EDITORIAL

Aumenta o desemprego

De todos os males que uma recessão na economia pode causar, o desemprego é, sem dúvida, o pior, o mais cruel. É nisso que deviam ter pensado os desenvolvimentistas que pontificaram no primeiro mandato de Dilma Rousseff e que, em nenhum momento, sofreram restrição por parte da presidente da República. Não foi por falta de […]

De todos os males que uma recessão na economia pode causar, o desemprego é, sem dúvida, o pior, o mais cruel. É nisso que deviam ter pensado os desenvolvimentistas que pontificaram no primeiro mandato de Dilma Rousseff e que, em nenhum momento, sofreram restrição por parte da presidente da República.
Não foi por falta de aviso. Mas os alertas foram tratados com desprezo, como se fossem apenas a manifestação de pessimistas da oposição. A falta de políticas horizontais de apoio à produção (oferta) nacional, preteridas por desonerações localizadas e fortes estímulos ao consumo, não tinha como se sustentar.
A valorização da moeda não seria permanente e a farra do consumo de importados acabaria por deixar rastro de destruição na indústria nacional. Não que se deva defender o erguimento de barreiras às importações, caminho pouco inteligente. Melhor teria sido aproveitar a bonança das commodities e investir pesado na busca do aumento da competitividade, não de uns poucos eleitos, mas da atividade econômica em geral.
O preço a pagar pelo fracasso da miragem que ficou conhecida como nova matriz econômica — coletânea de intervenções desastradas nos juros, nas tarifas públicas e na injeção de crédito subsidiado sem retorno para o todo da economia e da sociedade — é uma das mais profundas recessões dos últimos 20 anos, combinada com índices elevados de inflação.
A semana passada terminou com duas preocupantes constatações de que a velocidade com que a economia brasileira está afundando é maior do que previam os mais pessimistas. E o efeito perverso do desemprego não deixa margem para dúvidas.
O Ministério do Trabalho divulgou na sexta-feira que o país perdeu nada menos do que 115,6 mil postos de trabalho formal em apenas um mês, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Não se trata de sazonalidade; maio nunca tinha apresentado resultado negativo. Em 2014, tinha registrado saldo favorável de 58,8 mil contratações.
Candidamente, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, comentou que maio “ainda não é um mês bom” e que toda a queda ainda é pequena, 0,9% em relação ao estoque de empregados. Ele espera melhoras no segundo semestre, quando, segundo afirmou, há historicamente mais geração de emprego. O ministro certamente conta com a tradicional reação da indústria. Mas os dados divulgados, também na sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não permitem esse otimismo.
Pelo contrário. A indústria continua engavetando projetos de investimento e dispensando mão de obra. Em abril, o emprego no setor teve a maior queda desde 2009, auge da crise financeira internacional, quando o Brasil teve queda de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB). Com a queda de abril (0,9%), o emprego industrial acumula recuos de 4,8% no ano e de 4,1% em 12 meses. Melhor, portanto, do que ficar esperando milagres, o governo precisa reagir e, desta vez, acelerar a criação de ambiente favorável de negócios e de estímulos ao investimento privado de maneira ampla e sem viés anacrônico.
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