UNIVERSIDADE federal do maranhão

Quase 100 alunos podem ser despejados de laboratórios da UFMA

O despejo de laboratórios do curso de Oceanografia foi decidido ontem (27). Alunos e professores ainda não sabem onde os equipamentos, avaliados em R$ 1,5 milhão, irão ficar

Um dos laboratórios que estão inclusos na ordem de despejo, LHiCEAI. Foto: Divulgação

Uma assembleia dos professores na tarde da última quarta-feira (27) decidiu o despejo imediato de três laboratórios do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão, o que pode levar quase 100 pessoas a perderem seus projetos científicos. Graduandos e pós-graduandos do curso repudiaram e denunciaram a situação por meio de notas.

No memorando da Assembleia Departamental que decidiu o despejo consta que, após uma decisão unânime, o Departamento passará a ser portador oficial das chaves de todos os espaços alocados no prédio do curso “de modo a possibilitar o acesso livre aos mesmos, para fins de segurança, limpeza, dedetização e outras eventuais demandas, tais como a visita da Comissão de Avaliação do MEC”.

Por conta desta decisão, seria realizada a troca de fechaduras de laboratórios e salas dentro do prazo de 24 horas e, para que os alunos não fossem prejudicados, eles deveriam retirar todos os materiais e equipamentos destes locais até o dia 13 de março. 

“Essa situação vem se estendendo por algum tempo devido a tensões entre professores que saíram do Departamento (DEOLI) e os que continuaram, depois da criação do Instituto de Ciências do Mar (ICMar). Por algum motivo, se sentiram ameaçados”, explica o estudante de Oceanografia da UFMA, Erlik Quadros.

Dentre as instalações que sofrerão despejo, está o Laboratório de Hidrodinâmica Costeira, Estuarina e de Águas Interiores (LhiCEAI). Somente nele, estão em andamento o correspondente a R$ 500 mil em projetos; R$ 1,5 milhão em equipamentos para o uso nas ciências do mar; além de dissertações em mestrado, monografias, bolsas e pesquisas, afirma o coordenador do LHiCEAI, Prof. Dr. Francisco José Dias. Alunos e professores ainda não sabem para onde podem realocar isso tudo.

Indignados, alunos de Oceanografia da UFMA, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da empresa júnior escreveram notas de repúdio. “Os laboratórios citados abrigam inúmeras pesquisas, envolvendo quase 100 pessoas que trabalham arduamente por amor à ciência. A desocupação desses ambientes acarreta diversas problemáticas, prejudicando pesquisas e experimentos com organismos vivos”, diz a nota dos estudantes maranhenses.

“Essa atitude é uma arbitrariedade completa. O Departamento não tem nenhuma competência nem nenhuma jurisdição sobre o edifício ou as instalações. Quem tem a competência disso é a Universidade. Os únicos prejudicados somos nós, os alunos de graduação e pós-graduação”, ressalta Erlik.

Atualização da matéria às 12h25

Em resposta, o DEOLI negou que os alunos seriam prejudicados visto que o acesso aos laboratórios seria permitido mediante a solicitação ao Departamento e afirmou que a troca das fechaduras foi decidida após as chaves dos locais citados terem sido “levadas pelos professores removidos para o ICMar e estarem em posse ilegal das mesmas, impedindo o DEOLI de realizar atividades (por exemplo, pintura e dedetizações) que estão sendo realizadas em vista da iminente visita do MEC”.

O Departamento ainda afirma que, de forma insistente, “entrou em contato com o Icmar para obter a cópia destas chaves, solicitação esta ignorada”. A deliberação é de que haja a remoção dos equipamentos e pesquisas e realocação para as dependências do ICMar, no prédio de Empreendedorismo na UFMA, “possibilitando aos alunos a continuidade das suas pesquisas nos mesmos”.

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