RELIGIÃO

Devoção: Dia de São Pedro é hoje

Referência em festa cultural e religiosa, Tríduo de São Pedro encerra hoje, excepcionalmente na Casa Barrica, na Madre Deus

Foto: Reprodução

29 de junho de 2021. A data marca o segundo ano em que os devotos de São Pedro e amantes da cultura popular não “amanhecerão” na Capela de São Pedro, na Madre Deus para reverenciar o santo, como é feito tradicionalmente há pelo menos 8 décadas. O amanhecer do dia 28 para o dia 29 é uma tradição que arrasta milhares de pessoas que vão ao local para ver, brincar, agradecer, se preencher de cultura maranhense ao som das toadas, matracas, pandeirões, enfim… do bumba-meu-boi.

Este ano, óbvio, não terá a festa cultural como sempre tem acontecido, mas a programação litúrgica sim. O encerramento é nesta terça-feira, em um espaço montado na Casa Barrica, na Madre Deus, pois a Capela está em obras. O tríduo de São Pedro será encerrado com duas missas pela manhã: às 7h e às 10h. Às 16h tem missa solene, seguida de carreata às 17h. No local haverá venda de comida típica em sistema de drive-thru.

O pesquisador e antropólogo Sebastião Cardoso explica que a festa acontece este ano com essas duas excepcionalidades e acredita que mesmo sem a festa, algum grupo de bumba-meu-boi deve aparecer na Casa Barrica para pedir bênçãos ao santo ou ainda pagar alguma promessa. “Nossa capela estava muito comprometida, então, com a obra pelo Governo do Estado ficamos impossibilitados de usar o espaço.  E neste ano, por causa da pandemia, não fizemos a novena, fizemos o tríduo na Casa Barrica, com controle de número de pessoas, de forma virtual e presencial. Este ano temos o sentimento de que o clima está menos triste do que no ano passado. Já vemos mais lives, alguns grupos se apresentando de forma particular. Então pode ser que alguém grupo ainda passe por lá de forma discreta, como aconteceu nos encerramentos dos festejos de São João e de Santo Antônio. Foi uma coisa mais discreta, mas não deixou de acontecer a devoção das pessoas, o pagamento de promessas. Ano que vem espero que estejamos todos juntos, tanto o povo que vai para se divertir, quanto os que vão para rezar”, disse Sebastião.

Para a coordenadora da festa e moradora da Madre Deus, Regina Soeiro, o tríduo é para não estender muito as celebrações, em função da pandemia.

“A gente tem aquele sentimento de solidão, não estamos na nossa casa, que é a Capela, mas estamos na Casa Barrica e o importante é a gente fazer a celebração, levar adiante a espiritualidade para que ela fique acima de qualquer coisa. E ano que vem a gente vai estar com Capela nova e festejo completo”, disse. Resta aos amantes do festejo, a saudade, e a certeza de dias melhores.

Festa de São Pedro começou no Desterro

A fes­ta de São Pe­dro se ori­gi­nou, em 1939, no Des­ter­ro. Em 1940 se mu­dou pa­ra a Ma­dre Deus, vis­to lá ter mais pes­ca­do­res.  Ape­nas em 1949 foi er­gui­da a de al­ve­na­ria, com o apoio do po­lí­ti­co e in­dus­tri­al Ce­sar Aboud, do­no da Fá­bri­ca San­ta Isa­bel, de te­ce­la­gem.

Já a co­mis­são or­ga­ni­za­do­ra da fes­ta, se­gun­do o jor­na­lis­ta, es­cri­tor e pes­qui­sa­dor Her­bert de Je­sus San­tos, só foi cri­a­da em 1945. “As­sim, a fes­ta ga­nhou os noi­tan­tes (ho­me­na­ge­a­dos em to­das as noi­tes de ju­nho, de pes­ca­do­res a do­nas de ca­sas, etc.), lei­lão de pren­das, pro­cis­sões ter­res­tre e ma­rí­ti­ma, além da lou­va­ção de bum­ba-bois, co­me­çan­do com os de za­bum­ba, de­pois, os de ma­tra­ca. A ca­pe­la foi re­for­ma­da três ve­zes, du­as de­las pe­la Pre­fei­tu­ra de São Luís, em 1973 e 1996. A ar­qui­te­tu­ra atu­al da­ta de 1997 e foi fei­ta pe­lo Go­ver­no do Es­ta­do, na pri­mei­ra ges­tão da go­ver­na­do­ra Ro­se­a­na Sarney.”

Em obra

A Ca­pe­la de São Pe­dro es­tá sen­do re­vi­ta­li­za­da pe­lo Go­ver­no do Es­ta­do, por meio da Agên­cia Exe­cu­ti­va Me­tro­po­li­ta­na (AGEM). A obra é uma das ações do Pro­gra­ma Nos­so Cen­tro. Os ser­vi­ços fo­ram ini­ci­a­dos no mês de abril. Ao to­do, se­rá re­vi­ta­li­za­da uma área de apro­xi­ma­da­men­te 4.500m².

Os ser­vi­ços a se­rem exe­cu­ta­dos in­clu­em re­cu­pe­ra­ção de cal­ça­das e da es­tru­tu­ra de con­ten­ção; ins­ta­la­ções elé­tri­ca e hi­dráu­li­ca; pin­tu­ras; pai­sa­gis­mo; ser­vi­ços com­ple­men­ta­res, além da re­cu­pe­ra­ção da es­tru­tu­ra da Ca­pe­la pro­pri­a­men­te di­ta.

Dia de São Pe­dro e São Pau­lo

São Pau­lo Após­to­lo é con­si­de­ra­do uma das co­lu­nas da igre­ja ca­tó­li­ca, ao la­do de São Pe­dro. Am­bos mor­re­ram mar­ti­ri­za­dos no dia 29, que tam­bém é a da­ta do trans­la­do das re­lí­qui­as de am­bos os san­tos. São Pe­dro foi cru­ci­fi­ca­do, mas pe­diu pa­ra que a cruz fi­cas­se de ca­be­ça pa­ra bai­xo, pois não se sen­tia dig­no de ter a mes­ma mor­te que seu mes­tre. Já São Pau­lo foi de­go­la­do em Ro­ma.

Es­sa da­ta ain­da é con­si­de­ra­da o Dia do Pa­pa, pois São Pe­dro, foi o pri­mei­ro Pa­pa da Igre­ja, além de ter si­do o que per­ma­ne­ceu por mais tem­po com es­se tí­tu­lo, por 37 anos. Pe­dro era um pes­ca­dor e foi apon­ta­do por Je­sus co­mo seu su­ces­sor en­tre os do­ze após­to­los, com a mis­são de cons­truir uma igre­ja que con­ti­nu­as­se a obra de Je­sus.

São  Pe­dro, o pri­mei­ro pa­pa, ga­nha um di­fe­ren­ci­al pe­lo en­tre­la­ça­men­to com cul­tu­ra po­pu­lar, ori­gi­na­da das prá­ti­cas do ca­to­li­cis­mo po­pu­lar, que, na sua sim­pli­ci­da­de, re­ve­la a his­tó­ria e de­vo­ção do po­vo da Ma­dre Deus.

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