"Adotar se traduz em amor"

Famílias relatam a beleza da adoção

Na semana da adoção, O Imparcial entrevistou famílias que tiveram suas vidas modificadas para melhor depois da adoção. Para elas, adotar se traduz numa única, pequena e exclusiva palavra: amor

Arquivo pessoal

Você já parou para pensar na palavra adoção? E que, trocando-se as letras iniciais, ela se transforma em doação? Pois é esse o sentido desse termo. Doação de afeto, de carinho, de amor, de vida. E, assim como o amor, algo inexplicável que somente as famílias sentem. Nesta semana em que se comemorou o 25 de maio como o Dia Nacional da Adoção, conversamos com mães, que, com vozes embargadas, falaram de como a adoção transformou a vida não só delas, mas de toda a família, e principalmente das crianças que ganharam lar, afeto, amor.

A administradora Josane Duarte Luso, 45 anos, e o marido Antony Luso são pais de duas meninas: Ester, de 10 anos, e Ana Beatriz, com 6.

Depois de ter passado por vários tratamentos sem sucesso para engravidar, Josane e Antony decidiram que era hora de considerar a adoção. Ester entrou na vida deles primeiro e, embora a tenham conhecido com 2 anos, somente aos 4 ela foi com eles para casa.

Todo o processo começou com a visita à 1ª Vara da Infância.Depois de entregar os documentos necessários e fazer entrevista, tiveram o processo de habilitação para adoção concluído. Com documento em mãos, passaram a visitar as casas de acolhimento. “Encontramos a Ester que estava com 2 anos. Íamos todos os dias ao abrigo, colocamos ela na escola, e íamos levar e buscar. Com 4 anos, ela foi com a gente pra casa. No início, a adaptação foi difícil, ela chorava muito, mas após seis meses já estava tudo bem. Naquele melhor estilo, já te amava antes de te conhecer, depois de dois anos, apareceu Ana Beatriz”.

Josane conta que sempre quis ter uma filha com esse nome Ana Beatriz. E quando soube pela 1ª Vara que havia uma para adoção, ela não pensou duas vezes.

“Nos disseram que tinha a Ana Beatriz, e se a gente tinha interesse, eu disse que queria. Não quis saber de mais nada. Não a conhecia. Só queria”, lembra.

Eles são católicos vicentinos e fazem trabalhos voluntários em algumas casas. Naquela ocasião, iam fazer em uma determinada casa, mas não deu certo. A irmã de Josane tinha enviado uma lista com o nome das crianças da casa. Então, Josane fez uma planilha com os nomes delas e as idades, voltou a planilha para a irmã dela e comentou que já estava apaixonada pela Ana Beatriz (mesmo sem tê-la visto).

“Então, quando eu cheguei na Vara que soube que a criança era daquela casa que a gente ia fazer a ação e era Ana Beatriz, eu já disse: ‘ Já é minha filha’. Eu nem cheguei a conhecê-la. E como tudo é providência de Deus, ela se parece tanto com a Ester que todo mundo pergunta se elas são irmãs biológicas”. A Bia, como é chamada, estava com 6 meses de vida e ganhou um novo lar.

Se parou por aí? Não. Antony e Josane são casados há 14 anos. Mas só depois que Ester e Ana Beatriz chegaram na vida deles, puderam saber o que é amor incondicional. Agora, Antony deseja um Antony Junior. “Eu não sei, ainda estou pensando. Mas quem manda é o coração”, ri Josane.

AME

Este mês em todo o país estão sendo realizadas diversas iniciativas em alusão ao Dia Nacional da Adoção. Em São Luís, ontem o dia foi de confraternizar e também de informar. O Grupo de Apoio a Adoção – AME, realizou o 2º Adote reunindo pessoas ligadas à infância e juventude, à causa da adoção, pais, famílias e foi um momento de confraternização, diversão e lazer para muitas crianças e adolescentes que estão em instituição de acolhimento e também a oportunidade de oferecer informação para a comunidade sobre adoção. Foi um momento, segundo a presidente da AME, jornalista Elis Ramos de falar , refletir e celebrar a beleza da adoção.

Elis Ramos e Ernesto Batista são pais de duas crianças Berenice, de 4 anos e João Gabriel de 3 anos. Ela conta que entrou para a AME apenas para participar e hoje é presidente.

“Estar participando desse movimento em prol da cultura da adoção tem sido uma experiência pessoal muito rica, me permite me conectar com pessoas das mais diferentes formações, grupos sociais, pessoas muito desafiadoras, brilhantes… e essas pessoas tem me ensinado muito. Acho que a causa tem me permitido conhecer ter um novo ciclo de amigos e me permitiu perceber que o trabalho em rede de forma voluntária pode construir muito resultados pra nossa sociedade”, avalia Elis Ramos.

Mãe de alma

Priscila Aragão, 36, engenheira civil, e Laércio Leão, funcionário público, são pais de Mariana, 11 anos, e Melissa, 9. As duas são frutos de adoção consensual, que é quando mãe registra em documento o desejo de doar a criança.

Mesmo antes de se casarem, eles já sabiam que não poderiam ter filhos biológicos, mas o desejo de adotar Priscila já tinha mesmo antes de conhecer Laércio. Foi, então, depois de 5 anos de casados que decidiram ir à luta por um amor infinito.

“Eu vivia dizendo que queria adotar. Então, fomos ao Fórum e na época não existia cadastro nacional de adoção, mas existia a doação consensual. Quando a Mariana chegou pra gente ela tinha 5 meses e depois de oito meses que demos entrada no processo de adoção saiu a documentação definitiva. Aí dois anos e meio depois conhecemos a mãe biológica da Melissa, ela estava gravida ainda. E assim que ela saiu da maternidade, com quatro dias ela já foi logo pra casa”, conta Priscila.

Desde então, tudo mudou. Para melhor. “Tudo agora é em função delas. Não consigo mais visualizar minha vida sem elas. Tudo é por elas e para elas. Eu disse que queria ser mãe, não importava se ia engravidar. Antes mesmo de casar, já tinha essa ideia de adotar. E quero adotar mais um, um menino. O marido ainda está resistindo, mas vou convencer ele ainda”, acredita.

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