HISTÓRIAS

Natal: Profissão Papai Noel

Histórias comoventes de quem vive o personagem mais querido do Natal. Para muitos, uma profissão gratificante que envolve emoção, carinho e bastante amo

Foto: karlos geromy/oimp/d. a press

Eles enfrentam jornadas de trabalho movimentadas com trajes polares no calorão de dezembro da capital maranhense, respondem a perguntas inusitadas das crianças e até puxões na barba. Esses são alguns exemplos de histórias de quem descobriu a vocação para encarar a figura do Papai Noel durante o período natalino.

Todo fim de ano, é normal entrar em shopping centers e ver uma fila de crianças aguardando para tirar a foto com o Papai Noel, aquele senhorzinho de barba branca, com uma aparência agradável que está sempre com um sorriso no rosto e de coração aberto para atender crianças, que ainda acreditam na magia do Natal.

Pouco se sabe da história de quem está por trás dessa roupa vermelha e de toda essa barba. Dirceu Reis de Sousa é um deles, um senhor de 65 anos que, quando não está no seu personagem, trabalha com serviços gerais domésticos, como vazamentos, encanamentos, entre outros.

Vindo da cidade de Curitiba, ele já trabalha há quatro anos como Papai Noel temporário. Tudo começou quando Dirceu Dias era taxista. Já possuía uma longa barba branca, por questão de gosto próprio. As crianças já o confundiam com o bom velhinho, e desde então começou a pensar na possibilidade de se tornar Papai Noel temporário. Um dia, ele estava passeando na rua e um rapaz o abordou perguntando se ele não queria trabalhar como papai Noel em Fortaleza. A resposta foi sim. Quando foi transferido da capital do Ceará para São Luís, continuou suas atividades como Papai Noel temporário nos shoppings da cidade. “Trabalhar como Papai Noel se tornou muito gratificante e prazeroso. Pois é um trabalho que fazemos direcionado a crianças, que são adoráveis. Essa profissão acabou se transformando em um verdadeiro hobby”, disse Dirceu.

É muito comum crianças fazerem pedidos, acreditando realmente que serão atendidas, e muitas são as surpresas. Dirceu recebeu uma cartinha com um pedido curioso e comovente, que o deixou bastante emocionado. Uma criança de aproximadamente 7 anos tinha feito o pedido para que ele ajudasse no sepultamento da mãe dela, que havia morrido e os familiares eram muito humildes e não tiveram condições de fazer um enterro digno. O pedido não só comoveu Dias, como a direção do estabelecimento em que trabalha, que sensibilizados resolveram realizar o desejo da garotinha.

“É muito gratificante ver o brilho nos olhos e a inocência de uma criança, que ainda acredita na magia do Natal. Poder realizar desejos de crianças é ainda mais especial. Principalmente com crianças carentes que os pais não têm condições de comprar um presente. Nos traz uma sensação de dever cumprido”, revelou Dirceu.

Francisco Exposito, que também trabalha há muitos anos como Noel, quando não está no seu personagem, trabalha com apicultura na cidade de Foz do Iguaçu. Ele se tornou Papai Noel temporário quando recebeu um convite de um casal de japoneses que viram nele a pessoa certa para interpretar o Senhor Noel, pois possuía olhos azul -claros e uma longa barba. Este foi o primeiro de muitos convites para trabalhar no mercado como bom velhinho.

“Trabalhar como Papai Noel é uma bênção de Deus, sendo uma felicidade imensa fazer o bem para qualquer criança sem discriminação. É gratificante ver as crianças me apontando e dizendo: ‘Olha o Papai Noel, vou deixar minha cartinha com ele’. Isso que me faz muito bem!”, disse Francisco.

Francisco Exposito gosta de realizar os desejos das crianças carentes. A primeira experiência que teve foi aqui em São Luís, com uma criança que pediu para visitar seu pai lá no céu, pois já havia morrido. Com toda sua experiência e sabedoria, Francisco convenceu o garotinho a fazer orações e que assim poderia ver e sentir seu pai lá no céu. O resultado o surpreendeu, pois a criança passou a rezar a partir daquele dia. “Eu amo as criancinhas! E o Natal é abençoado para todos! Poder fazer as crianças sentirem a magia do Natal não tem preço, é uma experiência única na minha vida”, conclui.

Oportunidade para abrir uma empresa
Francisco Carlos Serra Silva, de 64 anos, quando não está trabalhando como Papai Noel, é professor é músico. Já trabalha como papai Noel há 43 anos. Quando teve sua primeira filha e quando ela estava prestes a fazer três anos, decidiu se vestir de Papai Noel para o Natal em casa. “Mandei fazer roupa e me vesti do bom velhinho. Os vizinhos olharam e, já no ano seguinte, fiz o Natal para a comunidade”, relembra.

Como é músico, toca e canta, decidiu montar seu próprio espetáculo e começou a trabalhar profissionalmente como Papai Noel desde a década de 1970. “Acaba que eu sou chamado de Papai Noel quase o ano todo, principalmente depois que minha barba ficou toda branca. A gente recebe muita palavra de carinho. É uma receptividade das crianças que nos faz respirar e sentir uma energia boa mesmo com o país estando do jeito que está! Digo que é o melhor período da minha vida. A gente até esquece que vive em um país sofrido”, revelou Francisco Serra.

Na profissão de Papai Noel, eles vivenciam muitas coisas e recebem um carinho enorme, mas também acabam recebendo pedidos tocantes, que chegam a arrancar lágrimas. Um bem emocionante, que marcou a vida de Francisco, foi quando uma criança pediu para que o pai dele nunca mais brigasse com a mãe dela. Outro, mais humilde, pediu que seu presente fosse deixado na sua casa, pois o Papai Noel nunca tinha ido lá. “Sendo Papai Noel, eu recebo, tanto quanto dou. Estamos ali para compartilhar o momento, o carinho e o amor. Agente recebe e devolve afeto”, disse.

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