SAÚDE

Homens morrem mais no Maranhão vítimas do novo coronavírus

Dados são baseados em boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão na última terça-feira

Reprodução

Já são 101.467 casos confirmados de Covid-19, de acordo com último boletim divulgado pela SES, com 18.107 pacientes ativos (em isolamento domiciliar, internação em enfermaria e em UTI), 2.536 vidas perdidas e 80.824 pessoas recuperadas. Nas últimas 24 horas foram registrados 85 novos casos na Ilha de São Luís, 49 em Imperatriz e 1.503 nas demais regiões. Pela evolução do novo coronavirus no Maranhão, em 23 de junho haviam sido contabilizados 77.021 casos. Até 14 de julho o número de casos chegou a 101.467, 23 mil casos a mais em menos de 1 mês.

Novos óbitos também foram registrados nas cidades de Chapadinha, Itinga do Maranhão, Presidente Dutra, Olinda Nova do Maranhão, Vargem Grande, Coelho Neto, São Bernardo, Bacabal. Humberto de Campos, Santa Luzia, Pedreiras, Brejo. São José de Ribamar, Barra do Corda, Mirador, Caxias, Imperatriz, Timon e São Luís. Segundo a SES, dos novos óbitos nenhum foi registrado nas últimas 24h.

“Os demais foram registrados em dias e/ou semana anteriores e aguardavam resultado do exame laboratorial para Covid-19”, diz o boletim.

Dos números de casos confirmados por faixa etária, 20.859 estão entre 30 e 39 anos, seguido de 16.819 casos em pessoas com 40 a 49 anos. O menor índice é de crianças de 0 a 9 anos, com 1.771 casos. Com relação às vidas perdidas, o maior índice está em pessoas com faixa etária acima dos 70 anos: 1.373 falecimentos.

Raimundo Luiz Franco, 72 anos, aposentado, é um desses casos. Ele passou 20 dias internado. Era hipertenso e diabético. Natural de Cedral, morava na capital desde os 15 anos. Deixou esposa, 3 filhos, 5 netos. “Foi algo que jamais a gente poderia esperar. Acreditamos que ele ia se recuperar até o último segundo. Mas não deu”, lamenta a filha, Juliana.

Quando se fala de contagem por sexo, de acordo com o boletim da SES, a doença atingiu 55% de pessoas do sexo feminino, com 55.779 casos. Em pessoas do sexo masculino, 45.688. Mas em relação aos casos de vidas perdidas, os homens estão em maioria, com 1.573 mortes registradas (62%).

Dos casos confirmados por raça X cor, 34.326 de pessoas pardas foram atingidas. 1.121 pessoas que perderam a vida também foram declaradas parda.

Do total de pessoas que morreram vítimas de Covid-10, 87% delas tinha algum tipo de comorbidade (2.214), sendo que a maioria delas foi registrada com hipertensão arterial. Mais de mil pessoas (1.429) tinham essa comorbidade. No entanto, a SES esclarece que um óbito poderá ter tido uma ou mais comorbidades.

No estado, 50 profissionais de saúde perderam suas vidas. 2.698 foram atingidos pela doença e 2.592 foram recuperados. Dentre os profissionais estão médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e técnicos de enfermagem. De acordo com a SES, os profissionais infectados estão sendo acompanhados e a testagem está sendo realizada também nas unidades de saúde onde eles trabalham.

Pela evolução do novo coronavirus no Maranhão, em 23 de junho haviam sido contabilizados 77.021 casos. Até 14 de julho o número de casos chegou a 101.467, 23 mil casos a mais em menos de 1 mês.

Por que a covid-19 mata mais homens?

Desde o início da pandemia, especula-se por que os homens sofrem mais com a infecção pelo novo coronavírus. Entre os argumentos estão os de que eles supostamente prestam menos atenção à saúde, fumam mais, se alimentam pior. Especialmente a geração mais velha teria um estilo de vida pouco saudável. Além disso, alguns afirmam, os homens geralmente costumam demorar mais para procurar um médico.

Segundo a iniciativa de pesquisa Global Health 50/50, dados de mais de 20 países confirmam que as mulheres são infectadas pelo vírus com a mesma frequência que os homens. Mas é mais provável que os homens contraiam covid-19 e morram da doença. Nos países pesquisados, os homens representam cerca de dois terços das mortes.

Isso certamente também se deve à condições de saúde pré-existentes. Por exemplo, os homens sofrem com muito mais frequência de doenças cardiovasculares, das quais eles também morrem com maior incidência do que as mulheres.

Outro fator decisivo é a estrutura etária: de acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), da Alemanha, pelo menos duas vezes mais homens do que mulheres morreram em todas as idades até a faixa etária de 70 a 79 anos. Somente então a proporção se estabiliza. Depois, ela se inverte novamente, a partir da faixa etária de 90 a 99 anos.

No entanto, é provável que isso se deva ao fato de que existem significativamente mais mulheres muito mais velhas do que homens. Mesmo o instituto alemão é incapaz de citar as razões para essa diferença entre os sexos.

Receptor mais presente nos homens

O receptor da enzima ECA2 pode desempenhar um papel importante, porque serve como uma espécie de porta de entrada para as doenças covid-19, sars e mers, causadas por coronavírus. Os homens também foram mais afetados pela mers, diz Bernhard Zwissler, Diretor do Departamento de Anestesiologia do Hospital da Universidade de Munique (LMU).

De acordo com um estudo do Centro Médico Universitário Groningen, na Holanda, o receptor da ECA2 é encontrado em concentrações mais elevadas nos homens. Os pesquisadores descobriram esta diferença entre os sexos enquanto investigavam uma possível correlação entre o receptor e a insuficiência cardíaca crônica.

De acordo com Zwissler, os pesquisadores estão atualmente investigando se a administração de inibidores da ECA, como drogas anti-hipertensivas, leva ao aumento da formação do receptor da ECA2 nas células, o que as tornaria mais suscetíveis à infecção. Segundo os pesquisadores, isso é certamente concebível, mas ainda nada foi provado.

Sistema de defesa das mulheres

Em comparação, o sistema imunológico feminino é mais resistente que o dos homens. O hormônio sexual feminino estrogênio é o principal responsável por isso. Ele estimula o sistema imunológico e age mais rapidamente e de forma mais agressiva contra patógenos. A testosterona masculina, por outro lado, inibe as próprias defesas do corpo.

Segundo virologistas, o fato de que o sistema imunológico das mulheres geralmente reage mais rapidamente e de forma mais intensa às infecções virais do que o dos homens também é evidente em outras doenças virais, como influenza ou simples resfriados.

Por outro lado, as mulheres sofrem mais frequentemente de doenças autoimunes, nas quais o sistema imunológico reage em excesso e ataca suas próprias células – uma possível complicação também com a covid-19.

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