OPINIÃO

Leia ‘Roseana Sarney é candidata em 2018?’, diz jornalista Raimundo Borges

Os admiradores de Sarney são radicalmente opostos a tudo que for apresentado como algo positivo no governo de Flávio Dino

Essa pergunta, tão direta quanto o raio solar de meio dia, vive a martelar a cabeça de praticamente todos os políticos do Maranhão. A indagação tem o som de uma ronqueira e o ronco de um leão na savana. Ora são os integrantes do chamado Grupo Sarney, com ramificações no Congresso Nacional, passando pela Assembleia Legislativa, prefeituras municipais e câmaras de vereadores, ora são simpatizantes ou partícipes do governo Flávio Dino, querendo ouvir mais do que um “não sei”, “dever ser” ou “ainda é cedo”.
O lado governista quer ouvir, de preferência, se o interlocutor quer esticar a resposta para uma avaliação direta das possibilidades de Roseana Sarney em novo enfrentamento com Flávio Dino. Em 2010, ela ganhou no primeiro turno contra o comunista. Quatro anos depois, foi ele que deu o troco, disputando contra Lobão Filho, um arranjo de última hora, depois que Luís Fernando tirou o corpo fora da disputa, por não ter recebido às condições políticas e estruturais que precisava.
Do lado do grupo Sarney, a mesma pergunta:“Roseana é candidata?”. Não tem resposta. Mas alguns sarneístas até arriscam perscrutar. “Do jeito que está o governo Flávio Dino, Roseana é candidata fortíssima”. E não adianta alguém contra-argumentar. Os admiradores de Sarney são radicalmente opostos a tudo que for apresentado como algo positivo no governo de Flávio Dino, preconceituosamente chamado de “comunista”, como se o qualificativo ideológico sintetizasse algo imprestável para qualquer administração pública.
Os mais sensatos nessa discussão chocha, distante 21 meses das eleições de 2018, não dão palpite nem contra nem a favor de nenhum dos lados. Ficam em cima do muro, pois Flávio Dino tem apenas dois anos e um mês de governo, quanto os Sarney e seus seguidores ficaram por quase 50 anos, descontados apenas os dois de Jackson Lago. Dino é inegável que ganhou a eleição amparado na corrosão temporal sofrida pela oligarquia Sarney e pelo simbolismo que sua figura representa. Tomou o governo numa situação completamente desfavorável diante da crise que descontrolou o Brasil a partir de 2014, logo após a reeleição de Dilma Rousseff. E se não bastasse, o golpe que a derrubou, tendo oposição radical do comunista.
Um ex-deputado federal, de origem no grupo Sarney, questiona realizações do governo Flávio Dino, compara com os de Roseana e saca uma conclusão fulminante:“Falam um monte de coisa de Flávio Dino como governador, muitas delas concordo, mas não se pode negar o que ele faz para combater a corrupção e governar com transparência”. Isso é pouco, num país em que os escândalos de corrupção viraram a regra política e não a exceção? Ao contrário.
Os fatos novos que escancaram escândalos políticos a cada nova delação, votações manipuladas, violações a torto e a direito à Carta Magna; Congresso Nacional acuado pela Lava-Jato –, tudo isso deixa a movimentação política nos estados sem nenhuma significância. O Maranhão não foge à regra. A diferença é que no Palácio dos Leões tem um governador supostamente comunista, Flávio Dino, e, no contraponto, o grupo que derrotou em 2014, procurando se rearticular, tirando lições do próprio do revés sofrido.
Representante máxima do sarneísmo na política maranhense, Roseana Sarney, com quatro mandatos de governadora, nunca sairá do imaginário popular como eventual candidata a mais uma temporada nos Leões. Foi assim até na disputa da Prefeitura de São Luís, em 2012, e agora, também, na preparação de 2018. Seria para retornar ao governo? Ou ela acha mais cabível concorrer a uma das duas vagas no Senado? Mostrando-se indiferente à movimentação que rola ao seu redor, Roseana deixa o tempo passar. Espera as pesquisas confiáveis, para só então decidir, obviamente com o aval do pai, José Sarney, e do irmão Fernando – o político mais tarimbado da família, para momentos determinantes.

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