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Ilha do medo: As lendas e os mistérios do Centro Histórico

Conheça melhor os mitos que fazem parte da história da única cidade fundada por franceses do Brasil

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Conhecer uma cidade não se resume somente a visitar seus pontos turísticos, saborear pratos típicos, tirar fotos e levar um souvenir para a casa. Descobrir sua história, suas manifestações culturais, lendas e mitos têm, cada vez mais, despertado o interesse e curiosidade dos turistas que passam por São Luís do Maranhão. Um dos maiores destaques da capital maranhense é justamente a riqueza cultural através de seus mitos e lendas que dão caminho para um conhecimento profundo sobre a cidade.

Desde a infância, os maranhenses têm em seu imaginário histórias envolvendo a lenda da serpente encantada de São Luís ou a carruagem fantasma de Ana Jansen percorrendo as ruas da cidade. São Luís, chamada também de ‘Ilha do amor’, e que completa 405 anos, carrega através do tempo várias histórias que foram contadas e passadas de geração em geração. Algumas foram aumentadas e hoje muita gente não sabe dizer se realmente aconteceram. Verdadeiras ou não, as lendas fazem parte da história e você confere alguns dos mitos mais populares da cidade.

Serpente da Ilha

Lendária, supersticiosa e misteriosa. Uma das histórias mais famosas é a da serpente da ilha que não para de crescer. De acordo com a lenda, quando sua cabeça encontrar a calda ela irá abraçar toda a cidade com tanta força que a levará para as profundezas do oceano.

A história envolve também outro mistério: os túneis e galerias subterrâneas que ligam algumas igrejas da cidade. Os pontos dão acesso ao mar e desperta ainda mais o imaginário ludovicense, pois existem muitas explicações para essas construções e diversos noctívagos da capital maranhense dizem que a serpente transita por esses túneis. Ela vive nas galerias desde o início do século XV, e ela nasceu nas imediações do Forte de São Luís. A cauda do animal estaria na igreja de São Pantaleão, a barriga na igreja do Carmo e a cabeça na secular Fonte do Ribeirão. Os que já passaram por seus túneis dizem que é possível até ver, através da grade de uma das entradas da fonte, a cabeça do monstro, com seus terríveis olhos vermelhos, com boca aberta e uma língua muito comprida e vermelha saindo do meio dos dentes, como descreve Josué Montello em seu romance “Os degraus do paraíso”.

Lenda da Praia de Olho d’Agua

Conta a lenda que, inicialmente, houve ali uma aldeia indígena cujo chefe era Itaporama. Sua filha apaixonou-se por um jovem da tribo, mas este, por ser muito bonito, provocou paixão de ‘Mãe d’água’ que, através de seus poderes, conquistou-o e levou-o para seu palácio encantado nas profundezas do mar. Perdendo para sempre seu grande amor, a filha de Itaporama caiu em grande desolação, deixando de se alimentar e indo para a beira do mar chorando até morrer. De suas lágrimas surgiram duas nascentes que até hoje correm para o mar e que deram origem à denominação da praia.

Lenda do milagre de Guaxenduba

De acordo com o mito, no principal combate travado entre portugueses e franceses, no dia 19 de novembro de 1614, no forte de Santa Maria de Guaxenduba, quando os portugueses estavam por ser derrotados por sua inferioridade de homens, armas e munições, surgiu entre eles uma formosa mulher envolta em auréola resplandecente. Ao contato de suas mãos milagrosas, a areia era transformada em pólvora e os seixos em projéteis, fazendo com que os portugueses se revigorassem moralmente e derrotassem os franceses. Em memória deste feito, foi a virgem considerada a padroeira da cidade, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória.

Lenda da carruagem de Ana Jansen

Lenda da carruagem de Ana Jansen

Ana Jansen era poderosa e discutida matrona maranhense de marcante presença na vida econômica, social e política de São Luís no século XIX, ela ficou conhecida na cidade pela desumanidade e maus tratos que, segundo rumores, aplicava a seus escravos. Conta a lenda que os notívagos da cidade, ao pressentirem a aproximação de uma horrenda carruagem penada, fugiam aterrorizados, à procura de um abrigo seguro. Se assim não fizessem, estariam sujeitos a receber a alma penada de Ana Jansen, uma vela acesa que amanheceria transformada em osso de defunto. Dizem, ainda, que o coche era puxado por cavalos decapitados, conduzidos por um escravo, também, decapitado e com o corpo sangrando. Por onde passava, horripilantes sons eram ouvidos, que pareciam resultantes da combinação de atrito de velhas e gastas ferragens com o coro de lamentações dos escravos.

Lenda do Palácio das Lágrimas

Na rua 13 de maio, em frente a Igreja São João e no canto com a Rua da Paz havia um casarão de três pavimentos. Sobre o imóvel foram inventadas várias lendas, das quais se destaca a seguinte: dois irmãos portugueses vieram ao Maranhão para buscar riqueza. Um deles conseguiu enquanto o outro jamais saiu da pobreza. Cheio de inveja, o irmão pobre resolveu assassinar o outro a fim de herdar a grande fortuna, já que o irmão rico vivia amasiado com uma escrava e não tinha filhos legítimos, já que seus filhos eram fruto de uma união ilegal.

Após o assassinato e de posse dos bens herdados, passou a tratar os escravos, inclusive a ex-mulher do irmão e seus filhos, com extrema crueldade. Certo dia, quando um de seus sobrinhos descobriu que fora ele o assassino de seu próprio irmão, matou-o, após arremessá-lo de uma das janelas do sobrado. Descoberto o crime, e, por ser escravo, seu autor foi condenado a morte na forca levantada em frente ao sobrado. No momento do enforcamento, o condenado amaldiçoou o sobrado com essas palavras “Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante serás conhecido como palácio das lágrimas”. E assim o sobrado passou a ser chamado.

Lenda da Manguda

Lenda da Manguda

Nos últimos anos do século passado, mais um personagem lendário foi incorporado às noites de São Luís, trazendo pavor e sobressalto às crianças e a considerável parte da população. Deu origem à lenda uma farsa idealizada e mandada executar por comerciantes envolvidos no contra bando de mercadorias – principalmente tecidos europeus – introduzidas na praça local sem o pagamento dos tributos devidos.

Os detetives da Mistérios S/A, do desenho animado Scooby Doo, talvez fosse gostar de ouvir essa história. Quem ver a praça Gonçalves Dias movimentada, nem imagina que no século 19, ao cair da noite, passar por ela era aterrorizante, segundo a história uma figura com o nome de Manguda aparecia todas as noites, com um vestido branco e a cabeça brilhante, mas ao contrario do que todos pensavam a manguda não passava de uma invenção de contrabandistas de mercadorias, para assustar os curiosos, e cometer o crime de contrabando, a farsa foi descoberta depois, mas a lenda continuou.

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