CARÊNCIAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Universitários possuem dificuldades por carências na educação básica

Apenas 10% dos estudantes realmente absorvem os conteúdos programados durante o ensino médio.

Reprodução

Cerca de 90% dos estudantes que entram na universidade demonstram dificuldade de aprendizado por carências na chamada educação básica. Imagine a seguinte situação: três alunos do ensino médio em uma escola pública na capital maranhense receberam questões de matemática elaboradas pelo MEC – Ministério da Educação, para a elaboração de um perfil do estudante de ensino médio no país. Na avaliação, nenhum dos três acertou nada.

Em uma das provas, uma aluna se confundiu e respondeu “sim” a uma questão que pedia um valor matemático. Nas questões de língua portuguesa, o resultado foi o mesmo. Um dos estudantes ainda revelou o nível de conhecimento gramatical e, quando solicitado para distinguir um trecho opinativo entre as informações de um texto, escreveu: “Os dois textos é opinativo”.

Realidade

Bem que essa poderia ser uma situação fictícia, mas ela é real e configura um dos exemplos que nos ajudam a entender uma estatística alarmante. Segundo o Ministério da Educação, com base em avaliações desse tipo, apenas 10% dos estudantes realmente absorvem os conteúdos programados durante o ensino médio.

Avaliação

Desde 1999, o Governo Federal aplica aos alunos do ensino médio uma prova cujos resultados compõem, por amostragem, o Saeb – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. Em todas as edições, o percentual de alunos do 3º ano do ensino médio que chegam à pontuação adequada nas provas de matemática variou entre 9,8% e 12,8%.

Fenômeno

Nos último anos, o acesso aos cursos de graduação profissional ficou muito mais fácil e amplo por causa de dois principais fatores, como explica a professora universitária Carmen Campos, da Faculdade Estácio São Luís: “Tanto a expansão do sistema público, com construções de novas unidades de ensino superior, quanto a maior oferta de cursos em instituições particulares, com bolsas de estudo e programas de financiamentos estudantis, possibilitaram a maior entrada desses estudantes no ensino superior”, esclarece.

Consequências

No total, de acordo com o MEC, 15% dos jovens de 18 a 29 anos estão na faculdade ou já a concluíram. Especialistas
apontam que o ensino médio ruim impacta diretamente na queda da qualidade dos cursos nas universidades e, pior ainda, reflete na vida pessoal e profissional dos jovens.

Para a docente Carmen Campos, agora, passa a ser papel também das universidades a colaboração com essa formação básica dos novos acadêmicos. “No mundo todo, o aumento do acesso ao ensino superior levou para as faculdades um novo público. As instituições também devem ajudar os alunos a melhorar – ou completar – as habilidades e conhecimentos básicos paralelamente ao desenvolvimento do curso superior. É isso ou deixá-los prosseguir sem boa formação. E aí, que profissionais teremos?”, indaga e conclui a especialista.

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