Apresentações

Bumba-meu-boi é destaque em São Paulo

Série de apresentações na cidade de Mogi das Cruzes busca mostrar ao Sudeste uma riqueza cultural do Maranhão

O Festoada também pretende ser um espaço para revelar novos talentos e promover o intercâmbio cultural entre artistas da capital (Foto: Reprodução)

Uma das marcas culturais mais tradicionais do Maranhão, o Bumba-boi é tema de uma série de oficinas desenvolvida por artistas de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. O projeto de trabalhar a cultura do boi maranhense surgiu, conta Edilene Ferreira, integrante do coletivo Boi de Flores, em abril do ano passado, quando ela e outra participante Vanessa Oliveira conversavam sobre temas que poderiam pleitear participação em editais. De lá para cá, os artistas pegaram apreço pela história e pela figura do Boi. Assim criada foi a encenação “Oi de Boi”, que reúne diferentes expressões.

“A nossa intenção é mostrar a cultura do Boi do Maranhão, o que ela representa, o que traz de manifestações populares. Tudo isso por meio de oficinas que mostram a parte musical, de ritmos, de bonecos e objetos típicos da folia do boi”, disse Edilene.

Celebração iniciada em idos do século 18, a festa ao Boi do Maranhão já foi tema até de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), que mostrou, na essência do festejo, fortes referências à existência humana, às relações entre pessoas, sociedades e o entendimento mais pleno da própria morte.

As apresentações trazem elementos da cultura popular local do Maranhão e de que forma eles estão inseridos nos festejos ao Boi, que ocorrem sempre nos meses de junho e julho. A festa é também uma homenagem a São João, protetor dos autos (composições teatrais inseridas num subgênero do drama).

Para a próxima atividade do calendário, no sábado que vem, o público pode esperar uma imersão pelo universo do principal instrumento das rodas em celebração ao Boi do Maranhão: os tambores. Um dossiê montado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura, para registrar a importância cultural do Bumba-meu-boi maranhense aponta até mesmo que há diferenças nas “marcações” (como são chamados os grandes tambores).

“Na Baixada Ocidental Maranhense, ao ritmo de grandes tambores denominados de ‘marcações’, o Bumba-meu-boi ganha uma sonoridade distinta daquela que caracteriza os grupos do sotaque da Baixada sediados na Capital”, consta no texto que pode ser consultado no portal do órgão na internet.

Nas próximas semanas, Aline Chiaradia faz uma oficina de educação vocal. Em seguida, Marcos Sena fará uma oficina de manipulação de objetos. Além das apresentações em Mogi das Cruzes, o grupo levará a programação a Biritiba Mirim, Suzano e Guararema, entre outros locais. Se houver convites, o coletivo pode ir para outras regiões do Estado.

Desta forma, o coletivo mostra ao Sudeste uma riqueza cultural do Maranhão, evidencia que a festa é feita de extremos, como retrata a música “Boi de Lágrimas”, composta por Raimundo Macarra: “Levanta boi e vai que é pro amo ver que boi também chora, também sente dor, que boi também chora, também sente dor”.

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