MONÇÃO

Instituições e polícia fazem força tarefa para pacificar conflitos entre indígenas e assentados

Força Tarefa conjunta entre Incra, Funai e Governo do Maranhão mediam conciliação entre comunidades por disputa de posse do Lago da Bolívia

Reprodução

Desde o dia 2 de março, já se encontra instalada uma força tarefa composta por técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Força Tarefa Vida (FT-Vida), através da Polícia Militar do Maranhão.

O objetivo principal da missão, é negociar uma saída pacificada para o conflito entre indígenas da etnia Guajajara pertencente à Terra Indígena Pindaré e assentados da reforma agrária do projeto Camacaoca, mais precisamente dos povoados Furo da Bolívia e Serraria. Há pelo menos 5 anos, indígenas e assentados vivem em pé de guerra, por conta da falta de demarcação dos limites entre uma comunidade e outra.

Os ânimos se acirraram de vez, após os indígenas, no dia 27 de fevereiro, terem atacado, munidos de armas de fogo, a propriedade de um dos assentados. Na oportunidade, os índios atearam fogo em duas casas e mataram seis cabeças de gado, além de terem destruído vários eletrodomésticos e uma motocicleta.

A tragedia só não foi maior, porque vizinhos ao ouvirem os tiros e avistarem o fogo nas casas, foram ao socorro do filho da dona da propriedade, que foi encontrado amarrado e bastante machucado.

Em reunião de conciliação, ocorrida na cidade de Santa Inês, na manhã da última quinta-feira (4), com a presença das lideranças indígenas e dos assentados, além dos integrantes da Força Tarefa, os indígenas acusaram INCRA e FUNAI de descaso para com o problema.

A liderança indígena Bruno Guajajara declarou que o conflito só aconteceu devido Incra e Funai se recusarem a fazer o trabalho de demarcação do território. “Nós não queríamos atacar ninguém. Mas foi a maneira de chamarmos a atenção. Só quando os índios param ferrovia e derrubam linha de transmissão vocês aparecem. A prova disso é que esse problema aconteceu no sábado e na terça vocês já estavam em nosso território”, declarou a liderança indígena.

Assentados Ilhados

Com a cheia do Rio Pindaré, boa parte dos campos se alagam e formam lagos e ilhas. É o caso do Lago Bolívia, objeto de disputa dos indígenas. Em época de seca, as comunidades gozam de livre acesso, por meio terrestre. Carros e motos circulam livremente. Porém, no período das cheias, que na região chega a durar até 5 meses, as comunidades ficam isoladas e o problema aumenta ainda mais quando os indígenas impedem nosso acesso. Como relata o assentado Hamilton Franco. “Precisamos urgentemente que INCRA e FUNAI façam o seu trabalho o mais breve possível, do contrário nossas famílias irão padecer de fome e de doenças. Tem pessoas hipertensas lá que não tomam remédios há vários dias. Isso é desumano. Por isso pedimos que as autoridades nos ajudem a garantir pelo menos o acesso mínimo para abastecimento de nosso povoado”, declarou.

O que dizem INCRA e FUNAI

Durante a reunião, tanto os representantes do INCRA como da FUNAI se comprometeram com os indígenas a trabalharem para a resolução do problema em um curto espaço de tempo. O Coordenador Regional da Funai, Emanoel Ângelo, garantiu, sem definir datas, que os marcos demarcatórios serão instalados o mais breve possível. “Vamos solicitar também auxílio da mineradora VALE e do Batalhão de Engenharia do Exército, pois eles têm a expertise nesse tipo de trabalho, além de reunir amanhã com a prefeitura de Monção, afim de que o poder público municipal ajude no reestabelecimento do acesso por via terrestre, tirando as comunidades do isolamento”, declarou.

Ao final da reunião, foi feito aos indígenas um último apelo para que reconsiderassem e fizessem a liberação da passagem das comunidades através do Lago da Bolívia. Os indígenas ficaram de discutir sobre essa possibilidade com os índios que ficaram nas aldeias, mas condicionaram uma resposta positiva com o aceno por parte do governo federal de uma agenda positiva de atividades no que tange a demarcação do território.

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