BASTIDORES

“Ordem e Progresso” — um lema maranhense ?

A Apropriação De Teixeira Mendes, a inspiração em Auguste Comte e a “Meditação” de Gonçalves Dias. — Gonçalves Dias escreveu “ordem e progresso” seis anos antes de Comte. — É possível ainda escrever-se algo inédito?  Há dois anos, em 5 de setembro de 2017, completaram-se 160 anos da morte do escritor e filósofo francês Auguste […]

A Apropriação De Teixeira Mendes, a inspiração em Auguste Comte e a “Meditação” de Gonçalves Dias.

— Gonçalves Dias escreveu “ordem e progresso” seis anos antes de Comte.

— É possível ainda escrever-se algo inédito?

 Há dois anos, em 5 de setembro de 2017, completaram-se 160 anos da morte do escritor e filósofo francês Auguste Comte, ocorrida em Paris em 5 de setembro de 1857.

O nome completo do talentoso francês era Isidore Auguste Marie François Xavier Comte e ele nasceu em Montpellier, em 19 de janeiro de 1798. Assim, em 2018, completaram-se 220 anos de nascimento do criador do Positivismo.


 Este artigo (cuja primeira parte foi publicada aqui na terça-feira passada, 02/07/2019) é um texto aligeirado sobre “anterioridades” relacionadas ao lema “Ordem e Progresso”, que foi apropriado pelo caxiense Raimundo Teixeira Mendes de texto (e ideias) de autoria do filósofo Auguste Comte, de que ele era seguidor.

Segundo o jornal “Le Monde”, de Paris, a expressão “Ordem e Progresso” é do livro “Système de politique positive”, de Auguste Comte, publicado em 1852, onde originalmente está a frase inspiradora do lema da Bandeira do Brasil: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim.”;

Mas bem antes de Comte, precisamente seis anos antes, Gonçalves Dias escreveu sobre “Ordem e Progresso” Foi em sua obra “Meditação”, de maio de 1846:.“Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: — e o que realizar uma obterá a outra.”

Claro que há distinções, diferenciações na textualização de “Ordem e Progresso”: Gonçalves Dias escrevia um romance; Auguste Comte defendia uma causa, queria instituir uma nova religião, por ele considerada a “religião da humanidade”, o Positivismo. Assim, a palavra “ordem” e a palavra “progresso”, isoladamente ou em conjunto, permeiam os livros, os textos do autor francês, inclusive mesmo antes de sua obra de 1852, considerada a obra-fonte da frase que inspirou o caxiense, maranhense e brasileiro Teixeira Mendes na elaboração da Bandeira de seu país.

Gonçalves Dias dominava o francês, conhecia Paris. Poderia ter tido acesso à obra comtiana? Sim, poderia. Por sua vez, Teixeira Mendes, que conhecia Comte, que conhecia a França e sabia francês TAMBÉM conhecia seu conterrâneo, o igualmente caxiense, o talqualmente maranhense e patrioticamente brasileiro Gonçalves Dias. Não tenho dúvidas de que Teixeira Mendes verdadeiramente bebeu na frase de Auguste Comte.

Também não tenho dúvidas de que, consideradas as datas das obras do francês Comte (“Sistema de Política Positiva”) e do caxiense Gonçalves Dias (“Meditação”), este, no mínimo, tem uma certa anterioridade na construção frasal, acrescida de complemento explicativo.

Evidentemente, ninguém tem domínio de tudo o que se escreve e já se escreveu nos diversos idiomas  — existentes e extintos —  em nosso planeta. Registros estatísticos nos informam que surge 1 livro novo a cada 30 segundos. Que em 1 ano são UM MILHÃO (1.000.000) de livros, isto é, de novos títulos, os quais precisariam de 20 quilômetros de estantes para acomodá-los. Tristemente se registra que, para cada livro que um ser humano lesse em 1 dia, ele teria de não ler outros QUATRO MIL livros (4.000).

Desse modo, é quase impossível não haver construções frasais iguais ou assemelhadas nos livros e literaturas deste mundo de mais ou menos duzentos países, do “A” do Afeganistão ao “Z” do Zimbábue.

Como já escrevi, nós humanos temos de ser ilimitados em nossos limites: temos, em caracteres latinos, apenas 27 letras para escrevermos todos os poemas de amor — e mesmo as declarações de guerra;…

…temos apenas 10 algarismos para com eles calcularmos todas as distâncias astronômicas e medirmos as variadas dimensões microscópicas;…

…temos apenas 7 notas musicais, para com elas elaborarmos a sinfonia mais enlevadora e a música brega mais rasgada…

Enfim, somos incontidos em nossas contenções.

Somos sobreposições.

Somos humanos — buscando uma ORDEM no caos ético e o PROGRESSO ante desigualdades sociais.

Somos humanos. (edmilsonsanches@uol.com.br)

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