ENTREVISTA Moacir Feitosa:

“Não vou bater em retirada”, diz Moacir Feitosa

Em entrevista a O Imparcial, o secretário de Educação, Moacir Feitosa, faz uma balanço de sua gestão, adiantando que sua meta é chegar abaixo de 4% no índice de analfabetismo

A. Baeta

Moacir Feitosa assumiu a Secretaria de Educação de São Luís em fevereiro de 2016. Dois meses depois, enfrentou a primeira greve de professores. De lá para cá, diversos outros abacaxis precisaram ser descascados pelo economista (que também é professor). Pouco mais de um ano à frente da pasta, o secretário concedeu entrevista exclusiva a O Imparcial. Em uma conversa de uma hora, Feitosa fez um retrospecto da sua gestão, criticou a atitude de alguns setores sindicais, reconheceu falhas e garantiu: “não vou bater em retirada”. O secretário também comentou sobre a construção das 25 creches prometidas pelo prefeito Edivaldo. Segundo Feitosa, o compromisso será cumprido.

O IMPARCIAL – Na sua avaliação, como está a educação da capital?

MOACIR FEITOSA – Nós podemos avaliar que já tivemos uma série de avanços. O transporte escolar rural, por exemplo. Antes estava com problema, hoje funciona cotidianamente, com uma frota de quase 60 ônibus. Outro problema grave que tínhamos era o de arrombamentos e assaltos em escolas, isso pela falta de seguranças nas escolas de um modo geral. Era praticamente um arrombamento ou um assalto por dia. A média era de 21 por mês. Hoje não acontece mais dessa forma. Tínhamos problemas com a merenda escolar, também foi regularizado. Avançamos também no que diz respeito à melhoria da infraestrutura das escolas. Já recuperamos aproximadamente 40 unidades escolares, estamos com 46 unidades em serviço de recuperação, e temos mais 30 que ficarão prontas até o final do ano. De forma que, até a metade do ano que vem, todas as escolas da prefeitura estarão plenamente restauradas.

Dois meses depois de assumir a secretaria, os professores iniciaram uma greve. Como o senhor lidou com essa situação?

Logo que eu cheguei, houve a greve. Agora, o que eu tenho percebido é que a vida sindical, em São Luís, tem se transformado numa história de greves. E nós temos trabalhado também para que haja uma compreensão dos professores e da sociedade de que isso não pode continuar dessa forma. Nós estamos vivendo uma crise de conjuntura econômica, e de conjuntura política nacional, com receita fiscal decrescente, e com ajuste de valor aluno-ano, por parte dos recursos que vão para o Fundeb, achatados. Muitas vezes eu tenho dito: nós acabamos brigando entre nós aqui, e o problema tem que ser resolvido a nível da União.

E o sindicato dos professores tem noção disso?

Nós somos muito transparentes. Nós tivemos reunião com a direção do sindicato e passamos os dados no detalhe. E até dissemos: ‘Façam uma comissão de professores que entendam do processo e calculem bem calculado isso, porque vocês têm todos os dados na mão para refletir sobre a questão’. E aproveito a oportunidade para esclarecer uma questão. Outro dia disseram que eu falei que ia parcelar o salário dos professores. Não é verdade. Eu não falei isso. Eu falei que nós tínhamos que ter uma consciência, em relação à crise, para não se correr o risco disso. É muito diferente, não é? De forma que afirmei que o salário dos professores e dos outros servidores da prefeitura estão garantidos até o fim do ano, quando se tem um novo processo de planejamento. E eu espero que, apesar de toda essa complicação política e econômica nacional, tenhamos uma luz que nos permita dizer que a economia voltou a crescer.

O senhor acredita numa tentativa de politizar a questão?

Sim. Porque eu já disse: [a pasta] tem problemas. Agora, seria ruim se nós não estivéssemos enfrentando esses desafios. Mas é claro que quem faz política de oposição tem que trabalhar onde sente que está mais frágil, mais visado. Por exemplo: se nós entregamos uma escola nova hoje, ninguém mostra, mas vai atrás de uma que tem um problema. E aí faz uma campanha em relação a essas questões.

