HOMENAGEM

Show em São Luís comemora os 60 anos da Bossa Nova

Os músicos Jô Santos e Talita Guimarães sobem no palco para relembrar clássicos de um dos movimentos artísticos mais importantes da história brasileira; entrada é gratuita

Toquinho, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, três dos mais importantes nomes da Bossa Nova, em foto sem data (Foto: Arquivo)

Um show em homenagem aos 60 anos do surgimento da Bossa Nova acontece nesta sexta-feira (28), em São Luís do Maranhão, às 19h, na AMEI (Associação Maranhense de Escritores Independentes), no São Luís Shopping. Os músicos Jô Santos e Talita Guimarães sobem no palco para relembrar clássicos de um dos movimentos artísticos mais importantes da história brasileira. A entrada é gratuita.

O gênero musical apareceu pela primeira vez no disco Canção do Amor Demais, gravado em abril e lançado em maio de 1958. Na obra, a cantora Elizeth Cardoso interpreta composições da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Duas faixas específicas do disco são emblemáticas para a história da bossa nova: Outra Vez, composição de Jobim que já havia sido gravada em 1954, e Chega de Saudade, parceria do maestro com o poeta Vinícius de Moraes, escrita em 1956, mas que, até então, permanecia inédita. “É clássico e definitivo momento de parto [da bossa nova]”, considera o crítico e historiador Ricardo Cravo Albin.

O acompanhamento ao violão feito pelo baiano João Gilberto nas canções trazia, pela primeira vez, a batida do violão que se tornaria característica do estilo. Gilberto inova na forma de cadenciar o ritmo, acentuando os tempos fracos, de forma a realizar uma síntese da batida do samba ao violão.

Em entrevista à EBC, o professor de violão Alessandro Borges, do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB), explicou a mudança na batida do samba realizada por João Gilberto, que carateriza a bossa nova.

Em julho de 1958, meses depois de Canção do Amor Demais chegar às lojas, João Gilberto concluiu a gravação de seu próprio disco 78 rotações, contendo de um lado a canção Chega de Saudade, e de outro, Bim Bom, composição própria. Nesse trabalho autoral, em que definitivamente foi consolidado o que seria chamado de bossa nova, aparece outra faceta de João Gilberto: a forma de cantar o samba.

Para Walter Garcia, organizador do livro João Gilberto (Cosac Naify, 2011), dizer que o músico de Juazeiro canta “baixinho”, ou que seu canto se aproxima do modo de falar, é contemplar apenas uma parte desse processo.

“Existe também uma percussividade na forma de cantar de João Gilberto. Alguns pesquisadores apontam que seu canto se aproxima da sonoridade de um instrumento de cordas e da articulação de um saxofone’’, afirma.

Pesquisador da obra de João Gilberto, Garcia sintetizou a complexidade do trabalho do músico baiano como uma “contradição sem conflitos”: “O difícil do João Gilberto é que a obra dele está sempre equilibrando contrastes e antagonismos, embora na aparência seja uma obra que não tem contradição nenhuma. Ela é toda atravessada de contradições, mas elas são apresentadas como se não houvesse o conflito”, disse, também em entrevista à EBC.

Repertório

Jô Santos, o cantor ludovicense que se apresenta nesta sexta-feira em São Luís, também é compositor dedicou mais de 40 anos ao estudo da Bossa Nova. No repertório, ele promete trazer canções nomes como Roberto Menescal, Baden Powel, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra, além dos mestres Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros.

“A sessentona senhora que encantou a todos com canções e poesias será lembrada não com saudosismo, mas com esperança para os novos compositores terem nestes mestres a fonte de inspiração” afirma o maranhense.

“A bossa não foi só um movimento musical que trilhou outros rumos sonoros foi antes de mais na da um movimento comportamental que influenciou a moda, o cinema, o jeito de dançar, paquerar e até questionar velhos padrões que já não respondiam a um mundo fascinado pela sensibilidade proposta pela nova métrica urbana”, completa Jô Santos.

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