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Identifique o transtorno bipolar em crianças

Médico neuropediatra e psicopedagoga ensinam que o Transtorno Bipolar também atinge crianças e contam como os pais podem identifi car sintomas

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Diferente do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que pode atingir de 6% a 10% da população infanto-juvenil, o Transtorno Bipolar atinge 0,8 a 1% das crianças e já pode ser identificado desde cedo, ao contrário do que muitos acreditam. O neuropediatra Clay Brites, um dos fundadores do Instituto NeuroSaber, explica que 5% a 15% das crianças com um transtorno tendem a apresentar o outro associado, mas mesmo assim existe uma importante diferença entre os dois. Esse transtorno leva a imensos prejuízos no relacionamento social e na evolução afetiva da criança e seus sintomas já podem ser identificados antes dos 5 anos de idade.

Os especialistas alertam que quanto mais cedo o transtorno for identificado, melhor será o desenvolvimento na adolescência. Segundo um estudo publicado pela Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente (AACAP), crianças pré-adolescentes com Transtorno Bipolar apresentam uma maior dificuldade de atenção, concentração, memória e aprendizagem. “Isso mostra que os indivíduos que não são diagnosticados na infância apresentarão problemas de oscilação de humor e prejuízos na capacidade de aprendizagem mais tarde durante a vida”, aponta o estudo.

A psicopedagoga Luciana Brites, especialista em Educação Especial e também fundadora do NeuroSaber, conta que existem pelo menos sete fatores que podem ser analisados pelos pais como primeiros passos para o diagnóstico. “É conhecendo mais sobre o assunto que nós conseguimos gerar consciência nas famílias”, resume Luciana.

  1. Oscilação de humor: o primeiro ponto a ser analisado, segundo o Dr. Clay Brites, é o sintoma- chave do Transtorno Bipolar. “A mudança repentina de humor. A criança com Transtorno Bipolar muda de semblante de uma hora para a outra e deixa de ser carinhosa para ficar, repentinamente, isolada do convívio de um dia para o outro, por exemplo”, explica.
  2. Histórico familiar: Luciana Brites conta que o histórico familiar pode ser um fator em 80% dos casos de Transtorno Bipolar. “Muitos pais fazem pouco caso e acabam repetindo que a criança puxou ao avô ou ao tio, por exemplo, como se isso não fosse importante”, alerta a especialista. “Muitas vezes, pode ser que o tio ou o avô tivessem mesmo o transtorno e nunca foram diagnosticados”.
  3. Ambiente difícil: segundo Dr. Clay Brites, uma predisposição genética pode ser agravada por um ambiente familiar muito rígido, difícil ou de pouca afetividade. “O ambiente menos acolhedor pode atrapalhar ainda mais o problema e promover crises ainda mais intensas”, resume.
  4. Hiperatividade cíclica: ao contrário da criança com TDAH, que está sempre agitada, a hiperatividade em uma criança com Transtorno Bipolar é cíclica e se alterna, ora com um comportamento mais calmo, ora com momentos alterados. “É preciso estar atento a essa alteração de comportamento, especialmente se ela for abrupta”, alerta a psicopedagoga Luciana Brites.
  5. Hipersexualidade precoce: segundo o neuropediatra, crianças bipolares costumam apresentar uma sexualidade precoce. “Geralmente, meninos e meninas com esse distúrbio podem ter insinuações, o desejo de se vestir como adulto com roupas curtas e maquiagem, por exemplo, e até mesmo um desejo sexual diante dos colegas da escola”, exemplifica.
  6. Comportamento controlador e ciumento: enquanto as crianças com TDAH apresentam maior dificuldade de aprendizado em matemática e linguagens, desde idades mais jovens (em vez de desenvolverem apenas na pré-adolescência), o bipolar, via de regra, não apresenta este problema de início. “É um transtorno mais comportamental, que costuma deixar a criança extremamente ciumenta e controladora em relação às atitudes do dia a dia”, explica Luciana. “E eles apresentam uma irritabilidade independentemente de qualquer tipo de frustração”, explica.
  7. Falta de sono: os especialistas alertam para um detalhe importante e comum nessa fase da vida: a falta de sono. “Muitas pessoas confundem esse comportamento com o TDAH”, conta o médico. No entanto, a psicopedagoga completa que, ao contrário da Hiperatividade, a insônia, no Transtorno Bipolar, não faz com que a criança apresente sonolência pela manhã. “Ela continua sem sono durante o dia”, alerta. Por fi m, Luciana e Clay completam que é importante que os pais identifiquem esse comportamento nos fi lhos e busquem ajuda do profissional correto: um neuropediatra ou psiquiatra infantil. “O tratamento será melhor quanto mais interdisciplinar for a equipe de profissionais”, concluem.
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