia conclui: “O sistema é uma boa ideia, veio para ajudar a arbitragem, mas parece ter deixado alguns árbitros muito dependentes, com medo, sempre fica esperando pelo VAR. Acho que é importante consultar um lance difícil, tirar dúvida sobre aplicação correta do cartão vermelho, pois às vezes aglomera e pode haver  equívoco”.

Ceaf incentiva presença feminina

À frente do trabalho de capacitação das mulheres na arbitragem de futebol, o presidente da Ceaf/MA, Marcelo Filho, incentiva a presença delas em nosso estado e admira o fato destas estarem se tornando cada vez mais corajosas. “Atualmente, elas estão assistindo várias mulheres se destacarem na arbitragem maranhense, brasileira e internacional, hoje tem um pequeno grupo de jogadores com preconceito quando olha uma mulher apitando ou bandeirando, mas  o que chama atenção é que as mulheres não estão se deixando intimidar com as atitudes antidesportivas dos jogadores, ao contrário, elas estão tomando decisão de punir com cartão amarelo ou vermelho por esse comportamento. Estão mais corajosas. As mulheres não podem desistir de buscarem seus objetivos por comentários equivocados de pessoas tanto do sexo masculino ou feminino que não têm visão periférica da grandeza de ser árbitro de futebol, uma profissão diferente de todas as outras, por um motivo único, trabalhar com a razão não deixando que a sua emoção ou de outro interfira na sua decisão.”

A intenção da Ceaf/MA é colocar uma árbitra e duas assistentes na Série A do Brasileiro. No comando da preparação das árbitras estão o professor instrutor físico Carlos Augusto Alves Pereira formado pela UFMA com curso internacional pela FIFA para treinamentos específicos a árbitros de futebol e a preparação técnica está com Marcelo Filho também com formação pela FIFA com treinamentos específicos para árbitros.

Para ser árbitra basta ter no mínimo 17 anos. Até 25 anos, cursando ensino médio;  de 26 a 30 cursando o curso superior; de 31 em diante com formação superior, caso esteja pensando entra no quadro da CBF.

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