PÓS-QUARENTENA

Procura por casas grandes cresce 60% em São Luís após o confinamento forçado pela pandemia

Principalmente famílias com crianças passaram a buscar imóveis com mais espaço para o lazer dentro de casa

Foto: Reprodução

A quarentena forçada levou muita gente a descobrir que a casa não era funcional e precisava oferecer mais lazer e espaço para trabalhar sem interrupção. Logo, o desejo de morar próximo ao trabalho começou a dar lugar ao sonho de viver num imóvel maior, com quintal, por exemplo. E isto já reflete no mercado imobiliário: a venda de casas grandes aumentou em alguns empreendimentos. Antenor Augusto Santana, proprietário de uma imobiliária especializada em imóveis de alto e médio padrão em São Luís, diz que, de março a setembro, 60% dos compradores que fecharam negócios foram influenciados pela quarentena.

Antenor informou que, para se adaptar à nova realidade, maranhenses com alta renda têm recorrido a imóveis maiores. Na busca por uma casa mais confortável, segundo o empresário, bairros como Renascença, Ponta do Farol, Ponta d’Areia, Calhau e São Marcos permanecem disputando as melhores condições. “A nova rotina foi, para muitos, o ponto de virada para clientes colocarem em prática hoje planos que ainda ocupavam o tempo futuro. As pessoas estão optando por lares maiores. E, por questões de segurança e infraestrutura, estes bairros citados são ainda os que mais atendem a estes dois requisitos”, informou Antenor.

O empresário do ramo imobiliário vem monitorando o mercado durante a pandemia. A O Imparcial, ele contou que, nos últimos sete meses, 60% dos compradores disseram ter passado a buscar a casa após o confinamento. “O aumento foi desproporcional. No ano passado, neste mesmo período, o crescimento foi de 30% em relação a 2018. Então, dobramos a conta”, disse Antenor.

Para o corretor, os negócios fechados foram favorecidos por dois movimentos. Um ligado à insegurança quanto à rentabilidade de investimentos (favorecendo a compra de imóvel como uma aplicação), e outro, às necessidades criadas pela pandemia, com o distanciamento social, como a paralisação de aulas e o fechamento de escritórios físicos.

“Quem morava em apartamentos de 100 metros quadrados entendia que morava bem, principalmente porque ficava pouco em casa. Com o confinamento, houve a necessidade de ir para uma casa com quintal, piscina. Muitos clientes após a quarentena estão vendo que o momento é ideal para aquisição do seu novo imóvel. Mesmo porque investir em imóvel é a forma mais segura, devido às incertezas com a economia”, destacou o proprietário de imobiliária, ao complementar que o valor médio de casas de alto padrão varia entre R$ 550 mil e R$ 760 mil, com metragem superior a 180m2.

Home Office

A quarentena levou parte das empresas a adotar o trabalho remoto. O IBGE estimou que 8,9 milhões de trabalhadores ainda estão em home office. Isso representa 13,4% do total de 84 milhões de ocupados no país. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 22% das ocupações no Brasil envolvem tarefas que podem ser feitas remotamente. Isso quer dizer que uma em cada cinco profissões permitem o trabalho feito em casa.

Opções de crédito favorecem compra de imóvel

Se de um lado a crise sanitária despertou novos hábitos e necessidades de moradia, como a preferência por imóveis maiores, de outro, os juros nos menores patamares da história criaram terreno favorável à concessão de crédito e à reabilitação desse tipo de negócio como opção viável de investimento.

No dia 5 de agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 2% ao ano. Com isso, o Brasil se consolida entre os países com maior taxa de juros real negativa, e os imóveis voltaram a ser uma alternativa de investimento.

Economistas e consultores de finanças afirmavam que, nos últimos anos, o mercado imobiliário não era a melhor aplicação e muitos pregaram, inclusive, que, na ponta do lápis, valia à pena vender a casa própria e morar de aluguel para aplicar em renda fixa. Mas o cenário mudou e a tendência agora é de crescimento do segmento. Em momentos de crise, quando outros ativos mostram volatilidade, o preço dos imóveis é pouco afetado.

Além disso, os juros baixos incentivam aqueles que querem financiar a moradia, o que também favorece a retomada do mercado imobiliário. A caderneta de poupança, por exemplo, rende a TR (Taxa Referencial), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 2% ao ano.

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