CARNAVAL

O luxo e o esplendor que vêm da Índia

Para conquistar o título de campeão do grupo A dos Blocos Tradicionais do Carnaval Maranhense, o Bloco Os Feras aposta suas fichas na misteriosa e fantástica terra de cultura milenar, dos bhramanes e marajás: A Índia

carnaval passarela do samba sao luis

Carnaval na Passarela do Samba, em São Luís. Foto: Reprodução

Os blocos tradicionais de São Luís já definiram seus temas para o carnaval de 2018. Em busca do título, o Bloco Os Feras, que faz parte do Grupo A, levará para a Passarela do Samba do Anel Viário o enredo: Soberano Sultão de Bengala, que exalta o luxo e o esplendor da cultura indiana. O bloco conquistou segundo lugar no ano passado, em que alcançou 147 pontos dos jurados com o tema: O arlequim no baile do Poseidon, recebendo como prêmio a quantia de R$ 10 mil (dez mil reais).

Este ano, a ideia do bloco carnavalesco é tentar instigar autoridades e a sociedade em geral para a preservação das tradições populares maranhenses e, em especial, a cultura indiana. A inspiração também deve servir de gancho para o alerta que Os Feras quer fazer com relação aos carnavais luxuosos e deslumbrantes que não acontecem como antigamente e hoje estão somente na saudade.

Para isso, o bloco preparou nesta semana uma agenda carnavalesca especial que começa, a partir de hoje, às 20h, com o ensaio da sua bateria nota “10”, no Ceprama, no bairro da Madre Deus. No sábado (6), às 13h, acontece a confraternização do grupo em sua sede, localizada na Rua São Pantaleão, nº 727 – Centro.

Segundo Paulo Salaia, presidente do Bloco Os Feras, a primeira saída em 2018 da agremiação está marcada para o domingo (7), às 18h, da residência de Eduardo Santana, no Canto da Fabril. De lá, o grupo segue para a Rua de São Pantaleão, próximo aos Correios, e segue em cortejo pelas ruas da Madre Deus, Beco do Gavião até a sede da Turma do Quinto, onde fará apresentação no Projeto Batuques Maranhenses, idealizado pela Maquina de Descascar’alho, sob a coordenação do músico Boscotô. Paulo Salaia acrescentou ainda que Os Feras está lançando a sua coletânea em um disco que contém 18 músicas que marcaram a trajetória do bloco, incluindo o samba de 2018.

Os feras no carnaval de 2017. Foto: Reprodução

Segundo Paulo Salaia, fazer carnaval em São Luís, hoje, é uma tarefa difícil e delicada, dado o momento histórico que vive a folia momesca. Ele afirma que os carnavais empolgantes, apoiados e incentivados pelos governos municipal e estadual, ficaram gravados com saudade, muito embora esses fatos sejam de memoria recente. “O Bloco Tradicional Os Feras, desde a sua fundação em 1996, teve como objetivo fazer um carnaval de qualidade que servisse de orgulho para a cultura popular e, em especial, para a cultura do Bloco Tradicional, sabendo que, no mundo inteiro, é só em São Luís do Maranhão que pode ser admirada e portanto é aqui que deve ser cultivada e preservada. Fiel à tradição do carnaval, Os Feras a cada ano embarca no sonho, na fantasia e na magia, para encarnar uma personagem, um tema diferente e, para o carnaval de 2018, ainda o faz com mais cuidado e com especial esmero, considerando o atual momento de franca decadência e quase extinção do nosso carnaval”, disse Paulo Salaia.

No carnaval de 2017, Os Feras desfilou na Passarela do Samba com o tema O arlequim no baile do Poseidon. Na época, a fantasia foi assinada pelo carnavalesco Marcos Pereira. Para o carnaval 2018, Os Feras apresentará o tema O soberano sultão de Bengala, do carnavalesco Guilherme Mendes, samba dos compositores Godinho, Renato Dionisio e Zé Lopes, com interpretação de Silvio Freitas e Geovane Frazão. O bloco vai desfilar com 120 (cento e vinte) componentes, entre adultos e crianças, no comando dos mestres Paulo Salaia, Lúcio, Jeferson e André.

De acordo com o carnavalesco de Os Feras, Guilherme Mendes Ferreira, para realizar a concepção do tema O soberano sultão de Bengala, ele teve que fazer uma pesquisa histórica. O carnavalesco explica que “Sultanato” é um termo usado para se referir a cinco dinastias de curta duração, baseadas em reinos da região de Deli, atualmente a capital da Índia, compostas principalmente por povos turcos e pashtuns e que teve origem na Índia medieval. Os sultanatos governaram a Índia a partir de Deli entre 1206 e 1526, quando a última dinastia foi derrotada pelo Império Mongol.

Tumba do imperador mongol Humayun, Nova Deli. Foto: Reprodução

Guilherme Mendes Ferreira explicou a O Imparcial que o primeiro sultão de Deli foi um ex-escravo mameluco de um sultão gúrida, que conseguiu conquistar a maior parte central da Índia, nas planícies do Ganges, do Sinde e o Vale do Juma até o Golfo de Bengala, que é o maior golfo do mundo. O carnavalesco ressaltou ainda que estes sultanatos surgiram na sequência do estabelecimento e alastramento do islamismo na Índia a partir do século VIII. As dissensões internas provocaram a criação de estados regionais que governavam autonomamente seus novos sultanatos, e um dele foi o Sultanato de Bengala, que serviu de inspiração para o Soberano Sultão de Bengala, que estará presente e reinando soberano no reino de Momo. “Viajaremos na fantasia e no tapete mágico da imaginação, indo até a mística Índia, misteriosa e fantástica, terra de cultura milenar, de bhramanes, de Marajás, e de castas, de espiritualidade e de costumes seculares; de miséria abjeta e riqueza e opulência extravagantes, para se inspirar num Soberano Sultão, Marajá do delta do Ganges, Rio sagrado da Índia, que deságua no portentoso Golfo de Bengala, berço do tigre de Bengala, símbolo da Índia, brasão do sultanato de Bengala e também do Bloco Tradicional Os Feras. A exemplo da milenar cultura indiana, preservada com orgulho, nosso bloco, tendo como símbolo o tigre de Bengala, promete mostrar garras e dentes em defesa de nossa cultura, com a imponência, majestade e riqueza de um sultão: O Soberano Sultão de Bengala.

Krishna Janmashtami, festival anual indu. Foto: Reprodução
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