EDITORIAL

Sem segurança, é difícil a solução

Hoje, a palavra dada perdeu a honradez (exceto quando pilhada em escuta telefônica). O fio do bigode desapareceu. O que está escrito é texto de admissão de culpa. A insegurança é sentimento que pulsa em todos os segmentos sociais. O Brasil enfrenta momento difícil, decorrente de medidas equivocadas no campo econômico e do relacionamento cada […]

Hoje, a palavra dada perdeu a honradez (exceto quando pilhada em escuta telefônica). O fio do bigode desapareceu. O que está escrito é texto de admissão de culpa. A insegurança é sentimento que pulsa em todos os segmentos sociais. O Brasil enfrenta momento difícil, decorrente de medidas equivocadas no campo econômico e do relacionamento cada dia mais tenso entre o Executivo e o Legislativo. No elenco de opções à superação das adversidades, o parlamento cogita o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As manifestações de rua, que atraem milhares de descontentes com a gestão petista, deixam empresas e consumidores reticentes quanto ao futuro.
O conjunto de ingredientes torna o país indigesto. Levar adiante o ajuste fiscal, que impõe forte contração nos gastos públicos para o realinhamento das contas da União, e atrair investidores a fim de elevar o nível de produção são medidas essenciais para tirar o Brasil do atoleiro econômico. Mas como realizar tais tarefas em ambiente contaminado pela sucessão de escândalos de corrupção trazida à tona pela Operação Lava-Jato? A credibilidade da maior estatal se perdeu entre as camadas do pré-sal.
Na visita ao país, que durou menos de 24 horas, a chanceler alemã, Angela Merkel, acompanhada por 12 ministros e vice-ministros, manifestou apoio ao governo brasileiro e às medidas propostas para vencer a crise que emperra a economia. O vice-ministro das Finanças, Jens Spahn, em reunião com o ministro Joaquim Levy, deu a receita para a vitória. O pacote de recuperação econômica tem de contemplar pelo menos dois elementos para tornar o Brasil atraente na compreensão dos alemães: segurança jurídica e taxas de retorno. Spahn lembrou que a Alemanha adotou providências semelhantes para atravessar fase de dificuldades comparada à enfrentada, agora, pelo Brasil.
Há cerca de dois anos, a presidente Dilma anunciou medidas de desoneração das empresas e redução da conta de energia elétrica. Abriu mão do recolhimento de tributos em favor da indústria automobilística e dos fabricantes de produtos da linha branca. O intuito foi estimular o consumo e, assim, manter o mercado aquecido. O clima de tudo bem durou pouco. Passadas as eleições, ocorreu o reencontro com o Brasil real, cujos cofres estão em ruínas. A equipe econômica impôs forte recuo, suprimiu subsídios antes concedidos ao setor produtivo e aos consumidores. Os juros foram elevados para conter a inflação predadora da renda dos trabalhadores. O desemprego vitimou milhares de profissionais.
Diante dessa gangorra, o interesse em investir é movimento em baixa. O Plano de Concessões e Logística, estimado em R$ 198,4 bilhões, mostra-se sedutor na visão alemã. Mas sem as condicionantes sugeridas, permanecerá como promessa, distante da realidade, que exige fortes impulsos para o desenvolvimento e dinheiro novo para fazer a roda girar. Para isso, a regras do jogo não podem mudar no meio da partida. A recomposição do equilíbrio político é essencial para que o Brasil retome a condição de líder dos países do Hemisfério Sul.
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