SÉCULO XVII

Saiba tudo sobre a capela em que Padre Antônio Vieira fez o “Sermão aos Peixes”

A Capela é das mais antigas da cidade e guarda história.

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Considerada uma das primeiras edificações religiosas em São Luís, a Capela Senhor Bom Jesus dos Navegantes, foi construída pelos capuchinhos franceses, em 1613. Lá, dentre vários fatos históricos, o Padre Antônio Vieira proferiu o célebre “Sermão aos Peixes” no ano 1654. Em meados do século XIX, com a construção da Igreja de Santo Antônio, a Capela foi anexada ao prédio da igreja. Possui um vasto acervo mortuário onde foram enterrados membros do alto clérigo da Igreja Católica e de famílias nobres e ilustres da elite maranhense, a exemplo da matrona  Ana Jansen, do professor Barbosa de Godóis, entre outros.

Lado a lado com a importância histórica, vem a questão arquitetônica. A capela do Senhor Bom Jesus dos Navegantes é uma construção do século XVII, realizada pelo Jesuíta Frei Cristóvão de Lisboa. Este, ao chegar em São Luís, encontrou em ruínas o Convento de São Francisco, obra dos capuchinhos franceses, que tiveram que o abandonar, quando de sua expulsão. Verificando a importância do convento, o referido jesuíta resolve então edificar um novo, com o nome de convento de Santa Margarida, e junto a este, reconstituiu também, a capelinha onde celebravam seus ofícios.

Para o pesquisador e historiador Antonio Noberto, o local é um tesouro, que, apesar de toda a existência ainda precisa ser lapidado. “É uma riqueza que o Maranhão tem. Então para começar, a Capela dos Navegantes é a primeira construção em pedra do Maranhão, construída a partir de julho de 1613, quando chegou o reforço dos franceses e construíram o convento Sain-François, que é o convento São Francisco e lá, por exemplo, foi sepultado o primeiro europeu oficialmente, que é Ambrósio de Amiens. Ele morreu e foi sepultado no altar, na Capela dos Navegantes, que é o núcleo dos franceses. Foi ali também que aconteceram as confabulações para a revolta de Beckman (1684)”, disse o pesquisador.

O Processo das Formigas dos frades

 Também o local foi palco de um processo inusitado, que ficou conhecido como O Processo das Formigas (1706), movido pelos frades capuchinhos do Convento Santo Antônio. De acordo com os relatos, os “insetos-réus” foram acusados da prática de furto qualificado, por retirarem farinha de um depósito mantido pelos religiosos que habitavam o seminário. As formigas também foram acusadas de crime de dano por cavarem caminhos subterrâneos que colocaram em risco a segurança do edifício dos monges.

Solenidades religiosas

Nela são realizadas as tradicionais solenidades religiosas, responsabilidade da Irmandade de Bom Jesus dos Navegantes, a exemplo da  tradicional Procissão do Senhor Morto, na Santa Santa. A Capela é das mais antigas da cidade e guarda história. No local há imagens seculares, inúmeras sepulturas dispostas em seus corredores. Esta é uma antiga tradição de famílias mais abastadas que tinham a honra de enterrar seus entes queridos dentro das Igrejas. “Além dos restos mortais de Ana Jansen que está logo na entrada, tem a de Antonio Barbosa de Godois, que fez o hino do Maranhão. Lá está também Dr. Antônio dos Santos Jacintho o médico fez a autópsia no corpo de Mariquinhas “devassa”, no famoso crime do Desembargador Pontes Visgueiro, que foi preso, morreu no Rio de Janeiro e sepultado no complexo cemiterial do Caju. Então é um local realmente muito rico e que precisa ser preservado e estudado”, disse Noberto.

O local deve passar por uma reforma com trabalhos de pintura, capina, dentre outros, que segundo a gestora do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, Amélia Cunha, deve ser iniciada em breve. As casas de cultura, museus e espaços culturais ainda estão fechados para visitação, mas agendamentos podem ser feitos pelo perfil do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, na rede social Instagram. “É a história do Maranhão, de São Luís, e muita gente desconhece o local e sua importância histórica”, disse Amélia Cunha.

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