ALTERNATIVA

Cinema lança filmes, mesmo fechado durante pandemia

Criação de plataformas próprias e serviços de terceiros viabilizam trabalho das distribuidoras de títulos. Nesta quinta (28), duas iniciativas começam a operar

Evento será realizado de forma quinzenal. (Foto: Reprodução)

Filmes inéditos nos cinemas brasileiros, impedidos de chegar às salas em decorrência da pandemia do novo coronavírus, já estão disponíveis para os espectadores. Pelo menos os títulos do cenário independente. Além dos conhecidos serviços de vídeo sob demanda (Now, Vivo Play, Google Play, iTunes e YouTube), que já operavam antes da crise sanitária, plataformas alternativas surgiram como um novo meio de lançamento para o cinema autoral.

No ar desde outubro de 2019, o Petra Belas Artes à La Carte, serviço do tradicional cinema de rua homônimo de São Paulo, foi lançado com um acervo de filmes cults e clássicos. 

Com poucos recursos de início, a plataforma foi aprimorada no mês passado – ganhou aplicativo e começou a lançar, com exclusividade, filmes inéditos. Nesta quinta (28), estreará O hotel às margens do rio, de Hong Sang-soo, considerado o Woody Allen do cinema sul-coreano. 

“No geral, o VOD (vídeo on demand) pode ser uma boa saída para filmes independentes. É um pouco mais democrático, já que alcança todas as cidades. Hoje, muitas vezes, um lançamento só chega a 10 ou 11 estados, no máximo. Agora, vejo o streaming como outra forma de entretenimento, não acho que ele veio para substituir o cinema”, afirma Juliana Brito, programadora do Belas Artes. 

Uma série de filmes inéditos estará disponível para o espectador a partir de hoje, com o lançamento de uma plataforma chamada Cinema Virtual. Diferentemente de outras iniciativas do gênero, o Cinema Virtual insere no jogo o exibidor (ou seja, o dono das salas), que desde o início da quarentena, com o fechamento dos cinemas, está sem ação.

A cada quinta-feira serão lançados entre 10 e 15 filmes, inéditos no cinema e em outras plataformas. 

O usuário vai escolher não só o filme a que vai assistir, como também a rede exibidora de sua preferência. Assim, o exibidor receberá parte da renda de cada sessão.

CONEXÃO

“O Cinema Virtual não é um serviço de streaming convencional, que busca direto o usuário final. Nós nos colocamos como uma plataforma operacional para conectar o exibidor e o distribuidor”, diz Marcelo Nunes, idealizador da plataforma.  

Por ora, o projeto vai trabalhar com filmes das distribuidoras Vitrine (responsável pelo lançamento de Bacurau, por exemplo), Elite (que adquiriu o polonês indicado ao Oscar Corpus Christi) e A2 Filmes (que levou aos cinemas no ano passado A tabacaria).

O exibidor não paga para participar, só tem que liberar a marca de seu cinema para que ela seja disponibilizada na plataforma. “No primeiro momento, oferecemos para todos os exibidores. Mas não estamos fazendo questão de fechar com as grandes redes. Temos dado preferência para grupos pequenos e médios, de cidades do interior, por exemplo”, comenta Nunes.

Para ter acesso ao título, o espectador deve escolher o filme, estado, cidade e rede exibidora de preferência. Os filmes comprados vão valer por 72 horas e podem ser vistos por até três plataformas diferentes. Cada título ficará em cartaz por até 15 dias. Depois deste lançamento, o filme terá que esperar até 90 dias para ser oferecido pelas plataformas digitais.

Neste momento inicial, 55 títulos foram confirmados pelo Cinema Virtual. Hoje estreiam 10, entre eles o drama Antes de partir, de Oded Binnun e Mihal Brazis, que apresenta Brian Cox como um homem ranzinza, que, ao descobrir ter poucos meses de vida, vai para São Francisco, onde vive seu filho, com quem tem uma relação conturbada.

Outra atração é a animação Os olhos de Cabul, de Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévellec, que foi selecionado para a mostra Um certo olhar, do Festival de Cannes do ano passado. Na história, um jovem casal apaixonado tenta viver sob o regime do Talebã, no Afeganistão.

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