SERÁ?

Nuvem de gafanhotos chega a São Luís? Checamos!

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra diversos insetos voando em um trecho específico da avenida Colares Moreira.

Nesta quarta-feira (15), um vídeo gravado no bairro do Renascença, em São Luís, viralizou em grupos de conversa nas redes sociais. Ele mostra diversos insetos voando em um trecho específico da avenida Colares Moreira.

“Olha só como está a moto lá!”, diz o homem que segura a câmera enquanto filma o movimento dos invertebrados, alguns dos quais pousando em uma motocicleta estacionada na avenida.

As mensagens compartilhadas nas redes sociais junto ao vídeo afirmam: “Finalmente chegou em São Luís, ataque de gafanhotos”. Mas, afinal, o tom alarmista faz ou não algum sentido? Checamos!

“Analisando o vídeo, não dá para afirmar que tipo de inseto é. Pode ser uma espécie de gafanhoto, pode ser libélula. A visualização é difícil, mas posso afirmar com certeza que, seja o inseto que for, não se trata de nenhum ‘ataque’ ou invasão”, assegura Maximiliano Siqueira, biólogo com mestrado em Ciência Animal e especialista em Engenharia Ambiental.

Maximiliano Lincoln Soares Siqueira é Biólogo, Mestre em Ciência Animal, Especialista em Engenharia Ambiental, Consultor Ambiental especialista em animais silvestres.

O especialista Max Siqueira comenta que a quantidade de insetos vistos no vídeo não configura uma “nuvem de gafanhotos”, como a que hoje está no território argentino, a cerca de 100 km do Brasil. A cidade brasileira mais próxima do ponto onde os bichos estão é Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

“Para chegar a São Luís, esses gafanhotos teriam que passar por outras regiões do país, atravessá-lo inteiro. E aqui mesmo na cidade, eles não surgiriam de repente no bairro do Renascença, certamente seriam vistos em outras localidades”, afirma o biólogo.

Max Siqueira também destaca que, ainda que sejam gafanhotos nativos das regiões de mata urbana na capital maranhense, os bichos não representam nenhum tipo de ameaça. “Os gafanhotos só podem ser considerados pragas quando afetam a saúde do meio ambiente e a economia. No campo, por exemplo, por devorarem plantios e pastos, eles são combatidos. Os gafanhotos são muito comuns em áreas verdes. É apenas um fato curioso quando vários deles são vistos na área residencial”, esclarece.

Berçário de invertebrados

Cercada de água de rios, mares e da própria Lagoa da Jansen, por exemplo, a Grande Ilha de São Luís é repleta do que o biólogo Max Siqueira chama de “berçários de invertebrados”. Nas áreas mais próximas a córregos e praias, é comum ver, em diferentes épocas do ano, um boom, ou seja, uma superpopulação de insetos das mais variadas espécies. “Este ano, já houve o boom das formigas de asas, no primeiro semestre, durante o período chuvoso; já houve o boom de cupins; entre outros”, exemplifica Max.

O estudioso lembra que as chuvas que ainda caem em São Luís também favorecem a proliferação de diversos tipos de insetos, em especial, por causa da associação da alta umidade com as temperaturas elevadas registradas no norte do Maranhão.

Nuvem de gafanhotos

A equipe do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar da Argentina (Senasa) localizou na tarde desta segunda-feira (13) a área de pouso da nuvem de gafanhotos que, desde junho, circula pela província de Corrientes na Argentina, na divisa com o Rio Grande do Sul.

Segundo boletim divulgado por agentes do órgão federal argentino, a nuvem de gafanhotos é monitorada para o planejamento de uma ação de combate, que ainda deve ser definida pelos técnicos. Para isso, a expectativa é de que o frio na região mantenha os insetos no mesmo local.

A nuvem de gafanhotos é originária do Paraguai, onde os insetos destruíram lavouras de milho. Segundo especialistas, é possível que em um quilômetro quadrado se sustentem até 40 milhões de gafanhotos, com capacidade para consumirem, em um dia, a quantidade de pastagem equivalente a 2 mil vacas ou 350 mil pessoas. 

Agrônomos e produtores argentinos apontam que os gafanhotos podem adentrar o território brasileiro pelo oeste do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Entretanto, não há preocupação com danos à vida humana, apenas com pastagens e produções agrícolas.

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