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Você conhece os sotaques do Bumba-Meu-Boi?

São cinco segmentos que caracterizam um dos principais ciclos culturais maranhenses e dão o tom ao São João

Reprodução

Tudo começa com uma fogueira. Pandeirões de couro sendo afinados – apesar da grande quantidade de instrumentos sintéticos –, brincantes se aglomerando nos tablados ou no próprio asfalto, fiéis saudando os santos juninos e índias se preparando para a dança. É dada a largada para um dos principais ciclos culturais do Maranhão: o São João.

Além das brincadeiras típicas dos arraiais, entre elas o Cacuriá, Coco, Tambor de Crioula e demais grupos folclóricos, é o Bumba-Meu-Boi que traduz um dos principais traços da identidade do povo maranhense e dá o tom das festanças juninas no estado.

O Bumba-Meu-Boi se configura em cinco sotaques convencionados pelos próprios brincantes e acadêmicos, que dizem respeito a uma ampla gama de características relacionadas aos ritmos, instrumentos utilizados, indumentárias, danças, personagens e religiosidade. São eles Matraca ou Ilha, Zabumba ou Guimarães, Orquestra, Costa-de-mão ou Cururupu e Baixada ou Pindaré.

Sotaques

Atualmente, existem quase cem grupos de bumba-meu-boi no Estado do Maranhão subdivididos em diversos sotaques. Cada sotaque tem características próprias que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo de cadência da música e nas coreografias.

Sotaque de matraca 

É o mais popular e com maior numero de grupos no Estado, tendo surgido em São Luís e tem influência indígena. O instrumento que dá nome ao sotaque é composto por dois pequenos pedaços de madeira, o que motiva os fãs de cada boi a engrossarem a massa sonora de cada “Batalhão”. Além das matracas, são usados pandeirões e tambores-onça (uma espécie de cuíca com som mais grave). Na frente do grupo, fica o cordão de rajados, cablocos de fitas, índias, vaqueiros e caboclos de pena. Os principais grupos de boi de matraca são: Boi de Maracanã, Boi da Maioba e Boi da Pindoba.

Sotaque de Zabumba 

Ritmo original do Bumba-meu-boi, este sotaque marca a forte presença africana na festa, com cadência mais lenta. Originário do município de Guimarães e região. Pandeirinhos, maracás e tantãs, além das zabumbas (grandes tambores), dão ritmo para os brincantes. Os principais grupos são: Boi de Leonardo, Boi de Vila Passos, Boi da Fé em Deus, Boi Unidos Venceremos e Boi de Guimarães.

No vestuário destacam-se golas e saiotas de veludo preto bordado e chapéus com fitas coloridas. O sotaque de zabumba passa por grande crise nos últimos anos, devido à falta de novos brincantes interessados em manter as tradições do mais antigo estilo de boi.

Sotaque de Orquestra 

Ao incorporar outras influências musicais, o Bumba-meu-boi ganha neste sotaque o acompanhamento de diversos instrumentos de sopro e cordas, como o saxofone, clarinete e banjo. Peitilhos (coletes) e saiotes de veludo com miçangas e canutilhos são alguns dos detalhes nas roupas do brincantes. É um sotaque que se originou na região do Rio Munim, e os grupos que se destacam no estado são os: Boi de Nina Rodrigues, Boi de Axixá, Boi de Morros, Boi de Rosário, Boi Brilho da Ilha e Boi Novilho Branco, Boi Mocidade Axixaense e finalmente o Boi do Una, originário da cidade de Morros, cujo sotaque e originalidade das toadas e bailado dos vaqueiros, ainda são autênticos.

Sotaque da Baixada 

Embalado por matracas e pandeiros pequenos, um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público. Outros usam um chapéu de vaqueiro com penas de ema. Apresenta um toque mais lento e suave, embalado por matracas, tambores-onça e pandeiros pequenos. Seus principais grupos são: Boi da Floresta de Apolônio, Boi Oriente, Boi União da Baixada, Boi de Pindaré, Boi Unidos de Santa Fé e Boi Penalva do Bairro de Fátima.

Sotaque Costa de Mão 

Típico da região de Cururupu, ganhou este nome devido a uns pequenos pandeiros tocados com as costas da mão. Sua origem estaria ligada à vida dos negros que eram castigados nas mãos pelos seus senhores, tocando os pandeiros com as costas das mãos por estas estarem feridas e não perdessem a festa de São João. Caixas, tambores-onça e maracás de metal completam o conjunto percussivo. Além de roupa em veludo bordado, os brincantes usam chapéus em forma de cogumelo, com fitas coloridas e grinaldas de flores. Os grupos mais conhecidos são: Rama Santa, Brilho da Sociedade, Soledade e Brilho da Areia Branca.

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