Uma espécie de ciclo da vida, ou melhor, da morte é a trama do curta-metragem Foi-se, primeiro filme do designer e ilustrador maranhense Adriano Pinheiro. Cheio de cores e simbolismos, a produção recém-finalizada está entre as cinco produções brasileiras selecionadas para o New York City Independent Film Festival, que acontece em maio deste ano ‘na cidade que nunca dorme’, nos Estados Unidos.

Com produção totalmente independente, Foi-se é fruto de um processo quase artesanal do cineasta de primeira viagem. Personagens e ilustrações do curta foram criados à mão por Pinheiro, que também animou, dirigiu e roteirizou o filme.

A criação de Foi-se iniciou em 2016, após o maranhense ter se encantado por curtas-metragens de terror. “O filme que eu fiz também tem muito a ver com minhas referências. Desde pré-adolescente, eu sempre frequentei sites com animações independentes, como o New Grounds. Cresci vendo muita coisa feita por um cara só numa salinha que ele produziu e colocou na internet. Apesar de gostar de grandes produções, como Pixar e similares, eu realmente admiro esse trabalho autoral em que você sente a mão do autor”, contou o designer.

Na produção, a morte é a personagem principal. A aparente morbidez logo dá lugar à desdobramentos dramáticos. Símbolos e metáforas visuais estão presentes na história, como um jogo de cores que trazem o clima da trama. Quando a morte está em um fundo preto, ela se confunde com o cenário, adaptando-se, e quando ela está em fundo branco, o contraste a expõe, a revela. Esta é apenas uma das sutilezas do enredo, que trouxe também a trilha sonora original de Matheus Pinheiro e Memel Nogueira. Os profissionais tiveram que usar da criatividade na construção da trilha, utilizando até fécula de mandioca e elementos similares para a produção de sons.

Como um bom curioso do tema vida após a morte, o primeiro trabalho de Pinheiro também foi uma animação de suspense chamada Vida e Morte, mas esta não chegou a ser finalizada.