TERRITÓRIO

Matopiba, o Brasil além da crise

O Brasil começa a tomar posse efetiva de um de seus mais ricos patrimônios territoriais: Matopiba, um enclave entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, de cujas siglas recebe o nome. É a última fronteira agrícola em expansão do mundo – isto é, dispõe de áreas expressivas que podem ser legalmente abertas à […]

O Brasil começa a tomar posse efetiva de um de seus mais ricos patrimônios territoriais: Matopiba, um enclave entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, de cujas siglas recebe o nome. É a última fronteira agrícola em expansão do mundo – isto é, dispõe de áreas expressivas que podem ser legalmente abertas à agricultura e à pecuária.
Decreto da presidente Dilma Roussef acaba de criar esse território, de 73 milhões de hectares, para torná-lo polo agropecuário de ponta, beneficiando não apenas os seus habitantes – 5,9 milhões, distribuídos em 337 municípios e 31 microrregiões -, mas todo o país. Será, antes de mais nada, peça-chave para a segurança alimentar do Norte e Nordeste e aumentará expressivamente as exportações do país.
O imenso potencial da região pode ser estimado em números: em 1993, produzia 84 mil toneladas de soja; ano passado produziu 18,6 milhões de toneladas. Para este ano, projeta-se uma produção de 20,4 milhões de toneladas.
A região responde hoje por quase dez por cento da produção nacional de grãos, mesmo sem infraestrutura adequada, sustentada apenas no esforço e talento da livre iniciativa, envolvendo pequenos, médios e grandes produtores.
Para alavancar esse imenso potencial, o decreto presidencial cria para a região, ainda marcada por forte carência social, uma agência de desenvolvimento, que promoverá inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica. E não só: proverá infraestrutura necessária à produção e ao seu escoamento, fato também inédito na história do país.
No passado, nossas fronteiras agrícolas foram ocupadas sem qualquer logística, até hoje precária, já que o Estado não acompanhou a dinâmica da iniciativa privada. E é esse o diferencial de Matopiba: pela primeira vez, o Estado estará em plena sintonia com quem produz, para atender as demandas do desenvolvimento e favorecer a atração de investimentos.
O clima é favorável, o perfil dos produtores é excelente, mas ainda é insuficiente para garantir uma agricultura moderna e sustentável. A baixa fertilidade do solo e a falta de materiais genéticos adaptáveis são os principais desafios da pesquisa, que mobilizará essa agência recém-criada.
A Embrapa terá, nesse processo, papel exponencial. Sua unidade de Palmas (TO) possui equipe de pesquisadores que já há algum tempo se dedicam a investigar sistemas agrícolas sustentáveis no Matopiba. De imediato, a região poderá contar com o aporte de grande parte desse acervo.
O Grupo de Inteligência Territorial e Estratégica da Embrapa (GITE) já propôs, sem prejuízo das fronteiras estaduais, a delimitação física da região, fundamental para apoiar as políticas públicas e privadas. Área complexa de transição entre os biomas cerrado e semiárido, a ocupação ocorreu em áreas antes ociosas ou de baixa utilização. A visão moderna de produção, preservando recursos naturais, não exclui um imperativo: a expansão dependerá de criterioso conhecimento científico
É dessa tarefa que se desincumbirá a agência governamental de desenvolvimento. O desafio inicial é prover aos agricultores mais pobres acesso ao acervo tecnológico já disponível, produzido em grande parte pelo setor privado.
A Embrapa contabiliza mais de 80 projetos de pesquisa na região. Já foram investidos recursos acima de R$ 124 milhões, 40% dos quais estarão concluídos este ano, propiciando melhoramento genético, modernização do sistema de produção e de defesa sanitária vegetal e animal. A configuração dessa agência – suas prioridades e métodos de ação – resulta de reuniões e debates com todos os segmentos, públicos e privados, nela interessados.
Além dos frutos da potencialização econômica da região, o acesso do agricultor pobre à tecnologia deterá o histórico processo de migração, que incha as periferias das grandes cidades, alimentando a espiral de violência e pobreza, que infelicita o país.
O novo território do Matopiba acena com dias novos a essas populações e confirma o destino brasileiro de vir a ser um dia o celeiro da humanidade. É uma iniciativa destinada a inscrever o governo Dilma Roussef na história, dando início a uma revolução social lastreada na capacidade produtiva do nosso povo.
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