SAÚDE

Mais de 200 índios estão contaminados com o novo coronavírus

Aumento de casos do novo coronavírus entre as comunidades indígenas maranhenses está preocupando as autoridades sanitárias de saúde de Genipapo dos Vieiras

© REUTERS/Thomas Peter/Direitos Reservados

Um total de 200 índios da etnia Guajajara residentes em Genipapo dos Vieiras, localizado a 480 quilômetros de São Luís, testaram positivo para o novo coronavírus (covid-19) em menos de uma semana. Os testes foram feitos pelos técnicos da secretaria municipal de saúde de Genipapo dos Vieiras e profissionais de entidades ligadas à saúde indígena que estiveram em 21 aldeias do município. Passaram pelos testes crianças, adultos e idosos com sintomas da doença.

A ação foi coordenada pela secretária de saúde, Raiane Santos, que acompanhou os trabalhos na Aldeia Coquinho onde só em um dia foram registrados 50 casos. Entres os infectados, está o cacique da aldeia, José Luciano Guajajara, que está em isolamento domiciliar.   Para evitar mais contaminação entre a população, a secretaria de saúde do município instalou barreiras sanitárias na entrada da cidade e suspendeu o comércio não essencial. Segundo Raiane Santos, estão funcionando somente supermercados, farmácias e borracharias.

“Suspendemos por 10 dias o transporte alternativo de vans e carros de linha. Também estão suspensos cultos religiosos, atividades esportivas e culturais que promovam qualquer tipo de aglomeração. E continua obrigatório o uso de máscaras”, afirmando que já estão disponíveis testes rápidos para a população, além de ter reforçado o atendimento em toda rede hospitalar – informação contida em um vídeo no site da prefeitura do município Genipapo dos Vieiras.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado no último dia 16, pela Secretaria de Saúde do Município, 567 casos foram notificados, 244 casos foram confirmados, 300 descartados, 48 recuperados e 02 óbitos.

Os casos foram confirmados nas seguintes zonas indígenas: Aldeia Cajueiro Real, Aldeia São Pedro, Aldeia El Betel, Aldeia Mussum, Aldeia Manuel, Aldeia Coroatá, Aldeia Bananal, Aldeia Yulting, Aldeia Porto Velho, Aldeia Dq. Ventura, Aldeia Boa Esperança, Aldeia Massaranduba, Aldeia Planalto, Aldeia Raimundo Amorim, Aldeia Raimundo Amorim, Aldeia Coquinho, Aldeia Marta Helena, Aldeia Taquari, Aldeia Pantanal, Aldeia Yhuana, Aldeia Zhay Tata e Aldeia Uchuoa. Por meio de nota, o Distrito Sanitário Indígena, que após atenção básica de saúde, iniciou o tratamento em todos os indígenas que testaram positivo para a covid-19 e a série de ações foram adequadas para a realidade atual e conta com os apoios das secretarias dos municípios e estado  para proteger os indígenas.

O Conselho Indigenista Missionário – Cimi vem a público, mais uma vez, denunciar o agravamento do contágio por coronavírus no interior das aldeias indígenas em todo o Brasil, e exigir providências das autoridades frente à essa situação calamitosa, que tem vitimado inúmeros indígenas.

Também por meio de nota, o Cimi se solidariza e se coloca também em luto junto às inúmeras famílias que choram pela morte de seus entes queridos, impedidas de dar-lhes seu último adeus; entre esses, há muitas lideranças, em especial as mais idosas, baluartes da história e cultura viva de seus povos, que estão morrendo pela covid-19.

A nota dia ainda que, “no Brasil, nesses três meses de pandemia, os números oficiais divulgados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) indicam a ocorrência de 103 mortes de indígenas por covid-19 e pelo menos 3.079 indígenas contaminados até o dia 16 de junho. Já de acordo com os dados coletados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) até o dia 14 de junho, os números são ainda mais assustadores: 281 indígenas mortos e 5.361 contaminados pelo novo coronavírus”.

O Cimi afirma também que, “essa tragédia só não é maior devido às providências tomadas pelos próprios indígenas de fechar os seus territórios logo no início da pandemia. Mesmo assim, a contaminação se alastrou em Manaus (AM) e continua se alastrando nas regiões do alto e médio Solimões, Vale do Javari, Rio Negro, no estado do Amazonas, e também nos estados de Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, assim como no litoral Sul do Brasil.

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