BASTIDORES

Reação coletiva

O Nordeste tem quase tudo que o presidente Jair Bolsonaro não aprecia de bom grado. Não tem sotaque carioca. Tem um imenso contingente de pobres extremados; foi a região na qual ele obteve a menor votação para o cargo que ocupa. Tem os piores indicadores sociais que significam maior dependência do governo federal. É também […]

O Nordeste tem quase tudo que o presidente Jair Bolsonaro não aprecia de bom grado. Não tem sotaque carioca. Tem um imenso contingente de pobres extremados; foi a região na qual ele obteve a menor votação para o cargo que ocupa. Tem os piores indicadores sociais que significam maior dependência do governo federal. É também a região com maior história de resistência desde a colônia e nela os governadores se anteciparam em criar um consórcio para reivindicar coletivamente solução para problemas idênticos. É ainda onde deputados e senadores emprestaram menos votos à Reforma da Previdência.

Como o Nordeste tem sido tão diferente com Bolsonaro desde a eleição, ele também não poupa críticas a governadores que lhe fazem oposição. O do Maranhão, Flávio Dino, único no Brasil eleito pelo PCdoB em 2014 e 2018, Bolsonaro o vê como espécie de salteador ideológico da esquerda, por ser ainda implacável nas críticas às suas posições e propostas enviadas ao Congresso, como a Reforma da Previdência.

Reação coletiva da noite de sexta-feira saiu em forma de uma carta assinada pelos nove chefes de estado do Nordeste. No documento, eles criticam o comportamento de Jair Bolsonaro (PSL) após o presidente deixar a entender que pretende retaliar os estados do Maranhão e Paraíba.

Sem saber que seu áudio estava aberto em uma transmissão ao vivo, Bolsonaro, falando ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, referiu-se aos governadores do Nordeste como “governadores de Paraíba” e que o do Maranhão “é o pior deles”. A frase foi captada por microfones da TV Brasil, sem que o presidente percebesse.

Na carta, os governadores nordestinos dizem que receberam com espanto a manifestação do presidente e que esperam respeito ao pacto federativo, onde é exigido que os governos mantenham diálogos e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas. Pedem ainda esclarecimentos por parte do presidente em relação ao conteúdo divulgado, além de reiterarem a defesa da Federação e da democracia. Mais cedo, por meio de suas redes sociais, Flávio Dino afirmou, contudo, que, independente da postura do presidente continuará buscando diálogo institucional com representantes do governo federal.

Relações institucionais
Governador da Paraíba, João Azevêdo respondeu ao presidente Bolsonaro: “Paraíba existe e precisa de atenção do governo federal. Condenamos toda e qualquer postura que venha ferir os princípios básicos da unidade federativa e as relações institucionais deles decorrentes”.

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