Artigo

Leia ‘Janeiro é especial’, artigo do jornalista Sebastião Jorge

‘Estamos em janeiro, o primogênito. Nele depositamos fé, para quem tem fé’

Eis o início da troca de um ano. Não sa­bemos qual será a diferença. Qual trouxe ou trará mais alegrias e tristezas, decepções e esperanças, dúvidas e certezas, encontros e desencontros. Essa a incômoda expectati­va da humanidade. Como a parodiar o po­eta maranhense Raimundo Correia (1859- 1911), de “As pombas”, dos anos vão-se os dias, apenas na “raia da sanguínea e fresca a madrugada”.

Estamos em janeiro, o primogênito. Nele depositamos fé, para quem tem fé. Faze­mos projetos esperando o melhor. Janeiro a acreditar no horóscopo não inspira mal­dades. Nunca é cedo ou tarde para pensar­mos que as coisas darão certo. Torcemos pela paz. Acreditamos no fim da violência no mundo.

Esperamos dias cercados de entusias­mo e fascínio pela vida. Que nada de bom seja passageiro, mas que dure e permaneça com o crédito que lhe damos. Que se afas­te amaldade daqueles que trilham os pri­meiros passos. Janeiro começa com a lua em quarto crescente. A cada semana uma luz nova no céu. As estrelas oferecerão festival de cores.

Vamos pensar no mês pelos acon­tecimentos importantes que ingressa­ram nesse espaço de tempo. Janeiro ê o mês de São Sebastião (dia 20), patro­no dos atletas, arqueirose soldados. Um guerreiro que não se intimidou perante o perigo, pela confiança em si. O nome significa augusto, magnífico, venerável. Estamos em boa companhia. Temos para quem apelar,

Em janeiro nasceram pessoas im­portantes, as quais contribuíram para melhorar a sociedade. Um de eles man­chou a história, pelas crueldades, o na­zista Hermann Göring. Merece esqueci­mento. Devem ser lembrados: Sir Isaac Newton, Simone de Beauvoir, Jack Lon­don, rei dom Juan Carlos da Espanha, Él­vis Presley, John dos Passos, Benjamin­Franklin, Molière.

O dia 1oofereceu uma demonstração de esperança para todos que acreditam no entendimento entre os homens, longe das armas. Por antecipação morreu o di­tador execrável da Coreia do Norte, Kim Jong-il. O escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva derrama elogios ao primo­gênito do ano… “Como é feliz este mês. Eu amo janeiro. Ele é dourado como o sol. Reluz alegria. É o bebê de todos os meses. É a infância de todos os anos. Em janei­ro somos crianças engatinhando para os degraus de fevereiro,março, abril… Em janeiro não temos medo de viver”. Não fa­lei? Mais um argumento às afirmações! Te­nho boas recordações de janeiro, embora me surpreenda pela hostilidade do tempo. Fico mais velho.

A vida é cheia de surpresas e ninguém que se decepcione se alguma coisa der er­rado. Os nascidos em janeiro são capricor­nianos. Para os astros possuem a calma do­carneiro e unhas de leão. Na amizade são fieis. É bom tomar cuidados com os nas­cidos nesse mês. Nada me comove tanto, nestes dias como olhar o quadro de Ticia­no (1490-1576), que imortalizou a figura mitológica do sacrílego Sísifo, ao carregar, como castigo, às costas uma enorme pedra.

Caminha montanha acima. Ao chegar ao destino a pedra despenca. Repete a sen­tença, pela eternidade, por traição aos deu­ses. Albert Camus interpretando a lenda diz: (…) “Sísifo é o herói absurdo. Tanto por causa de suas paixões como pelo seu tormento. Seu desprezo pelos deuses, seu ódio à morte e sua paixão pela vida lhe va­leramesse suplício indizível no qual todo ser se empenha em não terminar coisa al­guma. É o preço que se paga pelas paixões desta terra”.

Parece que todos nós, temos um pou­co daquele mito. Estamos condenados a seguir o exemplo. A nossa pedra é outra. Não menos leve. Os impostos. Em 2017, prosseguiremos. Passa janeiro e nos sub­metemos ao peso. Dor nas costas. Castigo da maldade humana.

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