entrevista com Flávio Dino

“O único caminho para a política é um acordo PT-PSDB”

Em entrevista, governador descarta ex-presidente José Sarney no processo de reconstrução política. Para ele, acordo entre o PT e PSDB é o melhor caminho

Flávio Dino foi cotado para vice de Lula nas eleições de 2018

O futuro da política brasileira passa por um acordo entre os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Esta é a solução encontrada pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ao ser questionado sobre o caminho que o Brasil deverá seguir para superar a crise política que assola o país. Em entrevista à BBC Brasil, Dino descartou a participação do ex-presidente José Sarney neste processo de reconstrução política.

Apesar de Sarney ter sido o principal conselheiro do presidente Michel Temer durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ter indicado o filho Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente e agora estar por trás de articulações sobre o futuro do país, sua importância na atual situação do país é quase nula. Para Flávio Dino, o melhor caminho para o país seria a existência de um acordo entre o PT e PSDB.

O governador do Maranhão acredita que FHC e Lula deveriam se sentar à mesa sozinhos, sem a presença de intermediários. Neste cenário, onde a saída do presidente Michel Temer ganha força a cada dia, o nome de José Sarney na conversa não teria importância. Dino não esconde que FHC e Lula são as “duas únicas lideranças nacionais que sobraram”.

“O único caminho que enxergo para a política é um acordo PT-PSDB, Lula e Fernando Henrique numa mesa. Eu já falei isso vinte vezes. De lá para cá, as coisas só pioraram. Efetivamente, com todos os seus defeitos, são os dois únicos líderes nacionais que sobraram, com autoridade política para chamar todo mundo, para reunir. Pelo que eu estou sabendo, é uma conversa entre interlocutores. Neste momento de muita precarização da política, uma conversa direta seria um fato altamente positivo, uma mensagem importante de busca de recomposição da institucionalidade. Você não tem jogo institucional no Brasil hoje: o Congresso funciona precariamente, a Presidência da República, os partidos, os próprios governadores estão muitos enfraquecidos”, afirmou Dino.

PT x PSDB

Um empecilho que poderia dificultar a aproximação de FHC e Lula seria seus respectivos partidos: PSDB e PT. A disputa histórica entre os dois partidos pode atrapalhar um possível acordo, pois ambos tentam sair fortalecidos desta crise para, desta forma, se tornarem vencedores nas eleições de 2018.

“Esse empecilho é fruto de uma visão equivocada, segundo a qual, alguém se salva em meio à tragédia geral. Quando, na verdade, você tem que salvar o sistema político, sua credibilidade, autoridade, para aí recuperar sua operacionalidade”, disse o governador do Maranhão.

Eleição

No início da crise, com a delação dos donos da JBS, José Sarney chegou a aconselhar Michel Temer a não renunciar. Este tipo de articulação política desagrada Flávio Dino, que defende a saída do atual presidente. Apesar de defender a realização de eleições diretas antecipadas, o governador pontua que o mais provável seria eleição indireta do novo presidente pelo Congresso.

Para a realização de uma eleição direta, neste momento, a mobilização popular seria fundamental. Porém, este tipo de mobilização é uma “incógnita” no atual cenário político. “Só haverá eleição direta havendo mobilização popular nessa direção. A classe social dominante não quer eleição direta agora”, analisa o governador.

Havendo uma eleição indireta, Flávio Dino defende a suspensão das reformas trabalhista e previdenciária. “Nós, da esquerda, devemos colocar dois pontos sobre a mesa. Primeiro, a normalidade política até a eleição em 2018 – acertar o calendário eleitoral e as regras de 2018. E, segundo, haver a suspensão das reformas trabalhista e previdenciária, até que o povo decida. A esquerda deveria participar da eleição no Congresso com essas condições. Sem isso, não faz sentido participar e legitimar esse negócio”, concluiu o governador.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias