SAÚDE

Menos de 1% dos maranhenses têm plano de saúde

Especialistas afirmam que o número de beneficiários de planos médico-hospitalares está diretamente relacionado ao desempenho da economia e o nível de emprego

Foto: Reprodução

Recente pesquisa mostrou que quase 70% dos brasileiros não têm plano de saúde particular. Uma dessas pessoas, embora não tenha feito parte da pesquisa, é Maria de Fátima Rêgo. A artesã de 62 anos diz que já teve plano há muito tempo, quando trabalhava em uma grande empresa. Depois que saiu, não teve condições de arcar sozinha com os custos. Desde então, quando precisa de médico, recorre ao serviço público. “Quanto mais a gente vai ficando velha, mais caro o plano fica, e a gente vai ficando sem condições de pagar para ter um atendimento melhor, infelizmente”, diz.

A pesquisa foi feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Nela, 69,7% dos brasileiros não possuem plano de saúde particular – seja individual ou empresarial. O percentual é ainda maior entre as pessoas das classes C, D e E, que chega a 77%. “Quando é algo mais urgente, eu acabo pagando, mas, em geral, quando dá para esperar, recorro ao sistema público mesmo”, completa Maria de Fátima.

Consumidores das 27 capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas foram consultados. Para a pesquisa foram feitas 1,5 mil entrevistas, de 15 a 26 de setembro de 2017, com uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais.

No Maranhão, para uma população de pouco menos de 7 milhões, o total de 460.227 usuários de plano de saúde representa 0,06% de maranhenses que têm o serviço. Já com relação ao Brasil, que tem 47.300 milhões de vínculos, o Maranhão representa 0,009% de vínculos, se compararmos com os dados de 2017.

Para a corretora de seguros Ana Alice Alencar, a procura por planos tem se mantido razoável neste início de ano. “Nem muito, nem escassa. Porém, a maior procura é para crianças. Adultos fazem menos adesão, e os de mais idade até procuram, mas poucos aderem por questão de valores que eles consideram muito alto para a faixa etária”, diz.

Maranhão ocupa último lugar em taxa de cobertura

Com as altas mensalidades das prestadoras de planos médicos, cresce a procurar pelos serviços do sus no estado. Foto: Reprodução

Em outro dado, revelado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, dentre os estados do Nordeste que tiveram aumento de beneficiários, o Maranhão teve um pequeno acréscimo em 2017, se comparado ao ano de 2016. Em janeiro de 2017, o estado tinha 459.096 beneficiários. Já em janeiro de 2018, 460.227, representando 0,3 ponto percentual de acréscimo.

Embora com essa pequena variação positiva, de 1.131 beneficiários, não houve variação no percentual de taxa de cobertura. Em janeiro de 2017 o MA tinha o segundo lugar como a pior taxa , com apenas 6,6% da população. Segundo dados de janeiro de 2018, um ano depois, ele continua com o último lugar, ficando com essa mesma taxa.

Em relação total de planos médico-hospitalares coletivos empresariais, houve queda de 1,34% em relação a 2016. Já os planos coletivos empresariais por adesão houve um crescimento de 6,8%, passando de 49.648 vínculos (em 2016), para 53.025, em 2017.

Para os planos individuais, houve uma leve alta de 0,93%, um aumento de pouco mais de mil vínculos. Em 2016 o estado havia encerrado o ano como o segundo estado nordestino que mais perdeu beneficiário, com 103,9 mil a menos do que no início do ano de 2015. Em números absolutos de Brasil, a maior queda de vínculos ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, cuja perda foi de 70.921 beneficiários entre Janeiro de 2017 e Janeiro de 2018. Em contrapartida, o Paraná ganhou 50.645 beneficiários no mesmo período (entre Jan/17 e Jan/18).

Especialistas afirmam que o número de beneficiários de planos médico-hospitalares está diretamente relacionado ao desempenho da economia e o nível de emprego no país, já que os planos coletivos empresariais representam 67% do total de vínculos. Ou seja, as quedas nas faixas etárias no intervalo entre 19 e 33 anos representam exatamente boa parcela da população que perdeu o vínculo por eventual demissão. A taxa de desemprego foi de 12,4% no 3° trimestre de 2017, segundo dados da PNAD-IBGE.

Adultos fazem menos adesão, e os de mais idade até procuram, mas poucos aderem por questão de valores que eles consideram
muito alto para a faixa etária

Ana Alice Alencar, corretora de Seguros

Saldo positivo

Na média geral, segundo o IESS, por meio da Nota de Acompanhamento de Beneficiários, o setor teve saldo positivo no ano de 2017 no Brasil. “Pela primeira vez, a NAB registra aumento do total de beneficiários de planos médico-hospitalares na variação anual. o setor apresentou avanço de aproximadamente 64 mil novos vínculos para planos de saúde médico-hospitalares no período de 12 meses encerrados em janeiro desse ano, ultrapassando os 47,4 milhões de beneficiários, alta de 0,1%”, diz a IESS, referindo-se ao período de janeiro de 2017 a janeiro de 2018.

Nesse período, o Sudeste continua sendo o destaque em números absolutos: a região é responsável por quase metade dos novos vínculos firmados no Brasil, com aproximadamente 780 mil novos beneficiários frente ao 1,4 milhão do consolidado do país, representando crescimento de 6,1%.  Já em termos percentuais, a região Nordeste continua apresentando os melhores resultados em todas as edições recentes da NAB. A região teve avanço de 9,6%, ou 400 mil novos vínculos.

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