VÍCIO

A maioria dos usuários de crack em tratamento são de São Luís

Levantamento do Caps-AD Estadual afirma que 80% dos pacientes são usuários de crack e a maior parte, 82%, são da capital

14/03/2012. Crédito: Honório Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luis - MA. Usuários de crack e outras drogas, são vistos no bairro do João Paulo.
Apenas 15% dos que iniciam tratamento contra drogas têm conseguido resistir e se afastar do problema; e 25% abandonam o processo na primeira semana. É o que aponta levantamento do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD Estadual), com base nos atendimentos realizados entre 2013 e 2015. O levantamento diz ainda que 80% destes pacientes são usuários de crack e a maior parte, 82%, são da capital. Álcool, maconha e outras drogas representam 10% do total de casos. Em contrapartida, o número de usuários desta droga caiu em 10%, comparando com o ano passado, e houve aumento em 25% na procura por recuperação. Outro dado positivo foi a diminuição no uso por 55% dos pacientes. “Nosso maior problema hoje é o abandono familiar. Os parentes vêm apenas deixar o usuário, mas não acompanham. Sem esse apoio se torna mais difícil o sucesso do tratamento”, diz o médico e diretor do Caps-AD Estadual, Marcelo Soares Costa.
O médico ressalta ser muito complexa a total recuperação de pacientes envolvidos com drogas. No caso do crack, segundo ele, é necessário um mínimo de seis meses para que se obtenha avanços consideráveis. O médico aponta que, sem ajuda familiar, cerca de 70% estão passíveis de desistir do tratamento. Segundo o levantamento da instituição, de janeiro a julho deste ano, somaram 3.250 atendimentos, sendo 365 novos casos. Ano passado, foram 5.652 pessoas em tratamento. João Paulo (198), Coroadinho (265), Barreto (235), Liberdade (370), Cidade Operária (345) e Centro (285) são as áreas com maior incidência de casos. Os homens são maioria dos pacientes, mas também os que têm procurado mais o tratamento. “A mulher tem os fatores casa, maternidade e trabalho que, por vezes, impedem uma regularidade no tratamento”, explica Marcelo Soares.
Os pacientes chegam ao Caps AD por indicação, vontade própria, orientação familiar e busca feita pela própria instituição com apoio de parceiros. O paciente permanece no local das 8h às 17h. O espaço atende a média de 350 pessoas por mês. Durante a permanência, os atendidos participam de atividades terapêuticas, oficinas de capacitação e tratamento médico (realizam exames clínicos, passam por desintoxicação e medicamentoso). Recebem ainda alimentação e são incluídos em ações de reinserção na sociedade. A família é inserida para acompanhar as etapas da recuperação. A instituição promove ainda palestras educativas e preventivas em escolas da rede pública e privada, e nas comunidades. “O Caps é o caminho para que esse paciente possa ser inserido e se livrar desse problema”, enfatiza o médico.
Nos casos que necessitam internação, o paciente é encaminhado para a UAT – Unidade de Acolhimento Transitório/Unidade de Internação, localizado na Cohab. Neste espaço, os encaminhados ficam em isolamento por 30 dias até seis meses. “São pacientes que por algum motivo não conseguem enfrentar o problema no regime aberto, ou está em vulnerabilidade de rua, sem lugar para ir. É mais um apoio para que ele possa ter forças e se recuperar”, explica Marcelo Soares.
Apoio
As ações das unidades de tratamento se somam ao trabalho da Polícia Militar, que atua na abordagem, retirada de usuários das ruas e encaminhamento às unidades de tratamento. Por meio desta parceria, foram realizadas mais de 20 operações nas ruas dos bairros de maior incidência, culminando com o recolhimento de mais de 500 pessoas. A Polícia Militar age também nas escolas e entre as ações estão monitoramento, prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs/ Aids) e palestras anti-drogas. A Polícia Civil, por meio da Supervisão de Áreas Integradas de Segurança Pública (Saisp), sob coordenação do delegado Joviano Furtado, é outra parceira na iniciativa.
Segundo o delegado Joviano Furtado, a maior parte destes usuários já perdeu vínculo com familiares e não tem onde se acolher quando o processo de desintoxicação inicia. Sem ter onde ficar, eles acabam retornando às ruas após passarem o dia na clínica.
“Muitos voltam para as drogas”, enfatiza. O recolhimento de usuário ocorre mensalmente e conta com equipe de 15 policiais. Como resultado, o delegado aponta a diminuição do número de pessoas usuárias em bairros mais problemáticos, como o João Paulo. Outras áreas já vistoriadas foram São Francisco, Centro, Forquilha, Cohama, São Bernardo, Centro Histórico. Áreas como São Francisco e Forquilha são de constante concentração devido à atividade de tráfico nas proximidades e de guarda de veículos. O delegado aponta como resultado que 50% deste público tem aceitado o tratamento e 15% concluem o processo se recuperando do vício e retornando à vida social, inclusive trabalhando. Também parceira, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semcas) atua no acolhimento de pacientes em situação de rua.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias