CINEMA

Cine Eden completa 100 anos

O Cine Teatro Éden, era de propriedade da Empresa Teatral Cinematográfica e foi inaugurado em 19 de abril de 1919 e funcionou até 1984

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O prédio onde funcionou o Cine Eden, na Rua Grande, completou este ano, um centenário de existência. Hoje, abriga uma unidade das Lojas Marisa. Onde abrigou milhares de pessoas que formavam plateia ávida por entretenimento  para apreciar os grandes sucessos do cinema mundial, hoje exibe os últimos lançamentos  da moda feminina, masculina e infantil.

Ali era  um dos santuários da sétima arte, juntamente com o Cine Teatro Arthur Azevedo, que tinha como gestora a família Duailibe, que arrendara o prédio do governo do Estado;  Cine Rival, na Rua Grande;  Roxy, na Rua do Egito; Rialto, na Rua do Passeio;  Rex, no João Paulo e Rivoli, no Anil.

O Cine Teatro Éden,  era de propriedade da Empresa Teatral Cinematográfica e foi inaugurado em 19 de abril de 1919 e funcionou até 1984, quando tinha como seu proprietário o empresário Moisés Tajra. Durante os 65 anos em que esteve em  funcionamento, o Cine Éden exibia os principais lançamentos  de Hollywood e de outras produtoras cinematográficas do mundo inteiro. Até o início dos anos 60, em São Luís não haviam canais de televisão, o principal entretenimento da população era o cinema e o Cine Éden era uma  das principais salas da capital, onde exibiam-se os maiores sucessos cinematográficos.

Era comum  observar grandes filas de pessoas formadas na Rua Grande aguardando uma sessão terminar para assistir ao filme em cartaz, na próxima sessão. Além das exibições de filmes, o Cine Éden, vez por outra, cedia espaço para shows de grande cantores da época, e no período do carnaval, realizava suas matinês, nas tarde de domingo, para  crianças e adolescentes, o que não impedia a participação de adultos penetras, que ali estavam vigilantes ao que os filhos faziam.

Consta que o primeiro filme  exibido no Cine  Éden foi Chispa de Fogo (The Flame of the Yukon), um filme do cinema mudo, produzido pela empresa Triangle Film Corporation, de 1917, dirigido por Charles Miller e estrelado por Dorothy Dalton.

O aposentado José Costa, 75 anos, lembra com saudades, as tardes de domingo em que ia ao vesperal do Cine Éden, com sua namorada Maria, já falecida, quando assistia filmes estrelados por Errol Flynn, Rock Lane, Roy Rogers, Johnny Weissmuller, que qualifica com o melhor intérprete de Tarzan, de todos os tempos, e se recorda também de grande clássicos como Casablanca, estrelado por  Humprhey Bogart e Ingrid Bergman;  Tarde Demais para Esquecer, com  Gary Grant e Deborah Kerr, Spartacus, com Kirk Douglas e outros.

Outra cinéfila inveterada é a  professora  Maria do Rosário, viúva, 72 anos. Ela disse que assistia todos os filmes que eram exibidos no Éden. Às vezes era só, ou com amigas e em outras com um namorado, tendo, assim, casado com um funcionário público que também gostava de cinema. Foi no Cine Éden que os dois se conheceram.

Ela lembra de filmes que marcaram sua vida como Suplício de Uma Saudade, com William Holden e Jennifer Jones; Saeta – O Canto do Rouxinol, com Joselito;  A Um Passo da Eternidade, com Burt Lancaster e Deborah Kerr ; La Violetera, com Sarita Montiel; Sayonara, com Marlon Brando  e Miiko Taka, um drama/romance que teve dez indicações ao Oscar.

Com o advento da televisão, os cinemas começaram a esvaziar e a situação piorou quando abriram-se as locadoras de filmes. A tecnologia acabou por reduzir  as salas de cinema que hoje são encontradas nos shoppings centers. A Lojas Marisa que está instalada no secular prédio do Cine Eden,  mantém ali uma exposição de fotos antigas do cinema que fez a alegria da população ludovicense.

O Cine Éden era administrado pela família de Moisés Tajra, que hoje tem apenas um  descendente vivo, sua filha, a ex-socialite Lurdinha Tajra que foi casada com o jornalista Gerd Pluefger, já falecido. Lurdinha está com a idade muito avançada e acometida do mal de Alzheimer em estado muito avançado, internada no Asilo de Mendicidade, no São Francisco, instituição mantida pela Loja Maçônica Renascença.

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