CIRCUITO BEIRA MAR

Elza Soares comanda bloco Bota pra Moer nesta segunda

O Bloco Criolina se apresentará no circuito Beira-Mar, na programação que abre a segunda-feira de carnaval e conta com a dupla maranhense Alê Muniz e Luciana Sinões como puxadora da alegria

Reprodução

O bloco Bota pra Moer integra a programação oficial do carnaval maranhense que fará o circuito pela Avenida Beira-Mar, centro da capital, hoje, segunda-feira de carnaval, entre 16h e 23h. Para este ano, a dupla resgata um personagem da cidade, dos anos 1950 e 1960 – mistura de louco e revolucionário que fez história no imaginário popular – para ocupar o carnaval da cidade com o estandarte da alegria. A ideia é levar pra rua a mensagem de que é preciso estar atento e forte, que a alegria é revolucionária. “Escolhemos o nome dele para o bloco pela sonoridade e para registrar esse momento atual do país, em que tudo parece de cabeça para baixo, como o jornal que o Bota pra Moer lia. Esse personagem nos inspira a resistir e a ocupar a rua sem temer”, afirma Luciana Simões.

Alê Muniz e Luciana Simões escreveram em parceria com o poeta Celso Borges o frevo Bota pra Moer, que traduz o espírito do que querem levar para as ruas. “Daqui pra frente a gente vai, vai, vai bota pra moer / Na rua na praça e no palácio/Alegria do louco e do palhaço/ Esse o nosso jeito de ser/De fazer de acontecer/E acender o carnaval /Na arquibancada e na geral”, diz um trecho da letra. “Vamos fazer uma espécie de carnaval psicotropical, misturar alegria e um pouco de loucura, trazendo músicas nossas e do repertório da Elza Soares. E ainda Caetano Veloso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Antônio Vieira e clássicos do carnaval maranhense. Mas também vai ter rock e psicodelia dos anos de 1970”, diz Alê Muniz.

A ligação da dupla Criolina com a folia vem de outros carnavais, sempre em projetos coletivos. Atuaram em parceria com o músico Mano Borges, realizaram Baile de Máscaras e emplacaram diversas marchinhas em concursos realizados em nível local e nacional. Eles também produziram o disco da Banda Bandida, fenômeno independente do carnaval de rua de São Luís.

A proposta visual tem inspiração em Mad Max e David Bowie em uma estética psicotropicalista. Em homenagem a Elza Soares, cujo álbum mais recente se chama A Mulher do Fim do Mundo, Alê Muniz vai encarnar o Guerreiro do Fim do Mundo enquanto Luciana Simões se veste de Gladiadora do Centro da Terra.

Sobre Bota pra Moer

O melhor perfil desse personagem foi feito pelo compositor Lopes Bogéa no livro Pedras da Rua, lançado em 1988. Segundo Bogéa, Bota pra Moer era Antônio Lima, pernambucano de Caruaru, entroncado, de cor clara, cabeça à la Rui Barbosa. Devido a sua impressionante inteligência, logo que chegou a São Luís recebeu o apelido. Sempre que conhecia alguém perguntava o dia, mês, ano e hora que tinha nascido e em menos de um minuto fazia um cálculo mental e dizia quantos anos, meses, dias e horas aquela pessoa tinha vivido até aquele instante.

Outra faceta impressionante dele era ler com a maior naturalidade um jornal de cabeça para baixo. Bota pra Moer usava sempre roupas de segunda mão que ganhava e quase sempre almoçava e jantava na casa do farmacêutico Garrido, proprietário da Farmácia Garrido, na Rua Grande. Os bolsos de suas calças viviam cheios de pão, que ele comia constantemente. Ali guardava também papéis e tocos de lápis para fazer seus cálculos.

Uma de suas histórias mais engraçadas aconteceu na célebre greve de 1951, que paralisou a cidade quando o povo se revoltou contra a posse do governador Eugênio Barros. Os grevistas entregaram a Bota pra Moer a bandeira nacional e o colocaram à frente da marcha rumo ao Palácio dos Leões. Ao chegar à Praça Pedro II, ele viu um grupo de policiais em frente ao Palácio e imediatamente entregou a bandeira, afirmando: “Até aqui eu vim, mas daqui pra frente arranjem outro que seja mais doido do que eu…”

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