REFLEXÃO

“A música cura”, diz Zeca Pagodinho sobre CD lançado após a morte do filho

Segundo o cantor, obra reafirma o desejo de apresentar novos compositores ao público, mas sem esquecer de amigos da velha guarda

Rio de Janeiro – Depois de cinco anos sem lançar um álbum de inéditas, chega às lojas o novo disco de Zeca Pagodinho, Ser humano (Universal Music). Em entrevista ao Correio nesta quarta-feira (29/4), na sede da gravadora, o cantor carioca revelou: mais que um disco, Ser humano funcionou como uma terapia diante de adversidades sofridas desde o final do ano passado. A obra enfatiza letras com mensagens de benevolência, alegria e compaixão. “O pagode e o samba precisam ser ‘para cima’, animar as pessoas”, explica.
Em novembro, o cantor foi diagnosticado com um problema na coluna cervical e precisou ser submetido a uma delicada cirurgia. Saiu do hospital sorridente e com um indefectível copo de cerveja nas mãos. Ao receber a reportagem, nem de longe se mostrou abatido. “A música é minha cura. Não pensei em me afastar dos palcos em momento algum. O bom sambista nunca desiste”, garante.
Após o procedimento, passou a cogitar lançar um novo projeto, com ênfase em interpretações inéditas (no entanto, sem esquecer de celebrar velhas amizades, a exemplo de Monarco e Arlindo Cruz).
“Preciso trabalhar para garantir o sustento dessa moçada”, diz, referindo-se a novos sambistas como o sobrinho Juninho Thybau, que assina a faixa Tempo de menino com Kiko Marcellos. “Eles são apontados como a nova geração do samba, e me sinto responsável por divulgar o que tem sido produzido. Aprendi com Beth Carvalho, essa é a filosofia dela. Não importa se é da família, se é amigo, se conheço há 30 anos. Incluo no repertório aquilo que é bom”, acrescenta.
Em três meses, Zeca Pagodinho concluiu todo o processo de gravação de Ser humano, produzido por Rildo Hora. Um tempo recorde considerando os empecilhos enfrentados na vida pessoal.
Luto
Em janeiro deste ano, o cantor passou por um novo momento de crise. A morte do filho, Elias Gabriel, de 28 anos, devido a complicações por problemas pulmonares, o deixou emocionalmente abalado. Dois meses depois, sente a dor do luto novamente: Pagodinho perdeu o pai, Jessé da Silva, por insuficência cardíaca.
Ele aponta para o crucifixo pendurado no peito e diz que, se não fosse pela fé “em Deus e em todos os santos”, não conseguiria exibir a alegria e sorriso, marcas registradas do carioca. “Mesmo com tanta notícia ruim no mundo, não perco a fé na humanidade”, revela. Por essas e outras que, aos 56 anos e três décadas dedicadas à música, Pagodinho continua “benquisto por todo mundo”.
Você sabia?
Zeca Pagodinho lançou 23 discos solos desde que surgiu no mercado o LP Raça brasileira, com vários intérpretes. A obra, produzida há 30 anos, originou a onda de pagode na antiga gravadora RGE.
Além da música, Jessé Gomes da Silva Filho (nome de batismo do cantor), comanda o Instituto Zeca Pagodinho, que ensina música a 120 alunos de baixa renda de comunidades cariocas.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias