POLÊMICA

Joãozinho Trinta pode perder homenagem no Rio de Janeiro

Considerado o maior carnavalesco que o Brasil já teve por conta de sua genialidade, Joãozinho Trinta, pode perder o reconhecimento para um bicheiro do Rio de Janeiro

Reprodução

O carnavalesco maranhense, filho de Cururupu, mais famoso do Brasil, conhecido como Joãozinho Trinta, corre o risco de perder para um bicheiro, a homenagem mais importante recebida do Rio de Janeiro. Mesmo com o nome projetado na cultura nacional e mundial, pela revolução que fez no carnaval carioca, o artista João Clemente Jorge Trinta, nascido em Cururupu em 1933 e falecido em 2011, está sendo vitima de inveja.

O vereador Marcelo Siciliano apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, para rebatizar a “Cidade do Samba Joãozinho Trinta”, um gesto de destrato ao artista que dedicou toda a sua vida e inteligência à cidade que o adotou. A “Cidade do Samba” fica na zona portuária da capital fluminense. Batizada com o nome do famoso carnavalesco fez fama na Beija-Flor de Nilópolis, com passagem ainda pelo Salgueiro, Ruma do Riachuelo, Peruche, Viradouro, Nenê, Grande Rio e Vila Isabel.

De acordo com o jornalista Lauro Jardim, colunista de o Globo, o projeto do vereador Siciliano, a Cidade do Samba passaria a chamar-se “Luizinho Drummond”, ex-patrono da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, e descrito pelo vereador como um grande empresário. Porém, o jornalista Jardim, diz tratar-se de um bicheiro, integrante da cúpula do jogo do bicho carioca, já tendo sido preso e condenado a nove anos de reclusão. Com a troca de nome da Cidade do Samba, o carnavalesco maranhense será destratado por um vereador, cuja intenção ninguém sabe avaliar.

Campeão dos campeões – O que a história do Carnaval carioca deve a Joãozinho Trinta é uma explosão de cultura, história, criatividade e ousadia nos 37 desfiles carnavalescos escritos pelo cururupuense, a partir de 1971, com o enredo “Festa para um Rei Negro”, tornando o Salgueiro campeão. Até 2005, quando fez o último trabalho para a Escola Vila Isabel, com o tema “Singrando em mares bravios… E construindo o futuro”, Joãozinho Trinta foi o que se pode chamar de primeiro e único na história do Carnaval carioca. Ele foi ícone mundial.

Uma vida e vários enredos carnavalescos

CARNAVALESCO JOÃOZINHO TRINTA COMEÇOU A CARREIRA NA ESCOLA DE SAMBA SALGUEIRO, EM 1961, COM DESFILES MEMORÁVEIS 

Depois de tornar Salgueiro campeão, Joãozinho Trinta conquistou mais os seguintes títulos máximos do carnaval carioca: “O Rei da França na Ilha da Assombração” (Salgueiro) (1974), “Os segredos das Minas do Rei Salomão” (1975), “Sonha com Rei dá Leão”, já na Beija Flor (1976), repetindo o mesmo título em 1977, com “Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egipciana”; em 1978, com “A Criação do Mundo segundo a Tradução Nagô”; 1980, com “O Sol da Meia-Noite – Uma viagem ao País das Maravilhas”; 1983, com “A Grande Constelação das Estrelas Negras”, todos na Beija-Flor de Nilópolis; e 1977, com “Trevas! Luzes! A explosão do Universo”, desta vez na Viradouro, seu último titulo de campeão. Conquistou ainda o vice-campeonato do Carnaval Carioca por sete vezes.

Mas toda a carreira de Joãozinho Trinta começou por São Luís, onde viveu até os 10 anos de idade, onde já trabalhou como dançarino. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1957, para estudar dança clássica no Teatro Municipal. Durante 30 anos, fez parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal e apresentou duas óperas – O Guarani, de Carlos Gomes; e Aída, de Giuseppe Verdi.

Começou sua carreira carnavalesca no Salgueiro, em 1961, como segurança, dois anos depois, a escola foi campeã do carnaval, com o enredo Xica da Silva de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Sempre como segurança, viu sua escola ser campeã também nos anos de 1965, 1969 e 1971, Após a saída dos carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, foi promovido a carnavalesco da escola onde fez carreira solo com a artista plástica Maria Augusta no carnaval de 1973, com o enredo “Eneida: Amor e Fantasia”. Já como carnavalesco-solo ganhou o bicampeonato em 1974 com “O Rei de França na Ilha da Assombração” e em 1975 com “O Segredo das minas do Rei Salomão”.

Quem é Luizinho Drumond

O projeto do vereador Marcelo Siciliano (1848/2020) , que rebatiza a Cidade do Samba Joãozinho Trinta, para homenagear o empresário e bicheiro carioca Luiz Pacheco Drummond, que morreu no dia 1 de julho, vítima de um AVC, aos 80 anos.

Localizada na região central da capital fluminense, mas precisamente na Zona Portuária, a Cidade do Samba é uma área destinada aos barracões das escolas de samba.

No texto da proposta, o vereador diz que Luiz Pacheco Drumond, mais conhecido como Luizinho Drumond, foi um empresário ligado ao mundo do  samba reconhecido pela sua fascinação pelo carnaval carioca, onde sempre esteve presente.

Luizinho Drumond Exerceu no período de 1998 a 2001 a presidência da Liga Independente das Escolas de Samba – Liesa, sempre atuando no mundo do carnaval, teve sua vida no samba, ligada a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.

O vereado justifica a proposta dizendo que a atuação do empresário no carnaval do Rio de Janeiro, contribuiu para que a festa popular se transformasse na maior manifestação cultural do mundo. Incentivando o turismo na cidade. Luizinho Drumond Exerceu no período de 1998 a 2001 a presidência da Liga Independente das Escolas de Samba – Liesa. Ele também foi presidente de honra da Imperatriz Leopoldinense. Sob seu comando, a escola conquistou tricampeonato (1999, 2000 e 2001).

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