A educação de São Luís deixa a desejar em relação às outras capitais?

De um modo geral, o Brasil ainda está devendo muito à sua população nessa questão educacional, principalmente na educação básica. Mas São Luís ainda tem um desempenho melhor que Natal e Recife, por exemplo. Isso não quer dizer que estamos satisfeitos, tanto é que agora o prefeito nos determinou a implantação de dois sistemas para poder melhorar o desempenho dos alunos. O primeiro é o Sistema de Avaliação Própria, e outro é um Sistema de Gestão Escolar. Com esses dois sistemas, nós vamos ter em mãos microdados claros, objetivos, de qual é a nossa maior dificuldade. E aí poderemos trabalhar em cima disso, para que o desempenho dos nossos alunos melhore. A minha expectativa é de que, no início de 2020, já tenhamos uma situação bem melhor do que a que temos hoje. Em agosto, teremos o primeiro diagnóstico.

Até o fim do mandato, vai ser possível entregar as 25 creches que foram prometidas?

Nós tivemos um problema muito sério que aconteceu a nível nacional. Eu, inclusive, era membro do Conselho Nacional de Educação, e um dia eu disse: ‘Da forma como estão fazendo, não vai dar certo’. Era aquela licitação nacional para fazer creches no Brasil inteiro a partir de Brasília. E o que eu dizia: ‘O nosso país é continental. Ele é diversificado. Ele tem suas regiões inteiramente diferente uma das outras. Então não vai funcionar’. E foi exatamente o que aconteceu. E não é que eu seja “adivinhão”. É que eu já andei muito pelo país. E aqui o pessoal entrou na onda da licitação nacional, até fizeram o prefeito lançar a pedra fundamental. Deu errado não foi aqui, foi a nível nacional. E, quando dá errado a nível nacional, eles transferem para os municípios. E aí tivemos que fazer novas licitações. Atrasou muito. Mas nós estamos cuidando disso. Quatro dessas creches já serão entregues no fim do ano. Uma na Chácara Brasil, outra na Cidade Operária, outra no São Raimundo e a última na Morada do Sol. Além disso, recentemente, chegou R$ 1.730,000 e nós vamos dar ordem de serviço para fazer mais uma creche no eixo Itaqui-Bacanga. Então, nós vamos ter essas quatro, e é possível que cheguemos até cinco no fim do ano. E a ideia é que a gente vá cumprindo isso ano a ano. Queremos chegar a 2020 com isso resolvido. Quem está no dia a dia verifica que não é só dizer “vamos fazer 25 creches”, e isso ser feito da noite para o dia. Isso exige uma capacidade técnica das empresas, muito controle da nossa parte, e muita determinação em monitorar esse trabalho. Mas eu acredito que é possível entregarmos cinco creches por ano, até o fim do mandato do prefeito, cumprindo a meta.

Fazendo um retrospecto, que nota você daria para a sua gestão?

Tenho uma avaliação positiva. Eu não posso atribuir nota 10. Mas posso dizer que há um esforço grande e tem resultados positivos. E você pagar salários de funcionários públicos em dia, na crise por qual o país está passando, é uma atitude virtuosa. Porque tem sido bastante difícil. Nós estamos lutando para, no ano que vem, chegar ao índice de analfabetismo abaixo de 4% – se conseguirmos isso, São Luís vai ser certificada como cidade livre do analfabetismo.

O senhor fica na pasta até o fim do mandato do prefeito?

Isso depende exclusivamente do prefeito Edivaldo. Eu costumo dizer que, quando a gente aceita um cargo desses, a gente aceita para ajudar, para trabalhar. E você é chamado para resolver problemas. Eu queria ter menos. Mas, como tem muito, eu não vou bater em retirada. E o cargo é do prefeito. Ele que vai dizer até quando eu devo ficar. Ele tem me dito que quer que eu fique. E não estou dando muita bola para quem torce pelo contrário. Não no sentido de arrogante. E sim no sentido de que eu preciso de sossego para trabalhar.

 

 

 

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias