ENTREVISTA

Felipe Camarão fala dos novos desafios na gestão pública

Depois de ter se destacado no Procon-MA, o procurador federal licenciado Felipe Camarão aparece como sinônimo de competência quando o assunto é gestão

Foto: Diego Chaves/OIMP/D.A.Press.


Diego Chaves/OIMP/D.A.Press

Felipe Camarão, novo titular da Secma

Assim como alguns assessores diretos do governador Flávio Dino, Felipe Camarão é jovem, mas tem uma bagagem intelectual e técnica muito grande. Apontado como uma pessoa de perfil “multifuncional”, o secretário deixou a Gestão e Previdência e assumiu uma pasta com um viés totalmente diferente do trabalho que vinha desenvolvendo, a Secretaria de Cultura do Estado (Secma). A sua antecessora, a professora Ester Marques, apesar de pesquisadora e ter ligação com os movimentos culturais, enfrentou grande resistência dos grupos no estado, o que chegou a gerar um mal-estar entre o meio. Felipe Camarão, por sua vez, diz não se sentir intimidado e garante estar entusiasmado e pronto para iniciar os trabalhos na Secma, conforme falou à reportagem de O Imparcial.

Como o senhor recebeu a notícia de mudar da Gestão e Previdência para Cultura?
Primeiro com surpresa, mas, ao mesmo tempo, com alegria. Porque eu percebi a confiança que o governador tem no meu trabalho e o governador foi me explicando por que me queria na Cultura. Nunca falou mal do trabalho da secretária Ester, mas apenas disse que a Secretaria de Cultura precisaria de Gestão Pública.
Eu sou especialista em Gestão Pública, tive experiências no Procon, tive uma pequena passagem pela Prefeitura e sou procurador federal. Na Procuradoria Federal a gente assessora juridicamente o Iphan, por exemplo, Ministério da Cultura, enfim, diversos órgãos que envolvem a Cultura. E por esse conhecimento de Direito Administrativo, o governador optou por me deslocar para a Cultura.
Qual o motivo de a secretária Ester ter deixado a pasta?
Eu não sei te explicar os motivos que levaram o governador a deslocar ela, porque ela continua no governo, no PAC das Cidades Históricas.
A ex-secretária Ester Marques sofreu certo desgaste com militantes do segmento cultural maranhense. O senhor se sente intimidado com essa possibilidade?
Não, ao contrário. Estou muito entusiasmado e diria até ansioso para conhecê-los e debater. Eu já tenho certa experiência de negociação, de interlocução, de diálogo, porque na Gestão e Previdência eu cuidava de um segmento também politizado e esclarecido, que é o funcionalismo público. São segmentos diferentes, mas a experiência de lidar com grupos de pressão não me assusta.
A Secma, que tem um viés ligado ao mundo artístico, lida também muito com questões administrativas, como convênios. Essa é a grande questão?
Exatamente. É uma secretaria extremamente finalística, como se costuma dizer, porque fomenta as políticas públicas na área da Cultura. Poderia afirmar que a maior parte dela é de gestão, convênios e depende muito de um conhecimento administrativo e jurídico.

O senhor vai contar com alguém para lhe assessorar na parte artística?

Sim. Já estou procurando na própria Secretaria de Cultura, entre os servidores da casa, eu já tive oportunidade de conhecer vários deles. Eu já tive a oportunidade, também, de conhecer todas as Casas de Cultura. Estou gostando muito da qualidade e entusiasmo da equipe, dos servidores de carreira da casa. Claro que vou continuar ouvindo a secretária Ester, com a Kátia Bogéa, buscar diálogo com os grupos culturais, Academia Maranhense de Letras, ouvir todos os segmentos da música, dança, teatro.
E as pretensões da secretaria? Como administrar um segmento tão dependente dos recursos públicos?
Nós temos que capacitar. Temos ferramentas que vamos colocar em prática o quanto antes. Não só dizer que há, mas treinar o produtor cultural para que ele possa ser um fomentador da cultura. Um parceiro. Qualificar esse profissional para que não haja mais nenhuma dificuldade de realização de qualquer que seja o evento. Em qualquer que seja o segmento cultural.
É definitiva a tua permanência na Secma ou apenas é um período de organização?
O governador me convocou para uma missão, para a missão de organizar a secretaria e estou lá de forma efetiva para fazer isto.
Tens pretensão política?
Não tenho. Não sou filiado a partido e nunca fui. Nunca pensei em ser candidato a nada.
Muitas pessoas já chegaram a te comparar com a ex-secretária Olga Simão, que no governo Roseana desenvolveu trabalhos em várias áreas do governo. Como o senhor recebe essa comparação, de ser uma pessoa “multifuncional”?
Com muita alegria. Vejo essa comparação como algo extremamente positivo, de ser uma pessoa de confiança do governador. Qualquer pessoa ficaria muito honrada em receber essa confiança do governador. Além do entusiasmo por receber a confiança, fico entusiasmado também por aprender coisas novas. Aonde andei, aprendi muito.
O mundo cultural é algo fascinante. Estou há apenas 48h no cargo e já estou absolutamente encantado. Estou sendo muito bem recebido, todos os artistas que me ligaram, que falaram nas rádios, que me encontram, eles têm até muita esperança na gestão. Nos governos passados já passaram vários artistas, pessoas de perfis diferentes, e agora eu trago a minha tentativa de dar certo. Espero representar de forma muito positiva a cultura maranhense.
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